sexta-feira, abril 29, 2011

EXTRA! EXTRA


SUPER-HOMEM RENUNCIA À CIDADANIA NORTE-AMERICANA


Cansado de ver suas boas-ações serem interpretadas como parte da estratégia política dos Estados Unidos, Ka-el (Filho das Estrelas - o mais famoso refugiado político do extinto planeta Krypton), ou Clark Kent (nome com o qual foi registrado pela família terráquea que o adotou quando ele chegou ao planeta), decidiu renunciar à cidadania norte-americana. 

Segundo a edição nº 900 da revista Action Comics, a intenção de Ka-el era anunciar sua decisão diretamente a Organização das Nações Unidas (ONU). Só que jornais de todo o mundo, como o El País e O Globo já trataram de divulgá-la. Nos Estados Unidos, a notícia motivou reações instântaneas de grupos nacionalistas. 

De acordo com a história publicada pela Action Comics, críticas a sua presença no Irã durante protestos populares contra o presidente Mahmud Ahmadinejad teriam levado Ka-el a concluir que as noções de "verdade e justiça" estadounidense, bem como outros valores norte-americanos, não lhe são suficientes e que o melhor seria atuar de forma mais, digamos, global.

O Homem de Aço ainda não anunciou se também deixará os Estados Unidos, mas fontes do governo Venezuelano asseguram que Hugo Chávez já teria lhe oferecido casa e comida para se integrar à "revolução bolivariana". Outra hipótese é de que Ka-el venha para o Brasil, onde reforçaria o ataque do Atlético Mineiro.

Galeria paulista expõe dia-a-dia caiçara



Para conhecer mais manifestações artísticas inspiradas pelo mar e pelos esportes aquáticos acesse o site da galeria Alma do Mar (http://www.almadomar.com.br/web)

quinta-feira, abril 28, 2011

Tirando o Atraso

Enterrado Vivo (2010) - dir. Rodrigo Cortés - Com: Ryan Reynolds (Lanterna Verde)

Anterior, mais claustrofóbico, inteligente e, para muitos, melhor que 127 Horas. Para mim, o subtexto político, ou seja, a crítica à presença norte-americana no Iraque, além da ótima atuação de Reynolds, fizeram deste filme que passou em branco pelos cinemas brasileiros uma grande surpresa. Acompanhar os 90 minutos de agonia do motorista preso a um caixão apenas com um canivete, um isqueiro e um celular não é para qualquer um, o que ajuda a entender a quantidade de críticas à obra de estreia do espanhol Cortés.


 
O Solteirão (2010) - dir. Brian Koppelman - Com: Michael Douglas, Susan Sarandon, Danny DeVito, Mary-Louise Parker e o indicado ao Oscar por A Rede Social, Jesse Eisenberg
 
Não é uma comédia. Também não é `Wall Street - o filme´, embora o bem-sucedido Ben Kalmen lembre o inescrupuloso operador Gordon Gekko interpretado, em 1987, pelo mesmo Douglas. É um filme...estranho, ao estilo de O Homem Sério, dos irmãos Cohen, para citar um exemplo. Ou seja, um filme em que o diretor parece não querer que você se identifique com a mesquinha personagem central, digna de pena por sua enorme capacidade de trocar os pés pelas mãos, ao mesmo tempo em que consegue não te fazer odiar alguém tão humanamente equivocado. Para mim, um ótimo filme sobre a lentra decadência de um homem que, a caminho do fim, decide lutar contra a passagem do tempo vivendo novas experiências, ainda que isso lhe custe tudo que tem de mais valiosos, como a própria família.    
 

VACA

 
Derrubado por uma bomba em Jaws, Hawaii, o carioca Tiago Candelot é um dos finalistas do concurso Billabong XXL Global Big Wave Awards 2011, na categoria Verizon Wipeout, que premia em US$ 2 mil o surfista que levou a pior vaca da temporada.Morador da ilha de Maui há mais de cinco anos, Candelot hoje tem sua própria empresa de landscaping e é chefe de cozinha de um dos restaurantes mais apreciados do North Shore havaino. Na foto abaixo, Candelot é o pequeno ponto negro no canto superior direito, sendo tragado pela espuma da bomba d´água. No final, a filmagem de uma das piores vacas do ano. No vídeo, reparem que o surfista cai próximo a base da onda para, logo em seguida, ser visto suspenso junto ao lip (espuma) da onda, momento mostrado na foto.



Você está sendo apontado como favorito a levar o título da maior vaca do ano no Billabong XXL, em uma onda enorme em Jaws! Em que modalidade estava surfando nesse dia? Paddle ou tow-surf? O que acha da sua participação no prêmio?

Nesse dia, eu estava fazendo tow-In. Sobre a participação no Billabong, eu estou amarradão! Ainda mais de estar presente em um evento no qual concorrem surfistas que eu sempre admirei como Shane Dorian, Mark Healey, Mark Matthews e Danilo Couto. No início não sabia se ficava triste ou feliz. Tinha mandado umas outras fotos para concorrer na categoria de maior onda, mas não foram aceitas. Uma vaca significa um fracasso, fiquei um pouco receoso de concorrer nesta categoria. Mas, no big surf, para pegarmos a maior da série estamos expostos à maior vaca também. Então, encarei como um reconhecimento pelo trabalho que tenho feito. No início da temporada, uma das minhas metas era não perder nenhum swell em Pe'ahi (Jaws). Além do mais, US$ 2 mil caíriam muito bem na minha conta bancária.

