sexta-feira, fevereiro 27, 2009

De: Carlos Leite leiteempedra@ig.com.br
Asunto : Saudaciones, compañero (4)
Para : semifosco semifosco@blogspot.com

27 de feb 2009 09:45

"El Valle del Amanecer, Otavalo, es probablemente el mercado más famoso en Sudamérica. Los visitantes de todo el mundo llegan a su plaza para llevarse las mejores artesanías y obras de arte y para gozar el paisaje circundante de esta región fértil y hermosa".


Estou extasiado com a beleza andina. Ontem, enquanto o ônibus avançava pela Rodovia Panamericana Norte rumo a cidade de Otavalo, eu pensava que somente pelo trajeto já teria valido a pena encarar as duas horas de estrada.
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Embora suas construçoes pareçam novas e haja poucas indícios aparentes de sua história, Otavalo foi sede de uma importante comunidade indígena que, no século XIV, resistiu fortemente à dominaçao inca, cuja expansao militar e política a partir da regiao Sul do atual Peru teve início em 1200 e combinou açoes violentas contra os povos resistentes, à alianças militares e comerciais com os demais.
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Infelizmente, cheguei um pouco tarde à cidade e boa parte dos artesaos já desarmavam suas barracas. Pelo mesmo motivo, nao me dispus a ir muito além do centro e, assim, nao visitei o Cuicocha, um lago natural formado a partir de uma antiga cratera vulcanica. Caminhei sem destino, almocei, comprei algumas lembranças e voltei a Quito.

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

(RE:) EQUADOR

De: Carlos Leite leiteempedra@ig.com.br
Assunto : Saudaciones, compañero (3)- 25.02.09
Para : semifosco semifosco@blogspot.com
mar, 25 de feb 2009 23:30
Compañero,
As 13 horas de viagem até o Equador a que me referi na outra mensagem incluem, lógico, a conexao feita em Bogotá, Colômbia. Nao me recordo ao certo, mas creio ter passado umas cinco horas zanzando pelo free shopp, observando os soldados da Força Nacional colombiana inspecionarem cada mala ou caixa embarcada nos aviões. Tá na cara a preocupacão do governo com possíveis atos terroristas e com o narcotráfico.


Agora, voltando ao Equador, quero deixar bem claro que ao destacar as semelhanças com o Brasil e outros lugares onde já estive, nao tinha a intenção de criticar ou menosprezar a cultura local. Nem poderia, já que escrevi apenas poucas horas após desembarcar pela primeira vez no país e depois de um rápido passeio pela vizinhança do albergue onde estou hospedado.

Hoje sim já penso poder dizer algo um pouco mais substancial sobre Quito, cidade considerada Patrimônio Cultural da Humanidade e que me surpreendeu por ser muito mais interessante, grande e bonita do que eu podia supor. Para uma cidade de tal porte, me atreveria até mesmo a dizer que ela é organizada, embora tenha lido uma entrevista com um urbanista que critica a falta de ordenamento da capital que, segundo ele, cresce 3,5% ao ano. (Ele talvez sonhe com o Plano Piloto de Brasília, mas deveria conhecer Sao Paulo).

Cedo, apanhei um táxi que me deixou ao pé do Vulcao Pichincha. Dali, por US$ 8, subi de teleférico os 4050 metros da montanha de mesmo nome, até um ponto de onde, em dias claros, se pode avistar toda a cidade. De teleférico, a subida dura cerca de 15 minutos, de forma que a altitude e a beleza do percurso fazem valer a pena o gasto. Nunca imaginei que eu, um brasiliense saudoso da praia, fosse me emocionar com as montanhas e com o silêncio. Tanto que nem me incomodei com o frio.

Para descer apanhei uma van que por US$ 1 me deixou no Centro Histórico, bem diante do Palácio do Carondelet, onde trabalha o presidente Rafael Corréa. De acordo com o funcionário que guiou o grupo ao qual me juntei para visitar o edifìcio, Corréa é o primeiro presidente equatoriano a permitir que cidadaos e turistas conheçam o local, palco de episódios trágicos da história nacional.

