Após três noites em Zancudo, uma praia da província de Puntarenas, no sul da Costa Rica, o surfista brasiliense Carlos Leite e sua namorada decidiram seguir para Pavones. A menos de 20 quilômetros de Zancudo, Pavones é uma praia mundialmente conhecida por suas longas ondas para a esquerda. Há quem diga que é uma das ondas mais longas do mundo, já que, com a ondulação certa, seria possível surfar por uma distância de até 800 metros antes da espuma se quebrar contra a areia da praia.
O casal se deparou com um primeiro inconveniente: deixar Zancudo. Tão difícil quanto chegar à praia ainda pouco explorada turisticamente, sair também exige certa logística. A única opção para ir a Pavones, por exemplo, é acordar cedo, apanhar o ônibus que parte para Golfito às 5h45, descer em Conte, no meio do caminho, e apanhar um outro ônibus que, se tudo der certo, só passa ao meio-dia. São no mínimo seis horas esperando à beira da estrada.
Leite não sabia disso até chegar ao mercadinho de beira de estrada de Conte. A perspectiva de esperarem sentados em um banco de madeira desestimulou o casal e assim que surgiu o primeiro ônibus dali para qualquer outro lugar, Leite não pensou duas vezes em apanhá-lo, sem saber muito bem onde seria o tal lugar.
Ainda no Brasil e com base no que eu havia lhe contado de minha viagem de um ano e meio atrás, Leite planejara conhecer Pavones, onde não estive, para então seguir para o Parque Nacional Manuel Antonio, já no Pacífico Central. Diante da dificuldade para seguir o roteiro que havia estabelecido, ele decidiu que o melhor a fazer seria ir direto para Manuel Antonio. No entanto, a falsa idéia de que viajar por um país pequeno como a Costa Rica é fácil ainda o trairia uma segunda vez neste dia.
Carregando mochilas e prancha, Leite e sua namorada tiveram de apanhar mais dois ônibus para, seguindo as instruções que recebiam no caminho, se afastar do litoral em direção a cidade de San Isidro, de onde, enfim, conseguiram tomar um ônibus para voltar ao litoral. Após quase doze horas sacolejando por estradas em sua maioria não-pavimentadas, o casal não agüentava mais o calor. Assim, ao ver a placa indicando a praia Dominical, Leite ignorou meus comentários negativos sobre o local e se apressou a convencer a namorada de que o melhor a fazer seria passar a noite ali e seguir viagem em um ou dois dias.
Desceram do ônibus desorientados e cansados. Tanto que esqueceram de sua regra número um, ou seja, jamais se hospedar, comer ou comprar qualquer coisa sem antes pesquisar outras opções. A diária nem era tão mais cara, mas o quarto era horrível, pequeno, abafado. Sequer comportava uma cama de casal.
Foi o primeiro sinal de alerta quanto à ganância com que alguns exploram o turismo na Costa Rica. No mínimo, cada dois quartos daquela pousada deveriam ter dado lugar a apenas um. Por sorte, o cansaço era tanto que ambos dormiram sem sequer ligar para o calor. Pela manhã, a primeira coisa que fizeram foi acessar este blog para checar onde eu havia ficado em 2006.
Ao se transferirem para o Tortilla Flats, não apenas economizaram dinheiro como ocuparam um quarto maior, de frente frente para um dos locais mais procurados para a prática do surf em toda a Costa Rica.
O casal se deparou com um primeiro inconveniente: deixar Zancudo. Tão difícil quanto chegar à praia ainda pouco explorada turisticamente, sair também exige certa logística. A única opção para ir a Pavones, por exemplo, é acordar cedo, apanhar o ônibus que parte para Golfito às 5h45, descer em Conte, no meio do caminho, e apanhar um outro ônibus que, se tudo der certo, só passa ao meio-dia. São no mínimo seis horas esperando à beira da estrada.
Leite não sabia disso até chegar ao mercadinho de beira de estrada de Conte. A perspectiva de esperarem sentados em um banco de madeira desestimulou o casal e assim que surgiu o primeiro ônibus dali para qualquer outro lugar, Leite não pensou duas vezes em apanhá-lo, sem saber muito bem onde seria o tal lugar.
Ainda no Brasil e com base no que eu havia lhe contado de minha viagem de um ano e meio atrás, Leite planejara conhecer Pavones, onde não estive, para então seguir para o Parque Nacional Manuel Antonio, já no Pacífico Central. Diante da dificuldade para seguir o roteiro que havia estabelecido, ele decidiu que o melhor a fazer seria ir direto para Manuel Antonio. No entanto, a falsa idéia de que viajar por um país pequeno como a Costa Rica é fácil ainda o trairia uma segunda vez neste dia.