(fonte: http://waves.terra.com.br/surf/noticia/nas-profundezas-de-jaws/46670)


quarta-feira, abril 27, 2011

Sobre blogs

Talvez eu seja um idiota, não discordo, mas vivemos uma época de liberdade de pensamento e expressão onde até os idiotas tem vez”

Rs,rs,rs,rs

Em prol da democratização dos meios de comunicação, faço minhas as palavras do professor Guto Capucho, de Cachoeira Paulista.

Sua declaração foi publicadas em um post a respeito do episódio de homofobia protagonizado pela torcida da equipe mineira Sada Cruzeiro contra Michael, jogador do Vôley Futuro (SP) e que acabou virando um desabafo “integralista” (segundo um leitor crítico do Blog do Capucho) contra Minas Gerais, estado que, segundo o autor, sempre ferrou com São Paulo.

Discordo de muito do que Capucho escreve, mas admiro seu blog. Seja porque ele não dá muita bola para o politicamente correto, seja porque ele tem um ótimo gosto musical. 

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Um outro blog em que também vale a pena gastar algum tempo é o da urbanista e professora da Universidade de São Paulo (USP), Raquel Rolnik. 

Ex-secretária do Ministério das Cidades do governo Lula e atual relatora especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Direito à Moradia Adequada, Raquel comenta temas caros às grandes cidades como urbanização, transportes, política habitacional, etc 

Ontem (26), por exemplo, ela divulgou a íntegra do relatório em que apresenta a ONU indícios de violações ao direito popular à moradia adequada cometidos em função da preparação brasileira para a Copa de 2014 e para os Jogos Olímpicos de 2016. 
As denúncias referem-se a diferentes cidades, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Recife, Natal e Fortaleza, nas quais, para Raquel, parece haver um padrão de falta de transparência, consulta, diálogo, negociação justa e participação das comunidades atingidas em processos relativos a remoções já realizadas ou planejada e que podem gerar a formação de novas favelas e o surgimento de mais famílias sem teto. 
 
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Para não dizerem que não falei de flores, volto a recomendar a leitura do blog quintal de casa, terreno coletivo onde as 11 "jardineiras" que o cultivam registram poemas, crônicas, imagens, sonhos, devaneios, em geral de ótima qualidade. 

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Por fim, para os amigos que curtem esportes radicais, street art e contracultura, vale acessar o blog do skatista e fotógrafo Otávio Neto, cujas imagens fazem a síntese entre arte e esportes.

Alunos da UnB não têm para onde ir durante reforma de apartamentos estudantis | Radioagencia

 
A notícia a respeito dos estudantes quase-sem-teto da UNB, inaugura a nova ferramenta multimídia deste espaço semifosco. Clique sobre o link para ouví-la

 
Quarenta estudantes da UNB dizem que os R$510 mensais que a universidade vem pagando a título de auxílio-moradia é insuficiente para que eles aluguem um imóvel. O grupo teme ser despejado após o fim do prazo para desocupação da Casa do Estudante Universitário (CEU), nesta quarta-feira (Radioagencia)

sábado, abril 23, 2011

Estudos Sobre A Violência

Imagino que contar com uma boa universidade pública capaz de atrair alguns dos jovens mais interessados e capacitados do país traga inúmeras vantagens para uma cidade. Entre elas a de alimentar o espírito crítico, contestador e empreendedor de uma parcela da população que, por menor e mais homogênea que seja, acaba por realizar coisas que geram benefícios para muitas outras pessoas.

Quando penso em Campinas, São José dos Campos, São Carlos, Florianópolis ou Londrina, só para citar alguns exemplos, eu automaticamente penso na Unicamp, no ITA, na Ufscar, na Ufsc e na UEL. Em seguida, lembro dos alunos de toda a Baixada Santista que estudavam em um cursinho pré-vestibular em que trabalhei. Na época, não havia um único curso público de graduação em toda a região metropolitana. Quase a totalidade daqueles jovens se preparavam para prestar vestibular para instituições federais e estaduais de outras regiões e, se aprovados, deixar suas cidades em busca de melhores oportunidades.

E porque estou escrevendo sobre isso? Porque ontem eu vi uma peça de teatro muito boa. "E...?", deve estar se questionando o único dos meus três leitores habituais que, por amizade, superou a aridez dos dois primeiros parágrafos. "E...", respondo, ... que a peça foi concebida, escrita, dirigida e produzida por um grupo de ex-alunos da Universidade de Brasília, a UNB que, juntos, formaram a Companhia de Teatro Setor de Áreas Isoladas. Entendeu? A peça é boa. Pode até ser que a universidade tenha pouco que ver com o resultado do trabalho, mas, no mínimo, cumpriu a função de reunir os talentos dos jovens atores, cenógrafos, diretores, iluminadores e demais artistas. O que me faz lembrar do Grupo XIX de Teatro, de São Paulo, um dos mais importantes da atualidade e que também surgiu em situação semelhante, nas salas de aula da USP. Surgida na capital paulista, tinha entre seus criadores três santistas que haviam deixado o litoral em busca do sonho de estudar e viver teatro.

Não sei se a ironia do nome do grupo brasiliense faz sentido para quem não está habituado à segmentação urbanística da capital federal, onde  até os motéis tem um setor próprio. De qualquer forma, o nome indica o que a dramaturgia da peça `Vialenta´ comprova: seus integrantes tem um humor sutil e inteligente.  A peça, de 2009, é a primeira parte do que o grupo promete ser uma trilogia sobre a violência, com assumida influência dos filmes de detetives tipo B feitos em Hollywood, de Quetin Tarantino e de histórias de detetives como as escritas por Elmore Leonard. Encenada em dois atos, o primeiro recupera competentemente este clima noir. No segundo ato o grupo faz a plateia rir muito, ainda que o tema continue sendo a violência e o ímpeto de agredir e matar que pode tomar conta de qualquer pessoa. Os quatro atores em cena são muito bons, mas Rodrigo Fischer cai nas graças do público.

