terça-feira, março 27, 2007

terça-feira, 27 de março de 2006

AÇÃO ENTRE AMIGAS
marco antonio rodrigues
As blogueiras do quintal de casa (http://quintal-de-casa.blogspot.com/) podem se considerar blogueiras de sucesso. Orientam-se pelo gosto de se expressar sobre tema qualquer e de qualquer maneira. Comentam e estimulam o trabalho umas das outras, trocam elogios, às vezes farpas discretas, outras nem tanto. Inegável que se trata de um blog ativo, “bostado” (como gostam de dizer as amigas) e comentado, na maioria das vezes por elas próprias. A metáfora escatológica, de fertilização do quintal, deve resultar em flores e hortaliças, graças ao bichinho da literatura que vez por outra vem picando (sic) as moças.

Eis, porém, que a solução se desdobra em problema, quando o veneno do tal bichinho passa a intervir na criação e no comentário. No universo literário, para algo ser bom, outros algos precisam ser ruins. Na expressão do mestre Antonio Candido, “é preciso muito estrume para que nasça uma flor”, e assim retornamos à metáfora escatológica do quintal. Mas entre amigos, em certo sentido, tudo “precisa” ser bom, mais por ser “de quem” que por ser o “que é”. Daí a crítica velada nos comentários, expressa pelos comparativos (isso me lembra aquilo), pela mudança de assunto ou pelo simples silêncio. Afinal, julgamento dos mais cruéis é não merecer comentários.

Assim se desenrola a ação entre amigas, ora leve e despretensiosa, ora puramente jocosa, ora séria e intimista – o que acaba por ser um bom retrato do humor feminino. Se tiver continuidade e freqüência, o arquivo poderá resultar num rico retrato de uma amizade entre iguais (pois mulheres) diferentes (pois gerações e origens variadas). Fica porém o desafio de não se entregar à facilidade do chiste, nem à sedução das belas letras. Quem sabe, pensar com André Breton que “a literatura é um dos mais tristes caminhos que levam a tudo”.

quinta-feira, março 22, 2007

quinta-feira, 22 de março de 2007

AUTO-RETRATO "Mesmo não sendo barro amorfo, ainda não estou solidificado. Ainda sou capaz de sentir e de me transformar, ainda sou capaz de ver o momento não como alguma coisa de estático, mas como oportunidade para reiniciar minha formação" (adaptado de Roman Jakobson)



sexta-feira, março 16, 2007

sexta-feira, 16 de março de 2006

HYGIENE EM SANTOS


A oportunidade é imperdível para os que estão em Santos. O Grupo XIX de Teatro (www.grupoxixdeteatro.ato.br) leva à cidade, neste fim de semana (17 e 18/03), a peça Hygiene. A encenação, que retrata o dia-a-dia dos moradores dos primeiros cortiços e sua resistência ao processo de higienização sanitária implementado por sucessivos governos, não poderia acontecer em local mais apropriado: no centro da Cidade.

A peça começa às 15h. (o ideal é confirmar), na Igreja do Valongo, de onde o elenco segue até a Casa da Frontaria Azulejada. Os ingressos custam R$ 10.

sábado, março 10, 2007

sábado, 10 de março de 2007

"A maior parte dessa molecada não é recuperável. Esta é a sina deles"
O deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), militar de 51 anos, não faz parte da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente que, no dia 26 de fevereiro, se reuniu com entidades de defesa dos direitos humanos, no Congresso. Mesmo assim, ele compareceu à plenária a fim de registrar sua posição favorável ao endurecimento das penas aplicadas aos jovens em conflito com a lei.

Polêmico, Bolsonaro concedeu uma entrevista a diversos jornalistas presentes no local e, tão logo os holofotes se apagaram, deixou o recinto onde representantes do grupo de mais de 100 parlamentares e do Conanda concordavam com a tese de que a redução da maioridade penal e a ampliação de três para cinco anos no tempo de internação de jovens em conflito com a lei são inegociáveis.

Poucos veículos deram espaço para as declarações do deputado. Sensatamente, julgo eu. Infelizmente, no entanto, é preciso considerar que suas opiniões refletem a de uma grande parcela dos ‘cidadãos de bem’, um conceito abstrato e não muito bem explicado do qual o deputado abusa desde antes da realização do referendo sobre o desarmamento, ocasião em que Bolsonaro espalhou pelas ruas do Rio de Janeiro outdoors com a frase “Entregue sua arma! Os vagabundos agradecem. Bolsonaro, pelo direito à legítima defesa”.

Decidi reproduzir aqui a íntegra das respostas do deputado que, entre outras conclusões, estabelece um paralelo entre a punição aos jovens infratores e o abate de aeronaves de traficantes pelas Forças Armadas.


