sábado, maio 25, 2013

Um lado que pesa






Não sei se um de meus três leitores lembram, ou sequer se deram conta, mas, originalmente, o verbo da canção Crua, do músico pernambucano Otto, era bem diferente do que se ouve na versão poliana que tocou na trilha da novela global Passione (2010). Enquanto na primeira, Otto se expunha sem meias-palavras, na dúbia versão novelesca ele continuava lamentando "ter que acreditar num caso sério e na melancolia", para, em seguida, candidamente constatar que enquanto ele chamava, o sujeito oculto da oração (Alessandra Negrini?) PODIA. Alguém podia de noite e de dia enquanto ele inutilmente chamava. É. "Há sempre um lado que pesa e outro que flutua". 
"Por que isso agora, semifosco?", se perguntaria ao menos um dos meus três leitores caso já não soubessem que não cabe questionar as motivações de um blogueiro desocupado. Mesmo assim, respondo. Não só porque amanhã tem Otto no CCBB, mas, principalmente, porque o músico doidão teve a coragem de admitir que, na vida, cumprimos três papéis: ora chamamos sem sermos atendidos, ora estamos ocupados quando nos chamam, ora somos a desculpa que faltava para que outros não atendam às chamadas de terceiros. 

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