Pena este ser o último final de semana da peça no Espaço Cena (CLN 205), um teatro que por sí só mereceria um post e que também me motivou a escrever os dois primeiros parágrafos deste. Afinal, se há gente produzindo coisas de qualidade, há público para espetáculos em que mais é menos e que o principal é a atuação e o texto e não a cenografia (ou, pior, a publicidade e a presença de uma celebridade). E aí não dá para ficar contando com os grandes teatros municipais (no caso, o Teatro Nacional), geralmente ocupados por porcarias caça-níquel.  Esta é a terceira peça que assisto no Espaço Cena e, felizmente, todas foram muito boas.

Se você chegou até aqui e está em Brasília, faça como uma das quase 50 pessoas que lotaram o pequeno teatro ontem (22) e prestigie um bom grupo local.

E o Concreto Não Rachou

"Foi bonita a festa, pá, fiquei contente". Dois dias tão tipicamente claros e duas noites tão caracteristicamente estreladas para festejar os 51 anos de Brasília que pareciam explicitar o porque da gente acabar tomando gosto por este desvario brasileiro que é Brasília.

Fosse nos Estados Unidos e a aventura de construirmos em apenas cinco anos não apenas uma nova capital federal, mas também a única cidade moderna reconhecida como patrimônio da humanidade, já teria inspirado uma porção de filmes, com a história sendo contada a partir de todos os ângulos possíveis: do então presidente Juscelino Kubitscheck ao ponto de vista de um "candango", os primeiros trabalhadores que se mudaram para o Planalto Central e ajudaram a construir Brasília.  

Entre as inúmeras e já conhecidas atrações que se revezaram nos três (ou quatro?) palcos montados na Esplanada dos Ministérios para receber as atrações convidadas, destaque para as brasilienses Móveis Coloniais de Acaju (vídeo dois posts abaixo), Lucy and the Popsonic e, claro, Plebe Rude, uma das melhores bandas do rock brasileiro dos anos 80 e que está completando 30 anos de existência lançando, nas próximas semanas, um dvd ao vivo. Com o Congresso Nacional ao fundo, fãs da banda cantaram juntos vários dos hits da banda que marcaram a década de 80, como, por exemplo, 'Proteção' e `Até Quando Esperar´.


Já entre as muitas boas bandas ainda pouco conhecidas do restante do país, nota dez para o punk-hardcore debochado da Galinha Preta, cujo vocalista, Frango Kaos (rs,rs,rs,rs), é sempre um destaque.

Pretendia escrever mais sobre as comemorações e colocar um vídeo da apresentação, mas em consequência mesmo das várias festas que estão rolando desde o final de semana passado, preciso de um sono reparador. Estou dormindo sobre o teclado. E hoje ainda tem a banda francesa straight edge de hardcore Providence no BlackOut Bar (912 Sul) e festa no Balaio. Haja fôlego!

quinta-feira, abril 21, 2011

Capital Criativo: A Brasília Underground

fotos: Marcello Casal Jr. (Agência Brasil)


Como não estou conseguindo diagramar adequadamente as legendas nas fotos, colo-as abaixo:

(1) Imagine, como sugeriu o poeta brasiliense Nicolas Behr, uma Brasília “não capital”, “não poder”, com vista para o Congresso Nacional e outros cartões-postais pelos quais a cidade é conhecida. Imagine Brasília terno-e-gravata discutindo política com a Brasília de bermudão, camiseta, tatuagens e piercings espalhados pelo corpo. Uma cinquentenária alternativa, underground, tolerante, estigmatizada
(2) Eis o Setor de Diversões Sul, ou simplesmente Conic. Assim é conhecido o complexo arquitetônico de 15 edifícios, muitas lojas comercias e uma enorme área pública de circulação interna. Na cidade projetada para estimular o lazer e a convivência, o Conic acabou por se tornar um dos poucos lugares onde os vários grupos que caracterizam a diversidade local convivem naturalmente

(3)  “Muita gente acha que Brasília é uma cidade de funcionário público, aonde as pessoas vêm, trabalham durante a semana e voltam para suas cidades. Onde todos são engravatados ou marajás. E o Conic é a prova contrária”, afirma Fernanda Maia, vocalista da banda Lucy and the Popsonics, grupo de projeção na cena musical independente que já tocou em quase dez países. “Frequentamos o setor há muitos anos e um pouco desse ambiente se reflete em nossas letras”


(4) Desde sua conclusão, na década de 1970, o Conic atravessou diferentes fases. Previsto no projeto urbanístico de 1957 de Lúcio Costa para suprir as necessidades de lazer e cultura das pessoas que se mudavam para a recém-inaugurada capital, o Setor de Diversões Sul, assim como o Norte, abrigou as primeiras representações diplomáticas que se estabeleceram em Brasília, atraindo restaurantes e lojas caras e sofisticadas


(5) “Aqui havia bons restaurantes, botequins e boates. Houve uma época em que havia dez livrarias e cinco cinemas funcionando”, lembra o carioca Ivan Presença, do Quiosque Cultural, ponto de encontro de intelectuais, escritores e leitores. Há 30 anos no Conic, ele se orgulha de conviver com diversas pessoas, de desempregados a personalidades como os músicos Renato Russo e Cássia Eller e os escritores Ignácio de Loyola Brandão, Thiago de Mello e Cassiano Nunes


(6) Com a mudança das embaixadas, o setor passou por sua primeira transformação. Localizado na região central de Brasília, entre a Rodoviária do Plano Piloto e o Setor Comercial Sul, a partir da década de 1980, o Conic ganhou a feição de um centro comercial popular ao mesmo tempo em que se estabeleceu como sede de sindicatos, escritórios políticos e de organizações não governamentais