_ Deputado, as entidades e os deputados aqui reunidos defendem que reduzir a maioridade penal e ampliar as penas aplicadas não resolveria o problema da violência praticada por jovens. O que o senhor pensa disso?

_ Primeiramente, é preciso deixar claro que a síntese deste debate é angariar recursos para essas entidades. Ou seja, se elas perderem os menores de 16 ou 17 anos [com a aprovação da redução da maioridade penal], diminui o número de pessoas internadas [cumprindo penas de reabilitação social, como prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente, o ECA] e, consequentemente, haverá menos verbas para elas. Eu prefiro entulhar penitenciárias de marginais de 16 ou 17 anos do que encher cemitérios com pessoas inocentes.

_ Mas o senhor acha mesmo que esta é a solução?

_ Pode escrever: a maior parte dessa molecada que pratica esses crimes não é ‘recuperável’. Você pode colocá-los em uma casa de freiras que eles não irão se recuperar. A sina deles é exatamente esta.

_ O senhor acha pouco o tempo de internação determinado pelo ECA?

_ Eles têm de se punidos e a pena tem de ser proporcional ao crime. É inadmissível querermos apenas ampliar de três para cinco anos o tempo de internação dos menores. [tempo estabelecido pelo ECA para a internação em instituições de reabilitação social de menores em conflito com a lei]. O simples fato de termos aprovado uma lei que permite às Forças Armadas brasileiras abater aviões suspeitos de transportar drogas ou armas reduziu em 70% o número de vôos clandestinos na Amazônia. Exatamente pelo medo. Da mesma forma, essa garotada, uma minoria que ‘eles’ [não fica claro se o deputado se refere exclusivamente ao que alguns chamam, jocosamente, de os defensores dos direitos humanos, ou ao senso comum, já que a frase é defendida por todos, de educadores aos jornalistas mais liberais] dizem que é o futuro do Brasil, essa garotada, sabendo que será punida, vai se inibir e pensar duas ou três vezes antes de comentar uma maldade.

_ Então o senhor acredita que uma pena maior vai levar o jovem a pensar duas vezes?

_ Olha, primeiramente, eu sou favorável à redução da maioridade penal. Aqui também está se discutindo a possibilidade de aumentar para cinco anos o tempo de reclusão. Isso eu sou contra. Justamente porque a pena tem de ser proporcional ao crime. Até ouço muita gente que diz, à boca pequena, que se fizerem uma barbaridade com um parente seu, ou mata ou manda matar. Isso então acaba estimulando os grupos de extermínio. Se o Estado não pune, cada um parte para fazer justiça com as próprias mãos.

_ O senhor está defendendo essa idéia? Acha que isso realmente acontece?

_ Isso acontece e eu peço a Deus que não aconteça com um filho meu. Se acontecer, ou eu mato, ou eu providencio alguém para matar. A Justiça se baseia em cláusulas pétreas [direitos e deveres constitucionais que só podem ser modificados mediante revisão da Constituição Federal], mas a minha vida não é pétrea. A vida dos cidadãos de bem não é pétrea. Para um pai, não há o que justifique. Se fosse com um filho meu, eu deixaria de ser homem se não matasse ou providenciasse matar aquele médico que abusou de crianças de 11 e 12 anos. Se o Estado não pune, você vai procurar a Justiça pelas próprias mãos.

_ Uma punição maior para os menores não acabaria penalizando apenas pessoas com menos condições econômicas? No caso dos jovens brasilienses que queimaram o índio Galdino, por exemplo, o crime foi, de certa forma, atenuado e a pena minimizada.

_ A pena tem de ser proporcional ao crime e não a cor da pele.

_ O senhor defende a redução da maioridade penal para quantos anos?

_ Eu defendo 14 anos, mas se conseguirmos 16 anos já está de bom tamanho.

_ Os movimentos de defesa dos direitos da criança e do adolescente alegam que a redução não resolveria o problema do envolvimento de menores de idade com o crime, mas sim geraria uma redução do aliciamento, ou seja, as quadrilhas passariam a empregar crianças cada vez mais novas. O que o senhor acha disso?

_ Ah, mas então vamos passar a maioridade penal para 35 anos. Aí quem tiver até 30 anos não comete mais crime.

_ Éééééééé......rs,rs,rs,rs,rs,rs,rs hã, hã
... Obrigado pela atenção, deputado.

terça-feira, março 06, 2007

terca-feira, 06 de marco de 2007

A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo
Atenção, este é um texto pretensamente sério, apesar do trocadilho do título. Trata de algo que li na edição de fevereiro da Rolling Stone nacional e que diz muito sobre os norte-americanos, um povo pragmático, que vê cifrões em qualquer debate e que, como citou Max Weber, “tira sebo do gado e dinheiro do homem”.