Agora, você vai ficar chocado ao saber que diante da imponente igreja construída pela Companhia de Jesus, no século XVI, eu me lembrei do que você me disse uma vez sobre eu viajar para tantos lugares e nao me preocupar com nada além da qualidade das ondas e do surf. Pois é, meu amigo, talvez eu esteja prestes a me tornar um velho afrescalhado, mas andei pensando sobre isso e decidi nao apenas ficar mais tempo em Quito, mas também ir sem pressa rumo ao litoral Sul do Equador, onde está meu destino da vez, o motivo maior de minha vinda: a praia de Montañitas.

Pelo que vi até agora, creio que valerá a pena, pois confesso estar surpreso com esta cidade. Até mesmo a uma exposicao de quadros eu fui. Era de graça e como me lembrei de já ter lido algo sobre o tal pintor russo, Marc Chagall (1887-1985), decidi dar uma chance ao Centro Cultural Metropolitano. Sorte minha, pois se nao entendi muito bem as 51 gravuras originais que o pintor fez para o livro A Odisséia, de Homero (IX a.C.), pude ver as 185 fotos selecionadas para o World Press Photo 2008, um importante prêmio de fotojornalismo.

Imagino o quanto você deve estar surpreso comigo, mas olha, você ficaria realmente surpreso se pudesse ver que, assim como eu, a maioria das pessoas que entravam para apreciar as duas exposiçoes pareciam humildes, talvez estivessem passando e, como eu, ao ver que a entrada era gratuita, decidiram conhecer o local. Achei isso muito significativo. Assim que conseguir baixar as fotos que tirei, te mando cópias.

Abraço do amigo
Carlos Leite

terça-feira, fevereiro 24, 2009

VC TEM 01 NOVA MENSAGEM

De : Carlos Leite leiteempedra@ig.com.br
Asunto : Saudaciones,compañeiro - 24.02.09
Para : semifosco
semifosco@blogspot.com - mar, 24 de feb 2009 13:40

Hola,compañero semifosco.

Escrevo para contar que cheguei ontem a noite a Quito. Sim, isto mesmo. Consegui um acordo para que o gerente da loja me demitisse e, com a rescisao mais o Fundo de Garantia (o acordo previa que eu abrisse mao da multa de 40%), cai na estrada novamente. E tenho que te agradecer, já que essa viagem só se tornou possível graças ao link que você me enviou - lembra? Para aquela matéria que demonstrava que as passagens aéreas compradas no exterior saem mais baratas que no Brasil.

Inicialmente pensei em ir para Itacaré ou para o litoral Norte de SP, mas me lembrei da matéria e, consultando o site panamenho da Avianca - uma companhia aérea colombiana - consegui comprar bilhetes de ida e volta por menos de US$ 500. Ou seja, quase a mesma quantia que gastaria para ir a Bahia.

Assim, graças ao poder da informaçao, cá estou eu, após 13 horas de viagem a partir do Aeroporto de Guarulhos (SP) e um bom banho quente, escrevendo do lobby do albergue (ou Hostal) Alcala, em pleno bairro boêmio La Mariscal, em uma fria noite quiteña.

Acabo de chegar de uma breve caminhada de reconhecimento e posso te assegurar que esta é a palavra exata, reconhecimento, já que este bairro é a máxima representaçao de que a globalizaçao "planificou" o mundo, tornando-o mais uniforme.

Com suas boates, seus cafés e restaurantes de comida tailandesa, marroquina, libanesa e tudo mais que você imaginar, Mariscal é como a Lagoa da Conceiçao, em Florianópolis, sem a lagoa. Ou como Paraty e Ilhabela, para ficar apenas nos destinos brasileiros.

A familiaridade, aliás, vai além. Na capa do El Comércio (US$ 0.35) de hoje, a manchete "La Humanidad celebró el Carnaval, pese a la crisis" explica o destaque dado a imagem de uma mulher em cima de um carro alegórico da...Grande Rio, do Rio de Janeiro. E nao bastasse isso, o jornal reporta para a ameaça local da Dengue.

Para encerrar e te provar que nao exagero ao dizer que me sinto em casa, veja os filmes em cartaz no Cinemark muito longe da sua casa: Operacao Valquiria, com Tom Cruise; Sim, Senhor, com Jim Carrey; O Curioso Caso de Benjamin Button, com Brad Pitt; a Pantera Cor de Rosa, com Steve Martin e Quem quer ser um Milionário, Oscar de melhor filme.

Agora, experimenta ver o que está passando aí próximo a sua casa.