(7) A presença de tantos sindicatos fez com que por muito tempo a atual Praça Ary Para-Raios, onde trabalhadores, estudantes e alguns turistas se reúnem ficasse conhecida como Praça Vermelha. Verdadeiro “setor da sociedade civil”, como classifica Ivan Presença, o Conic passou a atrair um público cada vez mais diversificado, com a abertura de boates, cines pornôs e saunas


(8) Parte do estigma que o Conic carrega até hoje vem dessa época, quando o setor funcionava 24 horas por dia. “Antes aqui saía muita confusão, muita briga, mas hoje a coisa está 100% melhor”, afirmou o encarregado-geral do Edifício Boulevard desde 1974, o baiano Geraldo Moreira Pinho

(9) No Conic desde 1974, o advogado goiano Erasto Villa-Verde diz que muitos brasilienses consideram o Conic um ambiente “carregado e comprometedor da moralidade”, mas não crê que isso prejudique seus negócios. “Nunca senti o estigma e não acho que isso tenha afastado clientes. E apesar de hoje haver muitos lugares para abrir um escritório, aqui continua sendo um dos principais locais para o exercício da advocacia”


(10) O mineiro Renato Barcelos, o Vlad, recorda seu primeiro contato com o local, há cerca de 15 anos, quando ele ainda morava em Uberaba (MG). “Eu era garoto e lembro que me marcou ver o público do antigo Cine Ritz, um ponto de prostituição frequentado por viciados e malandros. Era um lance marginal junto com o lado cultural das livrarias e da Faculdade de Artes Dulcina de Moraes”


(11) Originalmente, o Edifício Boulevard, em que Geraldo Pinho trabalha, chamava-se Edifício Conic, nome da construtora responsável pela obra e que decidiu expor uma enorme placa de propaganda sobre o telhado. Como a placa podia ser vista a distância, os brasilienses se acostumaram a chamar assim a todo o Setor de Diversões Sul.


(12) De acordo com o jornalista maranhense Raimundo Campos Rocha, com a ocupação dos cinemas por igrejas e o fechamento das livrarias, o Conic foi deixando de ser uma referência cultural para a cidade. Em Brasília há 29 anos, há seis Rocha observa a rotina local do alto da cobertura onde montou sua agência de notícias. “Houve e há casos esporádicos de pequenos roubos, mas isso não é a regra. O normal é uma relativa tranquilidade”


(13) Um dos cinemas ocupados por igrejas evangélicas é o Cine Atlântida, ainda hoje citado por muitos brasilienses como um dos melhores que a cidade já teve. Com cerca de 1,2 mil lugares, sua transformação em um templo teve de ser aprovada pela Câmara Legislativa do Distrito Federal


(14) Segundo o secretário executivo da faculdade inaugurada pela atriz Dulcina de Moraes em 1982, Augusto Lacerda, milhares de pessoas já frequentaram um dos três cursos universitários, entre eles Françoise Forton e Murilo Rosa. Atualmente, a instituição tem cerca de 550 alunos e planos de encabeçar “um movimento que devolva o Conic à cidade”

(15) De acordo com Augusto Lacerda, além da mostras semestrais realizadas nos dois teatros da Faculdade Dulcina, que somam 500 lugares, um programa de residência artística vai selecionar quatro grupos teatrais brasilienses que poderão apresentar seus trabalhos. Um espaço já está sendo reformado para abrigar a futura galeria de arte contemporânea da cidade


(16) Prefeita do Conic, a arquiteta maranhense Flávia Portela sustenta que o local precisa de mais atenção do governo do Distrito Federal, principalmente em relação à limpeza e à definição do que fazer com as áreas abandonadas pertencentes ao próprio governo. “O poder público tem que intervir sem descaracterizar o local. Não adianta querer transformá-lo em um shopping”.

(17) Para Flávia, o Conic já conta com um movimento de empreendedores e artistas que compreendem “a linguagem da cultura contemporânea” e o interessante seria conseguir reabrir ao menos um dos antigos cinemas e oferecer mais opções gastronômicas. “Para mim, o pulo do gato vai ser a gastronomia. E, se o governo local repassasse à prefeitura a responsabilidade pelas áreas públicas, poderíamos explorá-las em parceria com a iniciativa privada”

(18) Uma das jovens empreendedoras do Conic é a a maranhense Adriana Pereira, dona de um dos vários salões afro do setor. “As pessoas me diziam que aqui era um lugar de prostituição e que eu não ficasse até tarde. Com a convivência, fui vendo que aqui há muita gente interessante, pessoas de todas as partes. Para mim, o Conic representa a felicidade. Aqui eu consegui abrir meu negócio e atingir meu público”


(19) Brasília - Já o piauiense Antonio de Souza Lira Neto decidiu transformar o gosto pelo skate em ganha-pão e abriu uma loja no Conic há 20 anos. Embora diga que o movimento já foi melhor, ele não pensa em deixar o setor. “O Conic é o coração da cena brasiliense de skate. Além do pessoal andar aqui perto, no Setor Bancário Sul, aqui é um ponto central, perto da rodoviária”


(20) “O dia a dia é arisco”, diz a vendedora Caroline de Oliveira antes de concordar com sua chefe, Denise Porto, dona de uma loja de roupas em estilo militar. Para ela, existem dois Conics: um que funciona em horário comercial e outro que surge a partir das 19h. “Durante o dia, o Conic é dos escritórios, das lojas transadas e dos artigos diferenciados. A noite surgem alguns craqueiros [usuários de crack], o clube de sauna abre e ainda falta segurança para os lojistas. Se eu quiser funcionar até as 22h, eu não tenho coragem”, diz a comerciante.

