Musicalmente falando, creio estar no lugar certo, na hora certa.
Impressão confirmada pelas minhas duas últimas idas a Santos, onde, ao chegar no Bar do Torto, me deparei com a mesma banda de sete anos atrás fazendo um cover de J.Quest e um dj tocando Rappa e Legião Urbana.
Nada contra estas bandas. Música não necessariamente tem data de validade (algumas têm) .O problema é que, em Santos e em vários outros lugares, o tempo parece ter parado. A ponto de a única rádio audível ser a KISS, com os clássicos do rock de há 30 anos.
A impressão é que, nestes lugares, programadores, músicos comodistas, donos das casas noturnas e o próprio público (que, como já escrevi aqui, adora aplaudir sua própria boa memória para refrões manjados) somaram forças para boicotar a nova música brasileira no momento em que a cena vive sua maior pujança. Quem gosta de música e se beneficia da internet sabe do que estou falando. Especialistas apontam: em nenhum outro momento a música brasileira foi tão diversa e rica. E, com certeza, não estão se referindo a Michel Teló ou ao sucesso descartável do próximo carnaval baiano.
Morando em Brasília, tudo isso salta à vista. A cidade que foi tida como a capital do rock nacional quando, nos anos 1980, o chamado BRock irrompia tímido nas rádios e tvs, hoje disputa com outras duas ou três (incluída Belém do Pará) o título de capital da boa música.
Graças à boas escolas de música, a um público não só receptível, mas ávido pelo novo e à mistura de gente de todo o país, cada um com seu gosto e suas preferências, aqui é possível ouvir muita música boa, E não apenas vinda de fora, mas também produzida na própria cidade, nos mais diversos gêneros. Do rap ao pop, tem pra todos, como provam Gog, Ellen Oléria, Móveis Coloniais de Acaju, Lucy and the Popsonics, Hamilton de Holanda, entre outros. Em seus respectivos gêneros musicais, cada um destes já atingiu algum grau de reconhecimento nacional.
Agora, porque volto a escrever sobre isso? Porque um fato que inclusive virou notícia no site G1 confirmou minha tese, reforçando ainda mais minha implicância com a cena santista.
Apenas poucos meses após lançar seu primeiro cd solo na internet (veja bem, somente na internet) o jovem cantor e compositor carioca CíceroLins faz hoje (9) seu primeiro show na capital federal, cidade com a qual não tem nenhuma ligação prévia e que sequer conhecia. Pois bem. OS INGRESSOS ESTÃO ESGOTADOS DESDE ONTEM, segundo a direção da casa onde ele se apresentará (Feitiço Mineiro). Tudo bem que é um espaço pequeno, intimista, adequado para Cícero apresentar as dez músicas do álbum Canções de Apartamento, mas, ainda assim, não deixa de ser sintomático.
Em Brasília, ao longo dos últimos anos, eu tive oportunidade de conhecer praticamente tudo o que anda rolando na cena musical brasileira. A oferta é tamanha que, algumas vezes, perdi a chance por falta de tempo, grana ou disposição. De qualquer forma, a cidade me deu esta perspectiva. Fora das rádios e dos programsa de auditório de nossas tvs, a música brasileira vive um ótimo momento.
Para baixar e ouvir o cd Canções de Apartamento e conhecer Cícero Lins, clique aqui.
Um comentário:
Bom texto sobre a possibilidade da música aqui em Bsb. Não conhecia esse cara carioca não....agradável.
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