Pois bem. Agora eles já têm motivos para refletir sobre as decisões de George Bush e seus falcões. Agora eles já estão alertados de que, em termos financeiros, a guerra “do terror”, como é dito no filme Borat, custará cerca de US$ 2,267 TRILHÕES aos contribuintes.

A conta foi apresentada pelo economista norte-americano Joseph Stiglitz, ganhador de um Prêmio Nobel de Economia. Para calcular o preço da carnificina e refutar as declarações iniciais do governo Bush de que a guerra geraria dividendos e se pagaria com os aumentos dos lucros com o petróleo, Stiglitz considerou os gastos para enviar e manter as tropas yankees no Oriente Médio, os cuidados médicos e pensões para veteranos, o aumento com os gastos do Departamento de Defesa, as perdas que a economia terá com os feridos e a elevação dos preços do petróleo.

Em entrevista à Rolling Stone norte-americana, reproduzida pela edição nacional, Stigitz refuta as opiniões de que a guerra estimule a economia. “Não quero reduzir isso à economia dura e fria, mas quando se educam jovens durante um período de 12 a 18 anos, isso é um investimento muito grande. Se eles então são mortos, mutilados ou ficam debilitados, estamos destruindo capital”.

O economista declara que o governo subestimou o custo social da guerra. “O impacto sobre o orçamento federal não prevê despesas que teremos no futuro com o pagamento dos cuidados médicos e das pensões por invalidez”.

Stiglitz lembra que além do desembolso da Previdência, o Tesouro norte-americano também perderá na arrecadação, uma vez que um soldado ferido ou incapaz de trabalhar recebe do governo apenas 20% do que ganha trabalhando.

“O governo está tentando vender a idéia de que as leis da economia não se aplicam à guerra. Querem nos fazer acreditar que não precisamos escolher entre armas e manteiga porque podemos ter os dois. A realidade é que esse dinheiro poderia ser empregado em outras coisas”. O próprio Stiglitz dá exemplos: um quarto do orçamento da guerra daria jeito nas contas da Previdência Sócia norte-americana pelos próximos 75 anos; com os mais de US$ 2 trilhões calculados por ele, os EUA poderiam financiar todos os compromissos mundiais de auxílio aos países pobres pelas próximas duas décadas ou colaborar com os esforços para deter o aquecimento global investindo em pesquisas.

Para o economista, os norte-americanos já sentem os efeitos da guerra. “Nosso padrão de vida será menor do que se tivéssemos feito as coisas de outro modo. A renda do americano médio já está diminuindo. A maior parte de nós está pior do que há cinco anos. Por que estamos ficando mais pobres? Este monte de dinheiro que gastamos na guerra obviamente tem algo a ver com isso”.

Vale lembrar que o futuro da economia norte-americana nos diz respeito, uma vez que todo o mundo sofreria as conseqüências do refreamento da atividade econômica dos EUA. Isso para não falar no destino do iraquianos que, diferentemente de nossos vizinhos, não tiveram outra opção além de lutar.

sábado, março 03, 2007

sábado, 3 de marco de 2007

A culpa é do sistema
Nada. O telefone só dá sinal de ocupado. Há quase três horas eu tento falar com um funcionário da TAM para reclamar que há quase três horas e meia eu estou tentando acessar a página da empresa na internet para confirmar a compra das passagens promocionais que reservei e...tum-tum-tum.

Tenho aqui na tela do micro diferentes valores para um mesmo vôo e não vejo o sentido em alguém optar por pagar a tarifa mais cara do vôo em que estou tentado embarcar ( R$ 1.139,00 ) se pode adquirir a mais em conta ( R$ 99 ) e decolar no mesmo horário, na mesma aeronave e, portanto, chegar ao destino final na mesma hora que os passageiros que economizarem R$ 1.040,00. Enfim, talvez eu devesse experimentar tentar comprar uma passagem neste valor só para testar a eficiência seletiva do sistema da empresa.

Já fiz diversas combinações de horários e aeroportos e nada dá certo. Por alguma razão, o sistema de compra virtual da empresa não permite que eu conclua a operação sem que eu informe o número do meu cartão fidelidade. Acontece que eu sou comercialmente infiel e não possuo o tal cartão – já me foi custoso conseguir um de crédito com o qual pudesse comprar parceladas as propagandeadas passagens promocionais.

Ao fim de quase três horas, consigo avançar algumas etapas, indicar meus dados, calcular o valor da compra e confirmar a compra. Imagino que tenha, enfim, conseguido as à esta altura sonhadas passagens promocionais. Ledo engano. O sistema volta a falhar e eu desisto. Da internet e do telefone, que continua tum-tum-tum.
Não é a toa que da mesma forma como não conheco ninguém que tenha ganhado na loteria, não conheco ninguém que tenha conseguido comprar passagens aéreas nestas promocões.