(21) A subgerente Maiara Medova também reclama da insegurança que, segundo ela, amedronta alguns fregueses da loja de instrumentos musicais. Apesar disso, ela diz gostar do local de trabalho, principalmente pela diversidade dos clientes. “São principalmente jovens roqueiros, mas aqui entra todo tipo de gente, de crente à freira”

(22) “Em que outro lugar você se encontraria com um vampiro em plena luz do dia?”, pergunta o ator Alvaro Neto. Aluno da Faculdade Dulcina de Artes, ele frequenta o Conic diariamente. E afirma que ali encontrou pessoas com interesses e referências em comum sobre o que chama “Teatro Gótico”. “O Conic é um lugar onde tudo acontece e que serve de inspiração para o meu trabalho”


(23) Outro que diz se inspirar na diversidade do Conic é o músico carioca Rildo Dias de Oliveira, o Bim da Paz. “Para mim, que estranho a convivência em Brasília, o Conic é como a Cinelândia ou o Largo da Carioca, um lugar onde pessoas de diferentes lugares e classes sociais se encontram”. O aposentado baiano Fernando Teixeira de Carvalho, em Brasília desde 1960, acrescenta: “Isso aqui já foi um antro de perversões, mas assim como vi Brasília atrair gente de todos os cantos do país, nos últimos tempos também vi as coisas melhorarem no Conic”


(24) - Há oito meses na capital, os amigos Isadora Gurgel Leite e Hugo Motta, de Porto Velho (RO), criticam a estrutura e a falta de limpeza do Conic, mas consideram o espaço “sensacional por ser um local alternativo”. Ele acha que um lugar que atrai tanta gente e que é tão bem localizado deveria receber mais atenção do governo


(25) “Quem vem de fora acha isso aqui um shopping esquisito”, brinca o maranhense Lima Neto, um dos donos de uma loja especializada em histórias em quadrinhos e cultura pop. Segundo ele, após um período de abandono, o Conic voltou a receber mais de atenção. “Mas ainda há muito o que melhorar”, diz, citando o dia da morte do cineasta Afonso Brazza, bombeiro que produziu uma séries de filmes de baixo orçamento considerados clássicos do trash movie, como um momento marcante. “Foi uma surpresa e um dos dias mais chocantes para o Conic porque o Afonso era um símbolo do underground cultural brasiliense e conhecia e pedia patrocínio para todo mundo daqui”


(26) “Gosto muito de quadrinhos e produtos ligados à década de 1980. Por isso, venho sempre ao Conic. Fora a facilidade de ficar perto da rodoviária, é um point da galera que curte o underground. Uma boa limpeza o deixaria melhor e, infelizmente, há muitos usuários de crack aqui por perto, mas, ainda assim, o Conic é legal por propiciar uma interação parecida com a do centro de outras cidades”, diz o repórter cinematográfico Cristiano Silva, goiano que mora em Brasília há sete anos.


(27) Formada em 2003 por alunos de uma escola pública de São Sebastião, da Universidade de Brasília e de um cursinho pré-vestibular particular, a companhia Teatro do Concreto ocupa uma sala no Conic há dois anos. “Usamos a sala para ensaios e debates, mas nossa ideia é começar a apresentar pequenas cenas aqui mesmo e quem sabe conseguir um espaço maior. O Conic é a diversidade do Distrito Federal”, diz o diretor do grupo, Francis Wilker


(28) O maranhense Antonio José dos Santos Neves passa em média 12 horas diárias no fliperama em que trabalha. Há 13 anos em Brasília, Neves diz que o lugar é frequentado principalmente por quem trabalha nos escritórios e lojas do Conic e do Setor Comercial Sul. “Eu acho aqui tranquilo, mas falta mais policiamento”


(29) “Vendemos de tudo relacionado ao grafite e à cultura de rua: telas, spray, canetas, roupas. E vamos agenciar artistas de todo o Distrito Federal. Quem quiser fazer uma pintura poderá contratá-los”, conta Miguel Oliveira Molina, um dos donos de uma loja de grafite inaugurada há uma semana. “A cada primeiro e segundo sábados do mês, acontece uma batalha de rimas improvisadas e de break. Há um mês, em vez de fazer um evento só de grafite, propus que fizéssemos um evento conjunto que atraiu mais de 500 pessoas durante o dia inteiro”

(30) Para a professora da UNB Sylvia Ficher, embora exigindo cuidados, o Conic tem uma atmosfera urbana rara em Brasília. “[Urbanisticamente] o espaço interno é agradável e amigável, embora o conceito não tenha sido tão bem desenvolvido. Ações de valorização trariam uma melhora significativa para toda a cidade, mas não podemos correr o risco de cair em um elitismo. Essa é uma área de comércio popular e áreas assim sempre são mais, digamos, bagunçadas”

Brasília, Vai Thomaz no Acaju

Devido à distância a que eu estava do palco e por conta da dificuldade de "acertar" a luz, a qualidade da imagem ficou ruim. Mesmo assim, um registro que mostre a energia e a alegria de um show da big band brasiliense (a meu ver, uma das melhores do atual pop-rock nacional) é sempre válido.

Como ainda não consegui assistir ao show do último cd do grupo, o excelente C_mpl_te, achei uma pena o  show não ser apenas do Móveis, mas sim do projeto Vai Thomaz no Acaju, que a banda mantém com o vocalista do Autoramas, Gabriel Thomaz. Valeu, ainda mais por ser grátis, parte da extensa programação cultural  para festejar os 51 anos de Brasília (hoje), mas deu para sentir que o desejo da galera era ouvir a inclassificável mistura rítmica do Móveis.


