A Vida (nem sempre) é Bela
O bom senso recomenda não tampar o sol com a peneira. Via de regra, medidas paliativas para não enfrentar a realidade tendem a, em longo prazo, se tornar desastrosas. Vai daí que a vida nem sempre é bela, quase nunca é mole e sempre será tortuosa.
Por que escrevo isto? Porque acabo de assistir ao filme o Labirinto do Fauno. E o que tem a ver? É que quando o filme acabou, fiquei me sentindo vingado. É como se o diretor mexicano Guillermo Del Toro tivesse dado resposta à altura à ridícula fábula do italiano Roberto Begnini, A Vida é Bela. Esqueçam o trailler. Não levem seus filhos, sobrinhos ou afilhados para assistirem O Labirinto. Este, definitivamente, não é um filme infantil.
Ao garoto tornado quase autista pela superproteção paterna, Del Toro contrapõe outra criança atingida pela tragédia. Uma menina. Ao invés de fazer piadas às custas dos horrores da Segunda Guerra e do Holocausto, o mexicano mostra a violência da guerra civil espanhola e como a barbárie pode facilmente se sobrepor à fantasia. Em certos momentos, Del Toro estiliza a violência, fazendo-a parecer gratuita. Mas, prestando atenção, ao assistir à cena final, fica difícil não entender seu recado. O sobrenatural pode causar medo, mas é a realidade que impõe dor. Principalmente aos que, conforme se confessa uma das personagens em dado momento, são covardes.
Um comentário:
vamos atualizar isso aqui, vamos!
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