quinta-feira, fevereiro 23, 2012

Arte Radical

Meu amigo Carlos Leite prestigiou a exposição em cartaz na galeria Ecco. Mais detalhes, logo mais...

quarta-feira, fevereiro 22, 2012

Esportes Radicais

Acho melhor eu voltar a andar de skate ou então começar a praticar algum esporte menos radical, tipo kite-surf. Pela foto abaixo, dá para concluir que este negócio de futebol é perigoso demais. E olha que a foto não revela que, neste mesmo dia, um saiu do campo direto para a UTI, por problemas cardíacos.

Mr. Finger


Mr. Finger, ex-contador, exímio guitarrista, hábil prestidigitador e folgazão contumaz em raro momento de descanso

Por que filmar Hoover?



Por que Hoover?

Estou me fazendo esta pergunta desde o dia em que assisti ao mais recente filme dirigido por Clint Eastwood, J. Edgar, com Leonardo DiCaprio no papel principal. Provavelmente porque a resposta não está nas telas. Se estivesse, eu, como nos filmes anteriores de Eastwood, não teria lembrado de que, politicamente, o diretor é extremamente conservador.

A cinebiografia do polêmico criador do FBI, John Edgar Hoover, é, a meu ver, um ponto negativo na curva até então ascendente que Eastwood vinha construindo com suas recentes realizações (Meia Noite no Jardim do Bem e do Mal; Sobre Meninos e Lobos, Garota de Ouro, Gran Torino, Cartas de Ywo Jima, Invictus).

Declínio moral? Homens de bem?

A orientação ideológica do diretor era irrelevante ao assistir seus filmes anteriores. Já quando se propõe a contar a trajetória pessoal e profissional do homem que conduziu o FBI com mãos de ferro por 48 anos, Eastwood derrapa. Não apenas porque o resultado final é frouxo - o que, em muitos momentos, leva o espectador (principalmente os não norte-americanos) a desinteressar-se pela história -, mas principalmente porque a impressão que se tem é que a maior polêmica em torno de Hoover teria sido se ele era ou não homossexual. Ou até que ponto as expectativas e cobranças maternas teriam influenciado as posteriores decisões do homem todo poderoso que, de alguma forma, influenciou os rumos do século XX. E aí eu não consigo deixar de pensar na visão de mundo político-ideológica do diretor.

Em uma entrevista à revista Isto É, o diretor admitiu que cresceu vendo Hoover como um herói, “um dos policiais mais admirados e temidos dos Estados Unidos”. “Muito mais tarde”, contudo, Eastwood descobriu que a história não era bem assim. Minha impressão é que, em algum momento, `Dirty Harry´ (o policial durão que tornou o ator e diretor um astro) descobriu que seu modelo era gay.

Sob as ordens de Hoover, o FBI investigou e perseguiu milhares de cidadãos suspeitos de serem ou terem ligações com comunistas. Entre estes estava Charles Chaplin e Martin Luther King (o que aparece muito superficialmente no filme). Por ordem de Hoover, o bureau violou a correspondência e grampeou telefonemas de Albert Einstein a fim de encontrar indícios de que este teria ligações com o Kremlin. Em sua autobiografia (Flashbacks: LSD, a Experiência Que Abalou o Sistema - voltarei a falar sobre isso noutro dia), o psicólogo e papa da lisergia sessentista, Timothy Leary, se refere ao diretor do FBI como um dos "cínicos agressores do processo democrático" que administravam o governo norte-americano quando ele foi preso.

Nem sequer a suposta frase com que o recém-empossado presidente Lyndon Johnson descarta a ideia de demitir Hoover é mencionada, embora revele como o detentor dos temidos dossiês políticos era visto entre os poderosos: “prefiro tê-lo [Hoover] dentro da barraca, mijando para fora, do que tê-lo do lado de fora, mijando para dentro”.