DESCOMPLICA

Tira o céu da nuvem, vejo algodão
Um vão sem ter buraco, vira chão
Deixa de ser

Muro sem cimento, sobra sedimento
Mesmo sem palavra, mudo fala
Deixa de ser

Cá pra nós, não é preciso complicar para dizer

Seja lá onde for
Deixa o sol te levar
Tira o lar do lugar vem pra cá

Sem ter luz ou luar
Siga o brilho que for
Te guiar só pra cá, meu amor

Simples movimento tiro o ar do vento
Evento sem retrato, esquecimento
Deixa de ser

Pões lembrança na saudade, vira idade
Cinto sem maldade, castidade
Deixa de ser

quarta-feira, abril 13, 2011

Havaiano Boa-Praça


Ainda falta praticamente um mês e meio para o dia do show (25/05), mas, enfim, os ingressos começaram a ser vendidos esta semana. Além do mais, eu hoje estou no clima deste vídeo-clip.




E, pra completar, a abertura do show vai ficar à cargo de G.Love, o amigo de surf que deu o empurrão de que Johnson precisava para trocar uma bem-sucedida carreira de surfista profissional e diretor de vídeos de surf pela música. Embora as canções de Love não sejam tão "ensolaradas" quanto as de Johnson, G.Love sem dúvida ajudará a compor o clima de uma perfeita sessão de surf em pleno Planalto Central.


Faltou apenas o estiloso bicho-grilo Donavon Frankenreiter para que o trio de amigos-músicos-surfistas-celebridades ficasse completo. Aliás, confesso que apesar de G.Love já ter conquistado mais moral no meio musical, eu preferiria assistir ao show do Donavon.






O fato é que, com uma surf-music embebida em blues, folk, rock e pop, os três fazem grande sucesso mundial. E não apenas entre surfistas, provando a influência cultural do esporte que se tornou um estilo de vida e cujas grifes vestem milhões de jovens do mundo inteiro que jamais ficaram de pé sobre uma prancha enquanto seus picos sagrados se tornaram alvo da especulação imobiliária e de uma voraz indústria turística.

domingo, abril 10, 2011

De Cima da Magrela


Tá, é fato e quase todo mundo está de acordo: não dá para ir muito longe (a menos que você seja um dos muitos aventureiros que largam tudo durante um tempo para dar uma voltinha ao mundo pedalando); nosso trânsito-assassino é pouco amistoso e desencoraja; nem os estabelecimentos comerciais, que dirá os culturais, estão aptos a receber e zelar pelo patrimônio e a muitos lugares não pega bem chegar todo suado. Ainda assim, pouco a pouco, cada vez mais gente tem usado a bike para ir trabalhar, passear, sair com a namorada e conhecer novos lugares. Eu, que nunca me animei a tirar carteira de motorista e adoro uma "magrela", me inspirei no ex-vocalista da banda Talking Heads, David Byrne, e em seu livro Diários de Bicicleta, e me propus a ver o quanto é possível conhecer de Brasília de bike. Por falta de tempo, meus rolês vão ter que se limitar aos finais de semana e, possivelmente, ao Plano Piloto, o que por um lado é bom já que o trânsito é muito menos intenso aos sábados e domingos. Para retomar o jeito e matar saudades do tempo em que durante a semana eu ia trabalhar de bicicleta e aos finais de semana pedalava de Santos ao Guarujá para surfar, escolhi dar uma volta pelo Eixão, uma das "praias de brasiliense". E, já de saída, vendo coisas que de carro você não vê.

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De Cima da Magrela (1) - Praia de Brasiliense
                                        
                                         "Nossa Senhora do Cerrado, protetora dos pedestres que cruzam o Eixão às seis horas da tarde, cuidai para que eu chegue são e salvo, na casa da Noemia..."

 

O nome oficial é Rodovia DF-002 ou Eixo Rodoviário Norte/Sul, mas pode chamar por Eixão, que é como os brasilienses tratam a via que corta o Plano Piloto de uma "asa" à "outra".

(Lembre-se de que o Plano tem a famosa forma de um avião, daí a razão de terem dado os nomes de Asas Norte e Sul aos bairros de cada um dos lados da outra grande rodovia que corta Brasília, o Eixo Monumental - onde fica o Congresso e a Esplanada dos Ministérios)

Cercado praticamente de ponta a ponta por prédios residenciai, comerciais e empresariais, o Eixão divide o Plano Piloto em outras duas metades. Para quem o percorre sentido sul-norte (ou seja, do aeroporto para a Asa Norte), à direita fica o lado leste. À esquerda, portanto, o oeste. Que aqui, não sei bem porque, é tratado como no inglês, West. Daí o nome das avenidas deste lado começarem sempre por W (W1, W2, W3 (a mais movimentada) e por aí adiante), enquanto do outro lado ficam as L (L1, L2...)

Aos domingos e feriados nacionais o tráfego de veículos é interrompido durante o dia todo e dá a vez aos pedestres, corredores, ciclistas, skatistas e a quem mais quiser aproveitar os 13,5 quilômetros de extensão e asfalto liso. Os vendedores de coco, pastel, água, milho e afins ajudam a dar à rodovia um aspecto mais humano que o dos demais dias da semana, quando o tráfego é intenso e, para cruzar a via, o pedestre tem que, dependendo do horário, escolher entre o risco menor: atravessar por sob as dez pistas de rodagem passando por uma das várias passarelas subterrâneas (há uma a cada duas superquadras) ou se aventurar a atravessar na frente do carros, o que, até as 22h, é algo extremamente difícil e arriscado.


E-NÉQUIS???? Tem mas acabou

Você percebe como o tempo passa rápido ao se dar conta de que o "E-Néquis" digitado pelo vendedor da quarta loja a que você vai sem sucesso nada tem que ver com o que você procura.

