sexta-feira, agosto 24, 2012

Para além das praias potiguares


Nem nas férias a conexão cai e deixo de receber o espírito de porco que incorporo  todos os dias entre as 18 horas e as 19 horas. Desta vez, quando ele baixou eu estava na praia, tomando uma água de coco após uma relaxante sessão de surf. O que não o impediu de soprar as seguintes notas:  

****
Irônico. Amigos e conhecidos do Rio Grande do Norte sempre me disseram que o estado foi e continua sendo extremamente machista. Atualmente, contudo, é governado por uma mulher, Rosalba Ciarlini (PSB), e tem outra, a ainda jovem Micarla de Sousa (PV), à frente da prefeitura da capital, Natal. Isso é positivo. O aspecto negativo é que, a julgar pelo termômetro das ruas, a população não está satisfeita com a gestão de nenhuma das duas, principalmente com a de Micarla. A verde, que é jornalista, não só optou por não disputar a reeleição, como não empresta seu apoio a nenhum outro candidato da atual base governista. Segundo um taxista, a questão é que ninguém quer posar ao lado dela por medo de perder votos. Segundo me contaram, a prefeita, que sempre foi muito querida na capital potiguar, teve sérios problemas pessoais, inclusive de saúde, o que a obrigou a delegar responsabilidades demais, prejudicando seu governo e fazendo com que boa parte da população rejeitasse sua gestão. 

                      

******
Não é comum que turistas leiam os jornais das cidades que visitam, salvo, talvez, quando se encontram em São Paulo ou no Rio de Janeiro para conferir a agenda cultural e as fofocas. Isso lhes ajuda a fixar a ideia de que estão no paraíso. Eu, no Rio Grande do Norte, caí na besteira de fazer o contrário. Li não apenas um, mas dois jornais (Tribuna do Norte e Diário de Natal) entre uma e outra sessão de surf. Resultado? Perplexidade. Como um estado tão rico (terceiro ou quarto destino turístico brasileiro, a conferir) e promissor pode se contentar em ocupar as últimas posições do ranking do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e em ser umas das piores localidades em termos de abrangência da rede de tratamento de águas e esgotos segundo a pesquisa da ong Instituto Trata Brasil? Isso para não falar da situação dos hospitais públicos, como o Walfredo Gurgel, onde pacientes são amontoados nos corredores e entubados sem serem anestesiados porque não há anestesia. Isso apesar de o governo estadual ter decretado estado de calamidade do setor para assim poder adotar mais rapidamente as medidas necessárias à resolução do problema. 

                                                           foto: blog Acari Informação
                               

**********
DataBus informa. Em Natal, a passagem de ônibus mais barata custa R$ 2,20. Mais que na capital federal, Brasília, onde, para rodar pelo Plano Piloto (região que concentra o maior poder aquisitivo per capta brasileiro), o cidadão gasta R$ 2. É menos, contudo, que em Santos, a promissora cidade dos subempregados, onde a tarifa mais barata custa inacreditáveis R$ 2,90.

 *****
Ah, Ponta Negra! Nenhum banheiro público na praia. Nenhum chuveirinho. Nenhuma sombra além das fornecidas pelos locatários de guarda-sóis. E nas portas dos bares da orla, um delicado recado: "os banheiros são de uso exclusivo dos clientes. Não insista!". Nenhum problema para o turista hospedado a poucos metros da areia. Já para o cidadão local... E `se é assim agora, imagina na Copa´.

*****
Mas para não dizer que não falei de flores, dá para comprar coco a R$ 1 na avenida principal, próximo à Ponta Negra. Ou seja, metade do preço pago por quem roda pelo Plano Piloto de Brasília (região que concentra etc, etc). E 150% mais em conta do que o coco mais barato vendido na praia de Santos, a promissora cidade dos subempregados, onde a tarifa de ônibus mais barata etc, etc...Aliás, seguindo nas comparações (hábito inevitavelmente adquirido por quem viaja), em Ponta Negra dá para encontrar hotéis com vista para o mar por R$ 60 a diária. O que eu fiquei, embora modesto, oferecia tv a cabo, frigobar, um excelente colchão e uma varanda com vista pro Morro do Careca onde se podia armar uma rede. Qual turista troca isso por pagar R$ 200 a diária para se hospedar em Santos, de frente para o BNH? Ou R$ 209 em um hotel "dito econômico" no canal 3?



Um comentário:

Eliana disse...

Mas tu ainda tá aí??? isso que é ser chique...rsrs