Os manos diriam "perdeu, playboy". Os estrategistas gritariam a plenos pulmões, entusiasmados, "xeque-mate!". Madrinha Naninha suspiraria entre dentes: "um dia a máscara cai". Sinuca de bico, senti eu.
Ao participar do programa Na Moral, da tv Globo, o pastor Silas Malafaia enrolou, enrolou, enrolou e, após tentar convencer a todos que é tolerante, não aceitou o convite de um representante umbandista, o babalorixá Ivanir dos Santos, para participar de uma caminhada ecumênica que, em resumo, prega o respeito à diversidade religiosa e o reconhecimento da laicidade do Estado. A presença de Malafaia, afirmou o autor do convite, seria um claro recado aos evangélicos que o ouvem.
Mesmo liso como sabonete, Malafaia ficou sem saída: ou aceitava o convite ou inventava uma desculpa qualquer para o fato de ser um dos líderes do único segmento que não aceita participar do evento. Se aceitasse, precisaria, daqui a alguns meses, caminhar lado a lado com os umbandistas que alguns pastores evangélicos demonizam e com lideranças católicas com quem disputa fiéis. Enrolou e não respondeu objetivamente, escolhendo, assim, a segunda opção. Para tentar se justificar, disse querer evitar corroborar atos que, segundo ele, têm motivações políticas. Logo ele que, nos últimos tempos, tem frequentado Brasília mais que muitos parlamentares.
E foi isso. Um único momento digno de nota durante o debate. O que levou uma internauta de ironizar, no twitter, que "se o país é laico, deviam ser proibidos estes tipos de debates religiosos ridículos que só servem para dar ibope pra barraco". Não dá para dizer que seja um comentário insensato. Principalmente quando alguém assistindo ao programa decide escrever "Entenda, Deus comanda tudo!!! Sua existência é por permissão DELE". Aí, meu amigo, certo está o outro que declarou "laico é meu sono. Respeito".
Mesmo com a camada de verniz que o ex-ministro do STF, Carlos Ayres Britto, emprestou à atração, a simples presença de Malafaia entre os debatedores indicava, de cara, que a conversa não ia muito longe. Mas é da lógica do show business. Tanto quanto o apresentador Pedro Bial exibir os mesmos arroubos verbais pretensamente poéticos pelos quais ficou marcado no comando do Big Brother - essa sim uma atração laica.
Mesmo com a camada de verniz que o ex-ministro do STF, Carlos Ayres Britto, emprestou à atração, a simples presença de Malafaia entre os debatedores indicava, de cara, que a conversa não ia muito longe. Mas é da lógica do show business. Tanto quanto o apresentador Pedro Bial exibir os mesmos arroubos verbais pretensamente poéticos pelos quais ficou marcado no comando do Big Brother - essa sim uma atração laica.
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