Nada disso aparece no filme. Eastwood parece disposto a mostrar apenas o quanto a ambição ou o senso de dever de Hoover (a conclusão depende de que lado do espectro político o espectador estiver) o fizeram abdicar no aspecto pessoal. O problema é que, diante dos fatos que cercam a biografia de Hoover, há pouco espaço para as soluções de roteiro conciliadoras que Eastwood emprega em outras obras, como Invictus, sobre Nelson Mandela e seus antigos opressores.

Enfim, embora `assistível, J. Edgar um filme superficial que não ajuda a esclarecer quem foi Hoover, que influência ele - ou melhor, seus arquivos secretos - exerceu sobre a política norte-americana e nem tampouco porque Eastwood decidiu filmar sua história à moda de uma história de resignação e amor frustrado. 


segunda-feira, fevereiro 20, 2012

Por Uma Vida Menos Ordinária


Que tipo de gente dedica a segunda-feira de carnaval a limpar a casa ao som de punk-rock?

clique aqui para ouvir Give Me Convenience Or Give Me Death (1987), dos Dead Kennedys


clique aqui para ouvir Time´s Up (1991), dos Buzzcocks


domingo, fevereiro 19, 2012

Folia brasileira na Austrália



Exclusivo. O skatista florianopolitano Pedro Barros venceu esta madrugada (19) o Aberto da Austrália de Surf (Australian Open Of Surfing), na categoria bowl (piscina). Confirmando a excelente fase e o ótimo desempenho neste tipo de pista, o manezinho ficou à frente de atletas consagrados, como o também brasileiro Bob Burnquist, que terminou em quarto lugar.

Barros já havia vencido a etapa do Bowl-A-Rama disputada em Wellington, Nova Zelândia, na semana passada. Além disso, o garoto (prestes a completar 17 anos) já tem duas medalhas de ouro do X-Games, a mais importante competição de esportes radicais.

O irônico é que eu não soube pela imprensa da vitória do brasileiro, mas sim por sua avó, que mora em Brasília (DF). Isso apesar de ter assistido ao programa de esportes dominical da Globo e a um outro de uma tv local. Tudo bem que a coisa ainda tá fresca, mas também encontrei poucas informações nos sites brasileiros  de notícias (exceção da publicada no blog especializado E.V.O.M.). E ainda tem quem menospreze o trabalho de certos assessores de imprensa. Há jornalistas que só mesmo recebendo em mãos o release mastigado... 

sábado, fevereiro 18, 2012

Ministra cobra responsabilidade da família de jovem assassinada


Pode-se discordar das opiniões da ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, mas é necessário reconhecer que, ao contrário da maioria dos seus pares e dos parlamentares brasileiros, a gaúcha não se furta à polêmica. Hoje (18), ela fez um polêmico "desabafo" ("isso está no meu coração, precisando ser dito") que deverá lhe causar aborrecimentos caso a imprensa não esteja ocupada apenas com o carnaval. Não descarto, contudo, que a ministra, já acostumada às críticas à atuação da secretaria e à defesa dos Direitos Humanos, tenha decidido expressar o que muitas pessoas comentavam à boca miúda (comentário que não ameniza em nada a responsabilidade do assassino de Eloá Pimentel, Lindemberg Alves)

Ao citar caso Eloá, ministra cobra responsabilidade de famílias na proteção de crianças e adolescentes
A ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), sugeriu hoje (18) que a família de Eloá Pimentel também tem sua parcela de responsabilidade no envolvimento da adolescente com Lindemberg Alves, condenado a mais de 98 anos pelo assassinato da jovem.

“Vejam o que é a morte da menina Eloá. Uma situação absurda, que revolta o povo brasileiro, mas em todos os noticiários vemos que aquele que matou a Eloá entrou na sua casa e pediu autorização para a sua família para ter uma relação [namoro] com ela, que tinha [na época] 12 anos”, disse a ministra.

Sem poupar críticas ao assassino pelo crime ocorrido em outubro de 2008, Maria do Rosário foi taxativa: a família não deveria ter permitido que Eloá namorasse com Lindemberg, já na época, maior de idade.