"É INXS, campeão. Quê? Nunca ouviu falar. É uma banda australiana que no final da penúltima década do século passado era tão popular quanto U2 e R.E.M. E seu vocalista, Michael Hutchence, na época, era apontado como um dos homens mais sexyes do planeta (e nós, óbvio, por descaso, dizíamos que ele era bicha). Quando ele se suicidou, em 1997, o grupo já havia vendido milhões de discos e se preparava para o início de uma nova turnê australiana. Por que ele se matou? Ah, sei lá. Dizem que a causa nunca foi esclarecida, mas parece que ele andava deprimido porque sua relação com uma modelo chamada Paula Yates não ia bem. Anos antes ela havia abandonado o marido, Bob Geldof, que também é músico, para viver com Michael. Só que o cara, além de perseguí-la, parece que tentou impedí-la de ver os filhos. Disseram que isso desgastou a relação de Paula e Michael, mas quem vai saber a verdade, né? O fato é que o australiano estava no auge do sucesso, com dinheiro, podendo escolher quem quisesse e... acabou sendo encontrado morto, em um quarto de hotel, de joelhos, com um cinto preso ao pescoço e à maçaneta de uma das portas, com um frasco de Prozac na cabeceira da cama. Três anos depois, Paula foi encontrada morta, ao que parece por overdose. Já há algum tempo fala-se em um filme sobre a vida de Michael Hutchence e o Inxs. Lembro de já ter lido que o papel do vocalista seria interpretado pelo Johnny Depp, pelo Heath Ledger, Collin Farrel e até pelo Orlando Bloom. A verdade é que a banda, apesar de boa e dos vários hits, não deixou maior influência na música pop. E chegou ao fundo do poço ao, na década passada, participar de um reality show para que um novo vocalista fosse escolhido. Apesar disso, o som dos caras era bom e os discos Kick (que eu tinha em fita K7, conhece?) e X tem uma penca de sucessos. E, olha, uma banda de pop-rock não parecer cafona mesmo tendo um integrante tocando órgão e outro saxofone já é um mérito, não acha? Por isso estou estranhando a dificuldade de achar algo. O quê? Baixar da internet?!? É. Não tinha pensado nisso. Valeu. Boas vendas".
 
 
 
Interessou? Não achou o cd nas lojas? Não tem paciência para baixar os arquivos da internet? Então clique abaixo para ouvir os dois principais cds da banda
 
  KICK                                                    X
 
 
 
 

quarta-feira, abril 06, 2011

Ministra critica rádios, defende Ecad e diz que blog de R$ 1,3 milhão é interessante


A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, criticou hoje (6) a programação musical das rádios brasileiras. Para ela, as músicas tocadas à exaustão pela maioria das emissoras não são representativas da produção artística nacional.

“Não julgo a qualidade [das canções]. Mas, em geral, a programação das rádios está viciada e não representa a diversidade da música brasileira, que é muito rica. O que vemos, de Norte a Sul, são as rádios tocando as mesmas músicas”, disse a ministra. Ana Hollanda é cantora, já lançou quatro discos e é irmã do cantor e compositor Chico Buarque e das cantoras Miúcha e Cristina Buarque.

Perguntada se compete ao governo fazer algo para mudar este quadro – já que as empresas de rádio são concessionárias de serviço público e têm, de acordo com o Artigo 221 da Constituição Federal, que promover a cultura nacional, regional e estimular a produção independente, entre outras atribuições -, a ministra adiantou que pretende buscar junto com o Ministério da Educação uma solução para o problema. Ela assinalou ainda que o assunto passa por outras instâncias de governo, como o Ministério das Comunicações, responsável por conceder as concessões às emissoras de rádio e TV.

Convidada para expor na Comissão de Educação, Cultura e Esportes do Senado as diretrizes ministeriais e fazer um balanço sobre seus três meses à frente da pasta, Ana de Hollanda também falou sobre os comentários de que teria retomado o debate sobre a reforma da Lei dos Direitos Autorais apenas para atender aos interesses do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (ECAD).

“Há grupos muito insistentes querendo me taxar de ser ligada ao Ecad. Por acaso a presidenta Dilma Rousseff iria aceitar uma indicação do Ecad? Não ia. Esta é uma relação que eu acho absurda”, afirmou Ana de Hollanda, antes de elogiar a instituição, uma sociedade civil de natureza privada, criada por lei federal de 1973, e que é responsável por recolher os valores devidos aos artistas pela execução de suas obras.

“Muita gente reclama do Ecad porque ninguém gosta de pagar impostos, mas o Ecad é a única forma. É o escritório central para arrecadar e para que os autores recebam. Nem sou do Ecad nem sou contra o Ecad. Ele é só um instrumento necessário”, disse a ministra.

A ministra também falou sobre a polêmica em torno da autorização ministerial para que os responsáveis pelo projeto O Mundo Precisa de Poesia captassem, por meio da Lei Rouanet e via renúncia fiscal, R$ 1,3 milhão com iniciativa privada para criar um blog dedicado à poesia. O projeto previa a inserção diária de vídeos com a cantora Maria Bethânia declamando poemas. Cada vídeo seria dirigido pelo cineasta Andrucha Waddington, cujo último filme, Lope de Vega, uma coprodução Brasil/Espanha, está em cartaz.