Abraçao do seu brother,
Carlos Leite

sábado, fevereiro 14, 2009

Charlie Winston...


...cantor e compositor folk britânico, cujo disco parcialmente reproduzido aqui intitula-se HOBO (vagabundo; sem-lar). Irmão do também músico Tom Baxter, abriu shows de Peter Gabriel após este conhecer sua música. Por ora, é tudo que sei, mesmo após pesquisa ao google.

Portanto, clique play e conheça sua música antes que ele se torne "in" ou algo do tipo e as informações sobre ele sobrepujem as sobre seu trabalho.


Charlie Winston

terça-feira, fevereiro 10, 2009

Contra a nudez gratuita

Em outubro de 2008, o ator Pedro Cardoso criticou, publicamente, o que classifica como "a banalização da nudez". Para ele, que faz questão de destacar que não é contrário à pornografia no âmbito "privado", o limite que separa a indústria do entretenimento do da pornografia é tênue e os profissionais de comunicação devem estar conscientes disso, evitando servir de ferramenta para diretores e roteiristas que, segundo ele, levam para o palco suas frustrações sexuais.
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Em novembro, Cardoso concedeu uma entrevista ao jornalista Roberto D´Ávila. Como não poderia deixar de ser, o jornalista abordou o tema ainda fresco na mídia, que não teve dificuldades para encontrar atores, atrizes e diretores de cinema, teatro e tv indignados com o Cardoso.
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Inflamado pela "chama sagrada da idéia", como classificou Dávila, surpreendido pela profundidade da discussão proposta por Cardoso, o ator acabou enveredando por algo que poderia ser saldado como uma crítica à divisão do trabalho. Uma pena estar faltando, no youtube, a parte em que Cardoso fala sobre a origem da polêmica, ou seja, porque decidiu falar abertamente contra a nudez e o sexo gratuito, principalmente na TV aberta.
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Para Cardoso, diante da recente prevalência de diretores, o ator tem perdido a real noção de suas responsabilidades. Na parte 3, Cardoso declara que o Brasil é o país do pequeno poder. "O cara que vai para o cargo de diretor e acha que aquilo é um poder...Não diga para um ator fazer isso ou aquilo. Pergunte a ele o que ele acha que o personagem deve fazer". Para ele, "um diretor não é uma peça importante. Eu acho que é uma função como outra qualquer e que o fundamental nessa arte (teatro) é o escritor e o ator".
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ONDE CARDOSO FALA ATOR/DIRETOR, LEIA-SE A PROFISSÃO DE PREFERÊNCIA, POIS O PENSAMENTO SE APLICA A TODOS.


terça-feira, fevereiro 03, 2009

Não Li e Não Gostei

Havia dois fóruns mundiais - o econômico, em Davos, na Suíça, e o social, na nossa tórrida Belém (PA) - acontecendo simultaneamente, em meio à crise econômica mundial que já consumiu milhares de empregos em todos o mundo.

Havia os últimos arranjos partidários para as eleições que definiriam os novos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado.

Havia a polêmica em torno da concessão de asilo político, pelo governo brasileiro, ao ex-militante de esquerda, Cesare Battisti.


Isso para não falar da entrada em vigor do novo salário mínimo e da ampliação do número de beneficiários do Bolsa Família. Só que aí já seria pedir demais, afinal, por mais azedo que fosse o texto, leitores menos atentos poderiam concluir que o governo é bacana. Vai daí que, com tudo isso e muito mais, a ultra-direitista Veja achou por bem brindar seus leitores com um assunto da maior relevância: Por que eles nunca crescem?

Não, meu amigo, eles, no caso, não é uma referência às pequenas e médias empresas, tolhidas pelas dificuldades de obter financiamentos atraentes. Eles, como deixa claro a capa, são os jogadores brasileiros de futebol, “milionários de calção”, vítimas da “síndrome de Peter Pan”.

O mesmo leitor desatento que poderia concluir que o governo é bacana (o que, definitivamente, a Veja não endossa) chega à banca, vê a capa da revista semanal de maior vendagem no Brasil e conclui apressadamente, “Ah, esses malandros nunca crescem mesmo”. Pronto! De acusado, Robinho passa a ser culpado do crime de estupro.

Mas é isso aí. O País merece Veja, Big Brother, Luciana Gimenez, Zorra Total, Video Show, Caras.