“Ele é responsável pelos seus atos e pelo crime. Foi condenado a mais de 98 anos de prisão e eu acho que foi feita justiça, mas quero dizer que nenhuma família, ninguém, deve permitir que crianças estejam mantendo relações em qualquer lugar, permitidas ou não. As crianças brasileiras tem que ser mais protegidas pelos seus pais e suas mães”, declarou a ministra.

Questionada sobre qual seria, em sua opinião, a idade apropriada para que pais autorizassem seus filhos a namorar, a ministra evitou dar sua opinião pessoal, respondendo com base na legislação em vigor. “Não sou eu que julgo isso, mas a legislação diz que com menos de 14 anos, qualquer relação sexual é uma violação e um estupro de vulneráveis. E não basta fazermos leis. É preciso que todos as cumpram. Por isso estou chamando a atenção para este aspecto”, comentou a ministra, demonstrando estar ciente da polêmica que suas declarações podem suscitar.

O “desabafo”, conforme classificou Maria do Rosário, foi um alerta para que a sociedade assuma sua responsabilidade na proteção das crianças e adolescentes. Pela legislação brasileira, cabe ao Estado, à sociedade e à família zelar pelo bem-estar e pelos direitos dos jovens.

“Será que é possível que pais e mães não estejam atentos [para o fato] que, com 12 anos de idade, não é possível que os meninos e as meninas estejam sexualizados precocemente?”, questionou a ministra. “O governo federal, os municípios e os estados estão trabalhando muito para formar a rede de proteção [às crianças e adolescentes], mas precisamos que a sociedade esteja mais atenta”, cobrou a ministra.

“Precisamos não só de governos mais atentos – e estamos tentando fazer nossa parte -, mas também de pais e mães mais atentos, cuidadores e sociedades mais atentos. A sociedade tem que fazer sua parte. Se vocês tiverem dúvidas sobre se uma menina ou um menino está sofrendo um abuso, sigam a intuição e denunciem. Busquem o apoio do Disque 100, do Conselho Tutelar, da polícia. Se, na dúvida, não denunciamos [um caso suspeito], uma criança pode ser morta ou abusada”.                                                                                (fonte Agência Brasil)

E provando que quem não está confuso é porque não entendeu nada, para completar, quando se imagina que o representante legal da família vai rebater a tentativa da ministra de apontar parte da responsabilidade da(s) família(s), o que ele faz? Parabeniza-a pela coragem de, como muitos querem crer, `tocar o dedo na ferida´

Advogado da família de Eloá diz que é mesmo preciso mais atenção dos pais sobre atitudes dos filhos

O advogado da família da jovem Eloá Pimentel, Ademar Gomes, disse hoje (18), que a ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, tem razão ao cobrar dos pais mais atenção sobre as atitudes e decisões dos filhos. Procurado pela Agência Brasil, Gomes elogiou as declarações da ministra, mas acrescentou que o governo tem que se preocupar com a educação e com o que classificou de “falta de limites dos meios de comunicação”.

“A ministra está de parabéns em suas declarações, mas o governo também deve pensar em limites aos meios de comunicação para que as famílias possam então cobrar seus filhos. Hoje, com os meios de comunicação invadindo nossas casas com cenas que envergonham toda a família, fica difícil os pais controlarem os jovens”, destacou o advogado, criticando alguns programas de TV. “A qualquer hora é possível vermos cenas de sexo na televisão”, completou.

O advogado chegou a parabenizar a ministra pela coragem de falar publicamente sobre o tema, mas frisou que não se pode transferir à família a responsabilidade pelo desfecho do caso. “O assassino extrapolou e é o maior responsável pela morte da Eloá, tanto que a Justiça o condenou a mais de 98 anos de prisão, mas não podemos perder de vista que esse é um caso como tantos outros que acontecem, cometido por um jovem de máformação, que não teve uma educação adequada, criado com liberdade excessiva”, frisou Gomes.

