segunda-feira, outubro 16, 2006

segunda-feira, 16 de outubro de 2006

Aquilo não era um cachimbo, não era a mamãe, e isto não é um blog cultural. Mas mesmo que minha opinião não valha à pena, me dêem a chance de brincar de crítico cultural, nem que por exercício. Amigos, aguardo comentários, opiniões e críticas de quem já tenha lido, assistido, ouvido ou visitado a qualquer uma das sugestões que eu indicar, se tudo der certo, a cada segunda-feira.

Para assistir na telinha - De início, indicarei dois, pois não estou certo de que o primeiro, a produção hispano-argentina Na Cidade Sem Limites, de 2002, esteja disponível em vídeo, já que o assisti no Cine Brasília, durante a Mostra de Cinema Espanhol. De qualquer forma, o filme de Antonio Hernandéz surpreende ao tornar um drama familiar em um excelente suspense onde nada é óbvio, sejam as relações familiares, seja a própria doença que acomete o pai e motiva a reunião familiar em um hospital de Paris.
Na impossibilidade de encontrar esta fita, fica valendo o brasileiro Nina (www.ninaofilme.com.br), primeiro longa-metragem do diretor Heitor Dhalia . Livremente inspirado no romance Crime e Castigo, do russo Dostoievski, o filme recorre aos traços do igualmente atormentado desenhista Lourenço Mutarelli para dar vida às angústias e alucinações da personagem principal, excelentemente interpretada pela atriz de A Grande Família, Guta Stresser. Além disso, o diretor mostra ter credibilidade e ser bem-relacionado, pois pode se dar ao luxo de contar com um elenco de feras: Selton Mello, Wagner Moura, Lázaro Ramos, Matheus Nachtergaele, Renata Sorrah, Juliana Galdino e a ótima Myriam Muniz, um assombro no papel da velha Eulália.

Para assistir na telona – Já indiquei, anteriormente, o indie Eu, Você, Todos Nós. Assim, atualizo a dica com um filme que acaba de estrear. Dália Negra, o novo policial do diretor Brian de Palma é pipoca, mas das que têm a qualidade de proporcionar prazer momentâneo. Além de trazer beldades como Scarlett Johansson, Hilary Swank e Mia Kirshner (tudo bem, vá lá! Para as garotas, tem também o atual queridinho Josh Hartnett), prende a atenção do espectador. Algumas cenas violentas são dispensáveis, mas, afinal, isso é Hollywood.

Para ouvir em casa – Nem que seja por ocasião dos dez anos de morte de seu vocalista e letrista, Renato Russo, acho que vale a pena (re)escutar com atenção os discos da Legião Urbana. Nem que seja para verificar se suas músicas e as letras escritas por aquele que, a meu ver, foi o maior letrista do rock brasileiro, continuam dizendo algo sobre nosso tempo.

Para ler no Parque da Cidade ou na praia – Os textos são bons, embora sejam o que, em jornalismo, se chama de frios, ou seja, que não tem data de validade porque não são factuais. De qualquer forma, o lançamento da revista Piauí (R$ 7,50) foi “o fato” para o mercado editorial. E como é uma empreitada do diretor de videodocumentários João Moreira Salles (Notícias de Uma Guerra Particular, Entreatos), filho de banqueiro e irmão do Walter Sales de Central do Brasil, é lógico que a revista vai virar assunto obrigatório de mudérnos, estudantes de jornalismo e afins. Mas o que me incomodou foi o fato de que continuamos em desvantagem frente à geração anterior. O melhor texto é do Ivan Lessa, o mesmo que, em 60, escrevia para O Pasquim. Ironia fina.

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