“Todo mundo gosta da Bethânia. Ela tem capacidade de obter recursos [sem a necessidade da Lei Rouanet], mas a iniciativa privada está muito viciada e só dá [dinheiro] mediante lei de incentivo. Não compete ao ministério fazer uma avaliação de qualidade, se [o projeto] é bom ou não, Agora, acho que todo mundo ter acesso a 365 gravações da Bethânia lendo poesia, que está tão esquecida, é interessante. O valor eu não vou discutir porque foi analisado por comissões específicas", disse a ministra, para quem a Lei Rouanet deve ser "aperfeiçoada" a fim de evitar que os empresários possam escolher os projetos em que vão investir com base no retorno que terão em termos de publicidade.

segunda-feira, abril 04, 2011

Exposição reaviva trauma da violência colombiana

 fotos: Marcello Casal (Agência Brasil)
 
Uma caveira empunha a bandeira colombiana enquanto pisa sobre cinco corpos ensanguentados caídos sobre um campo verdejante. Assim, o mais importante e prestigiado artista plástico colombiano, Fernando Botero, retratou o que enxergava como sendo a paisagem de seu país, a Colômbia, em 2004.
 
Para o pintor e escultor, uma paisagem então pontilhada de corpos sem vida, baleados ou esquartejados, e ofuscada por sucessivas guerras e conflitos sociais que acompanham a história colombiana desde o processo de independência nacional e que se intensificam a partir do surgimento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), em 1964.

Nascido em Medellín, em 1932, mas já há muito tempo dividindo seu tempo entre a Europa, os Estados Unidos e seu país, Botero se tornou mundialmente famoso por pintar e esculpir modelos gordos e roliços, desdenhando, assim, do moderno estereótipo de sensualidade e ironizando políticos, militares, religiosos e burocratas.

Entre os anos de 1994 e 2004, no entanto, o artista decidiu pintar os 36 desenhos, 25 telas a óleo e seis aquarelas atualmente expostos na mostra Dores da Colômbia, aberta até 1º de maio na galeria da Caixa Cultural, em Brasília. Nessas obras, Botero deixa um pouco de lado o viés bem-humorado de suas obras mais famosas para registrar aos sequestros, torturas, assassinatos e atentados que, ainda hoje, o mundo associa à Colômbia.

E que, além de milhares de mortos, obrigaram mais de 1,5 milhão de moradores de pequenas cidades e zonas rurais a abandonar tudo e migrar para as grandes cidades, fenômeno chamado de desplazamiento em espanhol.

"Meu país tem duas faces. A Colômbia é esse mundo amável que eu pinto sempre, mas também tem o rosto terrível da violência", comentou Botero, a respeito da opção temática que impressiona quem se depara com as 67 obras que, desde a abertura da exposição, no dia 16, até o último domingo (27), já foram vistas por cerca de 3 mil pessoas.

Embora Botero tenha declarado em entrevistas não ser fácil transformar o drama em arte e que preferiria que os quadros agora expostos em Brasília não tivessem razão de existir, a impressão causada pelas obras é tão forte que mesmo a mostra tendo obtido a classificação etária livre, seus organizadores desaconselham pais e escolas a levarem crianças pequenas para ver o que o pintor classificou como seu testemunho da dolorosa situação que o país enfrentou. “Em vista do drama que atinge a Colômbia, senti a obrigação de deixar um registro sobre um momento irracional de nossa história”, declarou o artista.

E é justamente o caráter de registro histórico dos quadros o que alguns colombianos que vivem no Brasil esperam que fique claro para quem visita a exposição. Sem questionar a qualidade artística das obras e dizendo-se orgulhosos por Botero ser colombiano, alguns de seus compatriotas destacam que o país já não é mais aquele retratado nas telas. Apesar de muitas pessoas sequestradas continuarem em poder das Farc e da luta entre guerrilheiros, paramilitares e Estado não ter chegado ao fim.

Para muitos dos colombianos que vivem em Brasília, comentar as obras expostas e falar sobre a violência que marcou parte de suas vidas é difícil. A própria embaixadora da Colômbia no Brasil, Maria Elvira Holguín, não retornou os telefonemas. Entre os que aceitaram falar sobre como foram atingidos pelo conflito armado e o que pensam da atual situação colombiana, houve quem dissesse não ter intenção de ir à exposição.

Mesmo os que acreditam que os quadros, se exibidos sem a necessária contextualização, podem reforçar preconceitos e estereótipos, disseram entender que as obras são um registro artístico de um momento histórico que não pode ser negado. Contudo, não esconderam que, após tantos anos de más notícias, prefeririam ver seu país exibindo suas belezas e aspectos positivos.

"Esta exposição nos machuca porque mostra algo que aconteceu e que ainda não foi totalmente resolvido, mas que também já não é mais a realidade atual. Mas é também algo que não pode ser ignorado e de que não nos orgulhamos. O importante é que as pessoas que visitarem a exposição tenham discernimento e saibam que o próprio Botero pinta muitas coisas bonitas de nosso país. E, principalmente, que as coisas mudaram", afirmou a colombiana Johanna del Pilar, que há 12 anos vive em Brasília.

De Brasília, onde pode ser visitada de terça-feira a domingo, das 9h às 21h, a exposição segue para Curitiba. Na capital paranaense, as obras serão expostas de 18 de maio a 10 de julho, no Museu Oscar Niemeyer. Em seguida, a mostra ocupará os espaços da Caixa Cultural de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Salvador, em datas que ainda serão definidas. A entrada é gratuita.
"WOOHOO. EU QUERO É VER O ÔCO!!!!

(Carlos Leite, expressando toda sua alegria segundos antes de "salgar o corpo" em algum ponto da costa brasileira)

sábado, abril 02, 2011

Meditabundo



"Sabe aqueles pedaços partidos? Pois é. Me armei com os maiores e fui pro pau. E quer saber? Descobri que, de fato, às vezes a melhor defesa é o ataque".

Carlos Leite, em um arroubo poético durante um telefonema feito de algum ponto do litoral Norte de São Paulo