Ele garantiu que a família de Eloá tentou impedir que ela namorasse com Lindemberg Alves, mas não conseguiu se sobrepor à vontade da jovem, assassinada em maio de 2008. “Hoje é muito difícil impor limites às crianças e aos jovens”, disse o advogado, lembrando o caso de Flávia Anair de Lima, morta no ano passado. Flávia, que tinha 16 anos, morreu após cair da sacada do apartamento onde vivia com o então namorado, o ex-jogador de futebol, Rafael Silva, de 20 anos. Como o casal teria brigado horas antes, a polícia investiga o que de fato aconteceu.

Também no ano passado, a Justiça condenou o ex-jogador de futebol Janken Ferraz Evangelista, de 30 anos, pelo assassinato de sua mulher, Ana Claúdia Melo da Silva, que, ao ser morta, em 2009, tinha 18 anos. Segundo notícias publicadas na época, o casal se conheceu quando Ana tinha 14 anos.                         (Fonte: Agência Brasil)

sexta-feira, fevereiro 17, 2012

Nós Somos A Multidão

Trailer do documentário norte-americano "We Are Legion - The Story of the Hacktivists" (nós somos legião - a história dos hackers ativistas), ainda sem previsão de lançamento no Brasil.

domingo, fevereiro 12, 2012

Metal Contra As Nuvens


Eles fazem parte do vocabulário do rock´n´roll. São as vogais do alfabeto do rock"
Cris Robinson, Black Crowes

"Para mim, quatro dos maiores músicos que já pisaram nos palcos do rock´n´roll"
Richie Sambora, Bon Jovi

"A combinação [de talentos dos quatro integrantes] é simplesmente uma daquelas coisas que acontecem uma vez em um milhão"
Lenny Kravitz

Estive na primeira apresentação deles em Nova York. Tinha 16, 17 anos, e aquele show mudou a minha vida. Já havia ouvido o [primeiro] disco deles e ficado estupefato, mas quando os vi ao vivo, foi, tipo, "caramba..."
Ace Frehley, Kiss

"Não conheço ninguém que acredite que existe um baterista melhor do que John Bonham. Isso é inquestionável"
Dave Grohl, Foo Fighter (e ex-baterista do Nirvana)


É sempre a mesma coisa. Ponho o primeiro disco do Led Zeppelin para tocar, o da famosa foto do Hindenburg em chamas, e logo me pego imaginando o que significou para um jovem acomodado em sua casa, ouvir, em 1969, os primeiros acordes de Good Times, Bad Times explodindo de suas caixas de som. Como terá ele reagido à faixa de abertura do primeiro disco daquela que muitos críticos reconheceriam tardiamente ter sido a "maior e mais poderosa banda de rock da Terra" de sua época? Aos exatos 13 segundos de tic-tic-tics do chimbal, de ataque surdo aos bumbos da bateria e ao memorável riff da guitarra de Jimmy Page. E, mais: como terá ele se sentido ao fim dos 44,28 minutos de audição e à descoberta do "dirigível de chumbo"?

Whole Lotta Led Zeppelin - A História Ilustrada da Banda Mais Pesada de Todos os Tempos (Ed. Agir, 288 páginas), organizado pelo jornalista Jon Bream, é uma valiosa ajuda para quem se dispor a fazer este exercício de perspectiva. Ou melhor dizendo, para quem quiser entender como Page, o vocalista Robert Plant, o baterista John Bonham e o baixista John Paul Jones ajudaram a consolidar a mística de abusos e exageros dos astros do rock´n´roll, inaugurada pelos também britânicos Rolling Stones numa época em que a música ainda era mais que um simples produto embalado para azeitar as engrenagens da indústria cultural.

Para o fans, um livro imperdível que comprova que, ao contrário do que o próprio autor afirma no primeiro capítulo do livro, o Led Zeppelin não "é, foi e sempre será a banda Jimmy Page". Não. O grande diferencial do grupo foi justamente potencializar o talento de quatro músicos talentosíssimos sem que as partes se diluíssem em meio ao todo. Ou seja, no "zeppelin de chumbo", todos tinham o mesmo espaço. Não à toa, todos os quatro integrantes costumam ser apontados como referências e frequentam as listas de melhores de todos os tempos elaboradas por seus pares e por críticos musicais.

