quarta-feira, novembro 19, 2008

Mídia e Operações Policiais: quem não está confuso não entendeu nada

O que fala às câmeras criou as revistas Veja (terá algum arrependimento?), IstoÉ, Quatro Rodas e os jornais da Tarde e da República. Atualmente, é diretor de redação de CartaCapital. Em suma, o jornalista Mino Carta não fez pouco pelo jornalismo tupiniquim, mas deve escapar à “honra” de ser biografado por Pedro Bial que, por razões óbvias, prefere Roberto Marinho.

Já o autor do artigo abaixo, Ricardo Kotscho, trabalhou nos jornais O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo e Jornal do Brasil, entre outros, ao longo de mais de 40 anos de profissão. Ligado ao PT, ou, na verdade, a Lula, a quem conheceu ao cobrir o movimento sindical e as greves metalúrgicas durante a década de 1970, assumiu a Secretaria de Imprensa e Divulgação da Presidência da República durante o primeiro governo do ex-metalúrgico. Deixou o cargo ainda durante a primeira gestão, antes que irrompe-se, em 2005, a chamada “Crise do Mensalão”.

No que pese o que alguns podem classificar como “falta de isenção” e outros como “consciência de classe”, não dá para não prestar atenção quando esses dois analisam o papel desempenhado pela mídia brasileira e os efeitos desse comportamento sobre a sociedade.

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O preço da propina: R$ 18 milhões para juízes, políticos e jornalistas

Hoje (18), os jornais publicam o preço da propina paga à suposta rede de corrupção que protegia o banqueiro Daniel Dantas nas atividades criminosas de que é acusado: R$ 18 milhões

Ricardo Kotscho - http://www.revistabrasileiros.com.br/secoes/balaio-do-kotscho/noticias/235/


Sem muito alarde, depois de semanas dedicando os espaços nobres do noticiário à discussão sobre os métodos adotados pelos investigadores, hoje (18) os jornais publicam o preço da propina paga à suposta rede de corrupção que protegia o banqueiro Daniel Dantas nas atividades criminosas de que é acusado: R$ 18 milhões.

Pelos bilhões envolvidos nestas atividades, sei que esta quantia é troco de táxi, mas pode explicar muita coisa estranha na cobertura do caso. Quem fez esta constatação não fui eu, mas o bravo colega Luciano Mendes Costa, em seu comentário no programa de rádio do Observatório da Imprensa.

A revelação da quantia investida para conquistar os corações e as mentes de juízes, políticos e jornalistas, publicada pelo jornal "O Globo", foi feita pelo delegado Carlos Eduardo Pelegrini Magro, um dos responsáveis pelo inquérito que resultou na prisão do banqueiro Daniel Dantas, durante reunião de três horas com a cúpula da Polícia Federal, no dia 14 de julho.


Mino Carta e a "mídia nativa" (I)



Para o delegado Magro, que diz ter apreendido na operação bilhetes e informações digitalizadas num laptop, detalhando o esquema de propina, as críticas à investigação são "uma reação do crime organizado". Sobre os jornalistas, segundo ele, consta no organograma: "A gente contrata o Mangabeira [Unger, atual ministro de Assuntos Estratégicos] para chegar aos meios de comunicação".

Na mesma linha, Amaury Portugal, presidente do sindicato dos delegados da PF paulista, disse durante a abertura do congresso nacional da categoria, em São Paulo, que o crime organizado se infiltrou em todos os poderes.

"A Polícia Federal é um dos alvos disso. Nós, que conhecemos a instituição, sabemos que o que está colocado na imprensa não procede", afirmou Portugal à "Folha", a respeito das suspeitas de que houve grampo ilegal contra o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes.

Mino Carta e a "mídia nativa" (II)



A reação dos delegados da Polícia Federal se deu na mesma segunda-feira em que os advogados de Dantas sofriam três derrotas na Justiça: o juiz De Sanctis foi mantido no caso pelo TRF e, além disso, foram negados dois habeas corpus que pretendiam anular a ação penal e os inquéritos policiais.

Parece que os advogados do banqueiro tentam controlar todo o processo, vetando juízes, anulando inquéritos, escolhendo políticos mais simpáticos à causa ou até indicando quais jornalistas devem ou não fazer a cobertura do caso. Podem até não conseguir, mas estão no papel deles de tentar. Resta saber como cada um cumprirá seu papel nesta história.

Mino Carta e a "malta infecta"




* (Para quem ver exagero nas afirmações acima, sugiro uma análise crítica das últimas edições de Veja e a leitura atenta da matéria "Opportunity diz que crise global prejudica mais que a Satiagraha" (acesse-a clicando aqui). Leia e depois me responda: quem são os generosos concorrentes do banco de Daniel Dantas que disseram ao repórter da Folha que a redução do valor do patrimônio líquido do Opportunity em consequência da operação policial e da crise financeira "não pode ser considerada inteiramente negativa"? Os mesmos "inimigos colecionados ao longo de 14 anos" a quem "avalistas internos" (??) do banco acusam de "contribuir financeiramente para a operação Satiagraha? Contraditórios eles, não?)

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