sábado, janeiro 31, 2009
Enfim, doze meses após a animação iraniana Persépolis ter sido exibida nos cinemas brasileiros, a Euoropa Vídeo lança o filme em dvd. Indicado ao Oscar 2008 e vencedor de prêmios internacionais, o filme é dirigido por Vincent Paronnaud e Marjane Satrapi, cujo hq serviu de base para a produção desta animação.
Como diz a sinopse, "é a comovente história da própria Marjane, uma jovem que cresceu no Irã durante a Revolução Islâmica. Através de seus olhos precoces de nove anos, vemos as esperanças de um povo golpeado pela tomada do poder pelos fundamentalistas". Ainda jovem, ela deixa seu país e busca abrigo em Viena, mas, após algum tempo, decide retornar ao Irã, onde encontrará muitas mudanças.
domingo, janeiro 25, 2009
Arquitetura da Destruição
Para quem está acostumado a ouvir falar sobre "um dos maiores gênios do século" como "o último comunista", é algo estranho verificar a maneira com que Niemeyer e os sucessivos governos do Distrito Federal concordam sobre a necessidade de inaugurar novas e sempre grandiosas obras que "complementem o plano original" que é Brasília.
As obras do "último comunista" nunca se destinam a qualquer uma das cidades-satélites, onde se reúnem mais de 1 milhão de trabalhadores (de todas as classes sociais) que tornam Brasília real, e não apenas o cartão-postal que é o Plano Piloto.
Pelo tom de meu texto, dá para notar que sou dos que consideram desnecessária essa tal praça e seu chifre de concreto de "100 metros de altura". Prefiro o gramado onde, algum dia, ainda pretendo jogar uma bolinha com os amigos (nestes quatro anos de Brasília, nunca vi ninguém fazendo isso, mas imagino que não seja proibido). Só que, como não entendo lhufas de arquitetura e o centenário arquiteto dá a entender que eu, cidadão comum, não tenho direito a escolher entre grama e concreto armado (mesmo sendo um dos tantos que vai pagar), reproduzo abaixo o texto da também arquiteta e professora da Universidade de Brasília (UNB), Sylvia Ficher, publicado originalmente no site dedicado à arquitetura e urbanismo mínimo denominador comum.
Criador Versus Criatura - Sylvia Ficher
Coitada de Brasília, Oscar Niemeyer não gosta mais dela. Infelizmente, não dá mais para ignorar a realidade que aí está. Infelizmente, não dá para encontrar outra explicação para o estrago que o grande arquiteto federal vem fazendo, já há algum tempo, em sua principal obra, aquela que lhe rendeu suas mais altas honrarias, aquela que lhe garantiu uma posição ímpar no ranking dos arquitetos do século XX.
Tudo começou devagarzinho, primeiro a Praça dos Três Poderes sendo comida pelas bordas com o Panteão da Pátria, predinho sem graça e sem uso, verdadeira câmara escura que só serve para atravancar o espaço e impedir a vista… O Superior Tribunal de Justiça, a Procuradoria Geral da República e o Anexo do Supremo vieram na seqüência, bem mais pretensiosos e ainda mais fora de escala, com suas formas gratuitas e suas metragens gigantescas - afinal, quantos mais metros quadrados, melhor o honorário…
E assim, de projeto em projeto, cada vez mais intervindo na escala monumental da cidade, cada vez mais rompendo a graça e elegância da Esplanada dos Ministérios, chegou a vez do Complexo Cultural da República, com sua nanica biblioteca - nanica, talvez, por conta de um inconsciente desinteresse por edifícios úteis - e sua cúpula-museu - nem tão cúpula assim, menos ainda museu. De quebra, a bela Catedral Metropolitana perdeu sua ambientação urbana e, para piorar, foi estrangulada pela gravata de concreto que lhe dá uma rampa sem rumo ou razão.
Há coisa de dois anos, uma robótica pomba - isto mesmo, uma pomba! - seria o principal elemento da praça que, segundo o arquiteto, estava faltando no Plano Piloto: a Praça do Povo. Repetindo a ausência de paisagismo do vizinho complexo cultural, a cidade iria ganhar mais um árido calçadão, mais um inóspito vazio onde desde sempre havíamos convivido sem maiores problemas com um modesto gramado… E lembremos o que fora previsto para o local por seu legítimo idealizador: um espaço desimpedido destinado a atividades ocasionais, como paradas militares, desfiles esportivos ou procissões; nas próprias palavras Lucio Costa, "o extenso gramado destina-se ao pisoteio".
Ao que parece, Oscar Niemeyer se esqueceu da sua dileta pomba, aquela que, como afirmara veementemente à época, deveria ser a sua derradeira contribuição para Brasília e sem a qual o seu *opus* brasiliense estaria inconcluso. E parece que se esqueceu também do "povo"; agora, no mesmo local a praça será da "soberania". Lá deverá ser erigido um prédio imprescindível, seja para o povo, seja para a soberania: o Memorial dos Presidentes. E um Monumento ao Cinqüentenário de Brasília, a ser comemorado em 2010; para que ninguém deixe de entender a sua complexa simbologia, nada melhor do que um chifre de concreto, de cem metros altura, descrito como obra de grande ousadia tecnológica… Tanta construção apenas para encobrir um estacionamento subterrâneo… De quebra, na maquete eletrônica (incidentalmente, o novo tipo de empulhação arquitetônica que nos oferece o maravilhoso mundo da informática) é contrabandeado um antigo projeto vetado pelo IPHAN por desrespeitar em muito o gabarito estabelecido legalmente para o local - uma altíssima cobertura curva para abrigar shows de música popular, a qual implacavelmente lembra "as curvas do corpo da mulher amada", só que com redondinhos seios de silicone e já buchuda.
