segunda-feira, novembro 13, 2006

segunda-feira, 13 de novembro de 2006

Voltando após quase duas semanas sem postar. E, como de hábito, segunda-feira é dia de despretensiosamente comentar algo sobre o que li, assisti, ouvi durante a semana. Pois bem...

UM LIVRO - O Alienista. Será o melhor conto de Machado de Assis? Não saberia dizê-lo, pois além de entender pouco do riscado (na verdade, em se tratando de literatura, entendo apenas do que gosto e não gosto), conheço quase nada de Machado. Até bem pouco tempo, gostava de polemizar menosprezando a unanimidade em torno de sua obra. Dizia a todos que preferia Lima Barreto (ainda prefiro, mas, hoje, já admito que isso é pessoal). Acho que a culpa por esta minha rebeldia era das professoras do ensino médio, que nos obrigam a ler livros inacessíveis - pelo menos, na época, para mim - à nossa sensibilidade de adolescentes criados em meio à cultura audiovisual.

Mas voltando à dica, muitos afirmam ser o melhor conto do autor. Para quem não leu ou não lembra do que leu apenas para fazer a prova, a editora LP&M disponibilizou a obra através da coleção Pocket, que é boa e barata. Além disso, para os mais preguiçosos, o conto tem uma vantagem. Exige folêgo curto, já que tem apenas 86 páginas, tamanho pequeno. Ao menos um livro do Machado já se poderá dizer ter lido.

UM VÍDEO - Tudo bem. Chamem-me de obsessivo, de exagerado. Até de quinta-coluna. Mas volto a indicar um filme argentino. O Cachorro, de Carlos Sorín.
O filme não é o melhor da recente leva de produções argentinas, mas tem muitas das qualidades que as têm caracterizado. Uma história simples, tocante e muito bem contada por um diretor capaz de escalar excelentes atores para os papéis principais. Atores estes capazes de representar a diversificada e complexa gama de sensações e emoções que caracterizam a todos nós. Deixando de viadagem e sendo mais objetivo, O Cachorro é a história de um frentista desempregado que, aos 52 anos, sobrevive às custas de pequenos bicos e dos favores da filha. Tudo vai mal até que, ao prestar um favor a uma desconhecida, ele ganha como pagamento um dogue branco chamado Bombom. Com o cachorro pela coleira, sua sorte vai mudar.
Portas se abrem, cartões de visita e números telefônicos - importantes patrimômios em uma cultura que valoriza o QI, de Que Indica - se multiplicam e, enfim, o protagonista terá a chance de ir além de seus até então estreitos horizontes . Que, vale anotar, em termos naturais, se trata da bela e agreste paisagem da Patagônia. Enfim, mais um belo filme argentino.
UMA EXPOSIÇÃO - Olha só, Cibele. Esta é para os poucos amigos de Brasília que me lêem. Como acho que você e minha namorada são as duas únicas, mas ela já foi comigo, então fica aqui registrada uma dica unicamente para você.
A mostra inédita do indiano Anish Kapoor, Ascension. Embora Kapoor seja basicamente um escultor, quem visitar o Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília, não deve esperar pelas clássicas reproduções em pedra ou outros materias convencionais. O artista brinca com as leis da física e utiliza materiais empregados por pintores para propor um jogo com quem vê sua obra. Ou então, recorre à equipamentos emprestados à indústria aeronáutica para, com a ajuda de alguma fumaça, esculpir o vento. Sim, o vento.
Não ficou muito claro? Pois acredite, vai ficar ainda menos óbvio para quem for à exposição de Kapoor, de terça a domingo. Ou você acha fácil explicar a sensação de colocar a cabeça dentro - sim, dentro - de um quadro? Ou ser surpreendido por uma parede aparentemente branca e plana que, súbito, se revela grávida?Pois vá lá e experimente ser envolvido pela fumaça para interferir nas formas de uma escultura. É de graça.
Fica para outro dia o comentário sobre Volver, o novo filme de Pedro Almodovar.

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