Carregando mochilas e prancha, Leite e sua namorada tiveram de apanhar mais dois ônibus para, seguindo as instruções que recebiam no caminho, se afastar do litoral em direção a cidade de San Isidro, de onde, enfim, conseguiram tomar um ônibus para voltar ao litoral. Após quase doze horas sacolejando por estradas em sua maioria não-pavimentadas, o casal não agüentava mais o calor. Assim, ao ver a placa indicando a praia Dominical, Leite ignorou meus comentários negativos sobre o local e se apressou a convencer a namorada de que o melhor a fazer seria passar a noite ali e seguir viagem em um ou dois dias.
Desceram do ônibus desorientados e cansados. Tanto que esqueceram de sua regra número um, ou seja, jamais se hospedar, comer ou comprar qualquer coisa sem antes pesquisar outras opções. A diária nem era tão mais cara, mas o quarto era horrível, pequeno, abafado. Sequer comportava uma cama de casal.
Foi o primeiro sinal de alerta quanto à ganância com que alguns exploram o turismo na Costa Rica. No mínimo, cada dois quartos daquela pousada deveriam ter dado lugar a apenas um. Por sorte, o cansaço era tanto que ambos dormiram sem sequer ligar para o calor. Pela manhã, a primeira coisa que fizeram foi acessar este blog para checar onde eu havia ficado em 2006.
Ao se transferirem para o Tortilla Flats, não apenas economizaram dinheiro como ocuparam um quarto maior, de frente frente para um dos locais mais procurados para a prática do surf em toda a Costa Rica.
A bem da verdade, o Tortilla Flats foi construído em plena areia da praia, o que a alguns mais sensíveis poderia ser o segundo sinal para o pouco caso de alguns em relação ao meio ambiente.
Pelo que Leite me contou, Dominical mudou desde que estive lá. Surgiram novos e sofisticados restaurantes, alguns hotéis de médio porte, lojas e até uma cafeteria. O clima de surf point, no entanto, segue intocado. Surfistas de todo o mundo se reúnem na praia, principalmente em frente ao Tortilla, aguardando pela maré certa para surfar. E onde há surfistas, há garotas, que acabam por atrair outras pessoas. Neste caso, quase todas falando em inglês.
Também continuam lá a área de camping diante da praia, os hippies vendendo artesanato, as iguanas e, nos finais de semana, os outsiders, os travestis e rastas que vêm de São José para curtir a liberdade da praia.
Dominical, como tantas outras praias da Costa Rica, do Brasil e de todo o mundo, é um exemplo de como o surf pode incrementar a economia de um local, mas também trazer, infelizmente, a especulação imobiliária e, na maioria dos casos, a degradação da própria praia.
Pessoalmente, não gostei das poucas ondas que surfei em Dominical. Leite parece ter gostado menos ainda. Além de ser o lugar de onde menos trouxe fotos da sua viagem, o brasiliense confessou ter entrado no mar uma única vez nos dois dias que passou por lá.
“Foi uma merda. Eu acordava cedo, ia checar as ondas e elas estavam relativamente grandes e fechando”, me disse Leite já de volta ao Brasil. “Eu esperava a maré baixar, as ondas diminuíam um pouco, mas continuavam fechando. E mesmo não estando tão grandes, elas quebravam com força suficiente para, num vacilo, quebrar minha única prancha”.
Dominical, como tantas outras praias da Costa Rica, do Brasil e de todo o mundo, é um exemplo de como o surf pode incrementar a economia de um local, mas também trazer, infelizmente, a especulação imobiliária e, na maioria dos casos, a degradação da própria praia.
Pessoalmente, não gostei das poucas ondas que surfei em Dominical. Leite parece ter gostado menos ainda. Além de ser o lugar de onde menos trouxe fotos da sua viagem, o brasiliense confessou ter entrado no mar uma única vez nos dois dias que passou por lá.
“Foi uma merda. Eu acordava cedo, ia checar as ondas e elas estavam relativamente grandes e fechando”, me disse Leite já de volta ao Brasil. “Eu esperava a maré baixar, as ondas diminuíam um pouco, mas continuavam fechando. E mesmo não estando tão grandes, elas quebravam com força suficiente para, num vacilo, quebrar minha única prancha”.
Na manhã em que se aventurou a surfar, Leite disse ter pegado poucas ondas nas quais não tenha completado o drop já em meio à espuma. E embora tenha visto alguns poucos surfistas surfando bem - a maioria apenas remava até o outside e permanecia sentada esperado por uma onda que abrisse -, ele experimentou a desagradável sensação de ser arrastado pela correnteza quando a maré começou a baixar. Após tomar na cabeça toda uma série fechando que quase lhe arrancou a prancha, Leite se convenceu de que os meses longe da praia, em Brasília, sem surfar, o tinham deixado despreparado para encarar Dominical.
Um comentário:
Algumas fotos... http://www.flickr.com/photos/24232321@N05/sets/72157604229184446/
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