sexta-feira, agosto 02, 2013

A Humilhação do Futebol Brasileiro

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    Camp Nou
    JOGO EM ANDAMENTO!


"O principal motivo deste amistoso é vermos este menino [Neymar] jogando ao lado do Messi". 

Sério que isso é tudo que um comentarista esportivo brasileiro, supostamente um amante do futebol, tem a dizer a respeito de mais um vexame do Santos diante do clube espanhol Barcelona?

"Ah, mas perder do Barça de Messi não é vergonha". Perder não, mas voltar a protagonizar um tragicômico espetáculo que confirma o atual desnível entre o futebol brasileiro e o de outras potências mundiais... ah, isso é sim uma vergonha que deveria ser compartilhada por todos os que realmente gostam do esporte. 

Não entendi a tolerância, a condescendência dos comentaristas globais (ou fingi não entender. Sabe como é, né? Muito dinheiro envolvido em um espetáculo desses). Independente de se tratar de um amistoso, quem estava em campo representando o futebol brasileiro não era um folclórico Ibis. Não. Era o ex-time com o qual Pelé se consagrou, equipe oito vezes campeã brasileira, três vezes vencedora da Libertadores e bi-campeão Mundial Interclubes. Não bastasse esse passado de glórias, os entusiastas brasileiros deveriam lembrar que, ainda hoje, o Santos é uma das principais equipes brasileiras. E se preocupar. Pois se uma forte equipe brasileira passa, pela segunda vez, um vexame como o que o Santos passou hoje diante do Barça, há muito o que pensar sobre a qualidade do futebol nacional.

Não somos o país do futebol? Não somos um celeiro de craques? O futebol e o brasileiro não são tão indissociáveis a ponto de justificar a realização da Copa do Mundo? Não nascemos todos já com a ginga necessária para driblar os adversários e adversidades? Por que, então, enquanto os jogadores do Barça constroem coletivamente verdadeiras obras-primas de jogadas eficientes, nossos atletas se vêem perdidos em campo, contando com o talento individual e arriscando chutões pra frente? Isso para não falar na nossa visível falta de estratégia tática. Por que nos conformamos com a vergonha de uma de nossas principais equipes?

Será que nos conformamos com a vergonha de uma de nossas principais equipes porque continuamos apostando no indivíduo? Nas personalidades? Como disse o juiz Arnaldo, "vamos deixar a tristeza de lado e falar da alegria deste menino [Neymar, mais uma vez]. Quanto mais você fizer, quanto melhor você vier a ser, melhor será para o futebol brasileiro". E nada mais, somente umas palavras do Galvão, que, a certa altura, deu uma leve estocada nas Polianas apontando "a vergonha para um time tão importante quanto o Santos".

A questão é que se o futebol deve ser tema de interesse (e ação) dos governos conforme costuma defender o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, a humilhação do Santos deveria ser vista como uma vergonha do futebol brasileiro, administrado de forma amadora. E a vitória do Barça deveria ser interpretada como a vitória do "futebol apolíneo" da velocidade e da eficiência coletiva sobre o futebol dionisíaco que praticamos com cada vez menos sucesso (só não vou escrever sem nenhum sucesso pelas recentes vitórias do Corinthians e do Atlético Mineiro).

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