Sem se alongar em tecnicismos, o livro se torna atraente a qualquer um que goste de música, principalmente pelas histórias de bastidores, fartamente ilustradas com belas fotos da época. Conta como Page, que já vinha de um outro grupo de sucesso, o Yardbirds (no qual tocaram Jeff Beck e Eric Clapton), selecionou o então desconhecido Robert Plant, jovem vocalista de uma banda universitária, o "maníaco" baterista "que gostava de tocar alto" John Bonham e o multi-instrumentista John Paul Jones, que o procurou após ler um artigo sobre o novo grupo de Page.

"Tínhamos, os quatro, personalidades e interesses muito diferentes, mas acredito que, de alguma forma, fomos reunidos pela divina providência para tocarmos juntos", definiu Page em uma entrevista concedida 35 anos após o primeiro ensaio conjunto, em 1968, no porão de uma loja de discos londrina. "Houve um tipo de silêncio aturdido, expectante. Nunca tinhamos tocado juntos e, de repente, estavamos reunidos e foi muito estranho, quase assustador. Tão bom que foi estranho. E esse aspecto permaneceu conosco do primeiro ao último dia".

Embora não seja correto afirmar que Page era "O" dono da banda, não dá para negar que foi ele sim o maior responsável pelo sucesso e erros do grupo, já que, além de selecionar os músicos e compor a maioria das canções, o guitarrista produziu ele próprio os oito discos de estúdio e um ao vivo lançados entre 1969 e 1978.

"Eu queria controle artístico total, porque sabia exatamente o que queria fazer com aqueles caras", diz Page sobre sua a "abordagem incomum" que adotou em seu novo projeto, três décadas antes do chamado rock independente comprovar ser sustentável.

A série de artigos entrevistas, análises e comentários de quase uma centena de pessoas (o escritor beatnik William Burroughs entre elas) reunidas no livro, também relembra as histórias e lendas geradas em meio às facilidades e exageros à disposição dos jovens astros ingleses. Os encontros com as fans durante as turnês (Uma das groupies favoritas de Page, Lori Maddox, tinha apenas 14 anos quando eles se conheceram. Nascido em 1944, Page devia ser uns quinze anos mais velho); as festas regadas à álcool e drogas; o vício; as perdas familiares; a bem-sucedida administração dos negócios (a cargo do quinto Zeppelin, o agressivo empresário Peter Grant, cuja ligação com "gângsteres" ou meros criminosos também ficou famosa), o que permitiu ao grupo ser o primeiro do show business a ter seu próprio avião...

Tudo já sugerido no imperdível filme de Cameron Crowe, Quase Famosos, de 2001.(Filme em que Crowe conta sua experiência pessoal de, com apenas 15 anos, ter acompanhado uma turnê do Zeppelin para escrever um artigo para a revista Rolling Stone)

O Zeppelin durou pouco mais de dez anos. Não sobreviveu à morte do baterista, supostamente asfixiado em seu próprio vômito ao dormir após ter tomado algo como 24 doses de vodka durante 24 horas. Durante o tempo que durou, seus integrantes inscreveram seus nomes no panteão dos mitos da música. Mais que isso. Criaram um gênero: a palavra heavy metal [metal pesado], segundo consta, foi aplicada pela primeira vez por um crítico para definir o som elétrico que os ingleses influenciados pelo blues norte-americano faziam.

Por isso mesmo, Whole Lotta Led Zeppelin é material obrigatório para quem curte rock.

quinta-feira, fevereiro 09, 2012

O público brasiliense acolhe bem a novidade

Musicalmente falando, creio estar no lugar certo, na hora certa. 

Impressão confirmada pelas minhas duas últimas idas a Santos, onde, ao chegar no Bar do Torto, me deparei com a mesma banda de sete anos atrás fazendo um cover de J.Quest e um dj tocando Rappa e Legião Urbana. 

Nada contra estas bandas. Música não necessariamente tem data de validade (algumas têm) .O problema é que, em Santos e em vários outros lugares, o tempo parece ter parado. A ponto de a única rádio audível ser a KISS, com os clássicos do rock de há 30 anos. 