Coitada de Brasília. Afinal, apesar de tombada, há uma portaria do IPHAN que autoriza tudo isso: "Excepcionalmente, e como disposição naturalmente provisória, serão permitidas quando aprovadas pelas instâncias legalmente competentes, as propostas para novas edificações encaminhadas pelos autores de Brasília - arquitetos Lucio Costa e Oscar Niemeyer - como complementações necessárias ao Plano Piloto original". (Portaria nº 314, 8/10/1992, Art. 9º, § 3º ).
Tal qual o bordão de uma famosa personagem de programa humorístico, "Oscar Niemeyer pode!!*"
Coitada de Brasília. Para Oscar Niemeyer, ela está aí tão somente para manter ocupado o seu escritório sem risco de concorrência. Coitada de Brasília, cujo plano piloto foi escolhido transparentemente por concurso público, agora sujeita a decisões tomadas nos gabinetes de seus governantes.
Coitada de Brasília, fadada a ser conhecida daqui por diante não mais como Patrimônio Cultural da Humanidade, porém como Capital Mundial dos Unicórnios.
sexta-feira, janeiro 23, 2009
2008 FOI UM ANO RUIM
Se a intenção dos editores era causar polêmica, devem ter conseguido. Ou não. Afinal, não dá para levar a sério a escolha de Machine Gun como a 4ª melhor do ano. Principalmente porque a revista não apresenta seus critérios e não diz quem são os responsáveis por eleger o que houve de "melhor" em 2008.
Como não conhecia - ou não lembrava - a maioria das dez mais do ranking internacional, recorri ao imeem para poder acompanhar a avaliar o trabalho da revista. Eis aqui, em ordem decrescente para criar um suspense, o pior do melhor de 2008, as dez mais escolhidas pela Rolling Stone Brasil.
Ouça aqui as músicas
Em 11º lugar, Sex on Fire, do Kings of Leon
Da primeira vez que tocou no Brasil, em 2003, a banda, entao revelacao, foi apontada como a próxima “coisa” a acontecer no rock. Muitos continuam esperando. Embora a música até soe legal, parece com uma daquelas canções dos filmes da década de 1980, tipo Ruas de Fogo (Street of Fire) http://www.interfilmes.com/filme_15428_Ruas.de.Fogo-(Street.of.Fire).html
10 – The Shock of Lightning, Oasis
Então o Oasis ainda existe? Pôxa, alguém precisa avisar a equipe do imeem ou copiar para o site o último disco da banda porque a música em questão não está disponível. Em virtude disso, as dez mais, na verdade, serão onze.
9 – Time To Pretend, MGMT
Ah, sei lá...A revista diz que o MGMT é a dupla mais cool de 2008 e que a música “transcendeu a barreira do hit instantâneo para virar hino de uma geração hedonista”.
8 – I Kissed a Girl, Katy Perry
Não conhecia, mas soa a música de produtor, saca? Daquelas que um executivo ou produtor musical escolhe uma garota bem-apessoada, contrata uns músicos capazes, escreve ele próprio umas letras para a garota cantar – de preferência, capazes de despertar falsa polêmica – e diz “Faz cara de sexy!”. Fake total, mas, em geral, essas músicas bombam nas pistas de dança.
7 – Pork & Beans, Weezer
Bom, com mais essa, a lista da revista já começa a fazer algum sentido. Simples, divertida e com uma letra engraçadinha. Para os fans, a banda já fez coisas muito melhores.
6 – Mercy, Duffy
Reconsideremos. Essa é, de longe, a melhor escolha até agora. A volta da soul music aos topos da parada e a prova de que as mulheres têm injetado swing e personalidade no pop atual.
5 – Never Miss A Beat, Kaiser Chiefs
Considerando as outras opções apresentadas até aqui, essa deveria ser a primeira da lista. O que não significa que seja nada de mais. Muito pelo contrário. A julgar por esse segundo cd da banda, o hype inicial em torno do Kaiser Chiefs talvez tenha sido injustificado.
4 – Machine Gun, Portishead
Misture o pior de Devo a Bjork e você tem...algo como essa chatice perpetuada pelo Portishead. Olha, se você já ouviu um minuto dessa faixa, pare agora pois não adianta esperar por algo que justifique a inclusão desta faixa entre as dez mais. Vai ser a mesma tortura até o final.
3 – Human, The Killers
““Close Your Eyes”???? Melodiazinha datada.
2 – Viva La Vida, Coldplay
“Ah, se eu, Chris Martin, fosse o Bono Vox”
E em primeirissimo lugar, Paper Planes, da indiana MIA
“Meu Deus! O que não é o relativismo cultural. Então essa foi a melhor música internacional de 2008? É tão chato ser moderno.