quarta-feira, fevereiro 25, 2009

(RE:) EQUADOR

De: Carlos Leite leiteempedra@ig.com.br
Assunto : Saudaciones, compañero (3)- 25.02.09
Para : semifosco semifosco@blogspot.com
mar, 25 de feb 2009 23:30
Compañero,
As 13 horas de viagem até o Equador a que me referi na outra mensagem incluem, lógico, a conexao feita em Bogotá, Colômbia. Nao me recordo ao certo, mas creio ter passado umas cinco horas zanzando pelo free shopp, observando os soldados da Força Nacional colombiana inspecionarem cada mala ou caixa embarcada nos aviões. Tá na cara a preocupacão do governo com possíveis atos terroristas e com o narcotráfico.


Agora, voltando ao Equador, quero deixar bem claro que ao destacar as semelhanças com o Brasil e outros lugares onde já estive, nao tinha a intenção de criticar ou menosprezar a cultura local. Nem poderia, já que escrevi apenas poucas horas após desembarcar pela primeira vez no país e depois de um rápido passeio pela vizinhança do albergue onde estou hospedado.

Hoje sim já penso poder dizer algo um pouco mais substancial sobre Quito, cidade considerada Patrimônio Cultural da Humanidade e que me surpreendeu por ser muito mais interessante, grande e bonita do que eu podia supor. Para uma cidade de tal porte, me atreveria até mesmo a dizer que ela é organizada, embora tenha lido uma entrevista com um urbanista que critica a falta de ordenamento da capital que, segundo ele, cresce 3,5% ao ano. (Ele talvez sonhe com o Plano Piloto de Brasília, mas deveria conhecer Sao Paulo).

Cedo, apanhei um táxi que me deixou ao pé do Vulcao Pichincha. Dali, por US$ 8, subi de teleférico os 4050 metros da montanha de mesmo nome, até um ponto de onde, em dias claros, se pode avistar toda a cidade. De teleférico, a subida dura cerca de 15 minutos, de forma que a altitude e a beleza do percurso fazem valer a pena o gasto. Nunca imaginei que eu, um brasiliense saudoso da praia, fosse me emocionar com as montanhas e com o silêncio. Tanto que nem me incomodei com o frio.

Para descer apanhei uma van que por US$ 1 me deixou no Centro Histórico, bem diante do Palácio do Carondelet, onde trabalha o presidente Rafael Corréa. De acordo com o funcionário que guiou o grupo ao qual me juntei para visitar o edifìcio, Corréa é o primeiro presidente equatoriano a permitir que cidadaos e turistas conheçam o local, palco de episódios trágicos da história nacional.

Agora, você vai ficar chocado ao saber que diante da imponente igreja construída pela Companhia de Jesus, no século XVI, eu me lembrei do que você me disse uma vez sobre eu viajar para tantos lugares e nao me preocupar com nada além da qualidade das ondas e do surf. Pois é, meu amigo, talvez eu esteja prestes a me tornar um velho afrescalhado, mas andei pensando sobre isso e decidi nao apenas ficar mais tempo em Quito, mas também ir sem pressa rumo ao litoral Sul do Equador, onde está meu destino da vez, o motivo maior de minha vinda: a praia de Montañitas.

Pelo que vi até agora, creio que valerá a pena, pois confesso estar surpreso com esta cidade. Até mesmo a uma exposicao de quadros eu fui. Era de graça e como me lembrei de já ter lido algo sobre o tal pintor russo, Marc Chagall (1887-1985), decidi dar uma chance ao Centro Cultural Metropolitano. Sorte minha, pois se nao entendi muito bem as 51 gravuras originais que o pintor fez para o livro A Odisséia, de Homero (IX a.C.), pude ver as 185 fotos selecionadas para o World Press Photo 2008, um importante prêmio de fotojornalismo.

Imagino o quanto você deve estar surpreso comigo, mas olha, você ficaria realmente surpreso se pudesse ver que, assim como eu, a maioria das pessoas que entravam para apreciar as duas exposiçoes pareciam humildes, talvez estivessem passando e, como eu, ao ver que a entrada era gratuita, decidiram conhecer o local. Achei isso muito significativo. Assim que conseguir baixar as fotos que tirei, te mando cópias.

Abraço do amigo
Carlos Leite

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