A impressão é que, nestes lugares, programadores, músicos comodistas, donos das casas noturnas e o próprio público (que, como já escrevi aqui, adora aplaudir sua própria boa memória para refrões manjados) somaram forças para boicotar a nova música brasileira no momento em que a cena vive sua maior pujança. Quem gosta de música e se beneficia da internet sabe do que estou falando. Especialistas apontam: em nenhum outro momento a música brasileira foi tão diversa e rica. E, com certeza, não estão se referindo a Michel Teló ou ao sucesso descartável do próximo carnaval baiano. 

Morando em Brasília, tudo isso salta à vista. A cidade que foi tida como a capital do rock nacional quando, nos anos 1980, o chamado BRock irrompia tímido nas rádios e tvs, hoje disputa com outras duas ou três (incluída Belém do Pará) o título de capital da boa música. 

Graças à boas escolas de música, a um público não só receptível, mas ávido pelo novo e à mistura de gente de todo o país, cada um com seu gosto e suas preferências, aqui é possível ouvir muita  música boa, E não apenas vinda de fora, mas também produzida na própria cidade, nos mais diversos gêneros. Do rap ao pop, tem pra todos, como provam Gog, Ellen Oléria, Móveis Coloniais de Acaju, Lucy and the Popsonics, Hamilton de Holanda, entre outros. Em seus respectivos gêneros musicais, cada um destes já atingiu algum grau de reconhecimento nacional. 

Agora, porque volto a escrever sobre isso?  Porque um fato que inclusive virou notícia no site G1 confirmou minha tese, reforçando ainda mais minha implicância com a cena santista. 

Apenas poucos meses após lançar seu primeiro cd solo na internet (veja bem, somente na internet) o jovem cantor e compositor carioca CíceroLins faz hoje (9) seu primeiro show na capital federal, cidade com a qual não tem nenhuma ligação prévia e que sequer conhecia. Pois bem. OS INGRESSOS ESTÃO ESGOTADOS DESDE ONTEM, segundo a direção da casa onde ele se apresentará (Feitiço Mineiro). Tudo bem que é um espaço pequeno, intimista, adequado para Cícero apresentar as dez músicas do álbum Canções de Apartamento, mas, ainda assim, não deixa de ser sintomático. 

Em Brasília, ao longo dos últimos anos, eu tive oportunidade de conhecer praticamente tudo o que anda rolando na cena musical brasileira. A oferta é tamanha que, algumas vezes, perdi a chance por falta de tempo, grana ou disposição. De qualquer forma, a cidade me deu esta perspectiva. Fora das rádios e dos programsa de auditório de nossas tvs, a música brasileira vive um ótimo momento. 

Para baixar e ouvir o cd Canções de Apartamento e conhecer Cícero Lins, clique aqui.

terça-feira, fevereiro 07, 2012

O Cinema Iraniano Vai Muito Bem

Caramba!

Que filme.

Não há como não classificar como minimamente sensacional o filme iraniano A Separação, dirigido por Asghar Farhadi.  

Excelentes interpretações. Direção envolvente. Roteiro livre de maniqueísmos. Uma história verossímil que, em sua simplicidade, é capaz de desvendar os absurdos da vida cotidiana: seja sob o jugo dos aiatolás, seja sob supostos regimes democráticos, "o inferno são os outros".

Separação, para mim, está muito além de tudo que já foi dito ou escrito sobre ele e entrou fácil na lista de meus melhores (na qual já há ao menos um outro título iraniano, `Salve o Cinema´)

Compartilho abaixo o trailler, mas adianto que o grande barato é assistir ao filme sem assistir ao trailler, que, inevitavelmente, entrega muitas das surpreendentes reviravoltas do roteiro.

Ah! A indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro? Bom, isso é detalhe... (ainda que sugestione muita gente que, de outra forma, jamais iria ao cinema para ver uma película iraniana). Se bem que um eventual prêmio por melhor roteiro original seja justíssimo.