sexta-feira, agosto 21, 2009

Da Califórnia...

A partir de hoje, uma nova personalidade se soma ao exíguo quadro de colaboradores deste blog - que, até então, só havia conseguido convencer o surfista brasiliense Carlos Leite a trabalhar de graça .

Jaana é cearense, inteligentíssima, mas (ou por isso mesmo) pouco afeita à novas tecnologias. Mesmo assim, aceitou a sugestão de registrar em um blog suas experiências em terras yankees, para onde partiu no início de agosto, com o pretexto de fazer um curso acadêmico na University of California. Na cidade de Davis, onde fica um dos nove campus da instituição estadual, passará por uma ambientação preparatória ao doutorado, na mesma instituição, só que no campus de Los Angeles.

"De modo geral, adoro gente: meus familiares, amigos e até desconhecidos. Apesar disso, confesso morrer de p-r-e-g-u-i-ç-a de me associar e iniciar a utilização dessas ferramentas que ajudam a manter as pessoas conectadas. Diário eletrônico não posso prometer, porque não vou cumprir. Mas alguns registros eu asseguro. Estou por aqui! Por aí, em algum lugar".


Bem-vinda ao universo virtual semifosco, jaana.





A cidade das bicicletas
Califórnia - EUA
Davis é uma cidade linda. Organizada, arborizada e com particularidades interessantes. Guardadas as devidas proporções, a considero parecida com Brasília: plana, com prédios baixos, avenidas largas e muito espaço verde.


Quando fui informada de que passaria um mês aqui, fazendo um curso pré-acadêmico, fui à internet pesquisar algo sobre este lugar até então desconhecido para mim. “Davis – The Bicycle Capital of the US” foi a primeira referência que encontrei. Fiquei curiosa. Ansiosa. E, ao chegar aqui, ENCANTADA.
A cidade possui ciclovias de ponta a ponta. Há mapas específicos para ciclistas, explicando os lugares reservados para carros (poucos!), aqueles compartilhados por carros e bicicletas (quase todos!) e aqueles reservados às bicicletas (muitos!!!). Os estacionamentos para bicicletas estão em todos os lugares. Todo mundo usa bike aqui. Depois de alugar uma, minha vida ficou incrivelmente mais fácil. E divertida!

Davis é pequena, e pode ser considerada uma cidade universitária. Possui aproximadamente 60 mil habitantes, mas ao iniciarem as aulas esse número cresce para 90 mil. Acho que a universidade ocupa 1/3 da cidade: muito grande!


"Just Relax, you´re in California"

Estava feliz ao chegar à Davis, mas fiquei MUITO mais feliz ao conhecer os meus colegas bolsistas da Fulbright. Cinco estão residindo no mesmo local que eu: uma da Albânia, uma do Vietnam, um da China, uma do Japão e um de Burkina faso, Oeste da África. São muito legais e fazemos praticamente tudo juntos: aulas, passeios, etc. Estamos nos divertindo de verdade! Os demais bolsistas encontramos na universidade e também temos programações em comum. Tem gente de todos os lugares: do Chile, do México, de Gaza, da Arábia Saudita, Peru, Ucrânia.... a lista é mais longa que minha memória! Ah!... e os Japoneses. Os japoneses não são bolsistas da Fulbright, mas estão participando de programas promovidos por suas universidades.... Lots of them! Todo mundo querendo se conhecer, conversar... Tenho me divertido!

Os americanos com os quais tive contato são um capítulo a parte... Gentis, atenciosos, disponíveis e legais. Não, não vou repetir. Ok, repito, gentis, atenciosos, disponíveis e legais. O que posso fazer se não tenho nada diferente disso a dizer?! Tinha uma expectativa totalmente diferente, mas... como disse uma das coordenadoras do curso: “Just relax; you are in California!”.

O clima

Durante meus primeiros dias em Davis o clima estava perfeito. De manhã e à noite um pouco frio, à tarde um pouco quente, mas tudo sob controle. Em meu quarto dia... que vontade de mudar de assunto! 40 graus Celsius.... q-u-a-r-e-n-t-a!

Juro, por pouco não morri. E todos, ao olharem para mim, diziam: “mas você é do Brasil, deveria estar acostumada a altas temperaturas!”. Não, melhor não lembrar. Ainda tive febre e pensei estar com a tal da gripe suína! (ou H qualquer coisa). É, vou mudar de assunto. Agora o tempo está ficando melhor novamente... Um pouco frio de manhã e à noite, um quente tolerável à tarde (principalmente porque estou em salas de aula com ar-condicionado). Mas já avisaram que vai ficar um pouco mais agradável em breve.

quinta-feira, agosto 20, 2009

Skatopia

Junte Paranoid Park à Mad Max e Woodstock e você terá algo próximo à Skatopia, a Neverland do hoje quarentão Brewce Martin.





Construído por Martin com a colaboração de seus freqüentadores, o local ocupa um terreno de 35 hectares na cidade de Rutland, em Ohio, e é muito mais que uma pista de skate. É a tentativa de erguer um lugar regido por regras próprias, ainda que seja a mais completa falta de regras.

"Meu objetivo é construir um monumento ao skate para que mil anos depois de terminarmos de foder com tudo, algum louco se depare com isto aqui", filosofou Martin à revista Rolling Stone.

Não há bilheterias. Em geral, os frequentadores pagam por sua diversão com algum tempo de trabalho construindo novos obstáculos. Martin também vende ferro velho e pede doações para conseguir o dinheiro necessário para pagar impostos, taxas e sobreviver. Como diz um dos malucos do vídeo abaixo, "o sonho americano. Nada de polícia, nada de governo".



Em Skatopia, as pessoas fumam e bebem se quiserem, o que quiserem e o quanto quiserem e então, se quiserem, dropam por sua conta e risco. Ninguém exige que usem equipamentos de proteção ou os proíbem de atear fogo em um dos muitos carros abandonados no terreno. Ninguém espera que o skatista faça as manobras casca-grossa da moda.

"Só queremos mostrar que as pessoas podem viver seus sonhos sem precisar ser ricas. É uma doença. Todo mundo se refere a "Campo dos Sonhos" quando fala de Skatopia, mas eu sempre vivi assim. Mesmo quando ex-namoradas me diziam que eu ia me tornar um velho sozinho com todas essas coisas que ninguém jamais iria usar, eu simplesmente respondia, "aposto que vão"", conta Martin.

Também há espaço para shows (invariavelmente, de punk ou hard-rock), um museu dedicado à evolução do skate e muitos carros destruídos espalhados pela propriedade. E não parece ser difícil encontrar mulheres atraídas por toda essa testosterona e desordem.

O jornalista Mark Binelli descreveu da seguinte forma o que presenciou durante sua estada em Skatopia.

"Os períodos de caos mais concentrado ocorrem durante o Bowl Bash (algo como festança do Bowl - uma pista em forma de piscina), quando centenas de garotos baixam em Rutland para a versão de Woodstock que acontece em Skatopia. Na primeira edição, em 1996, o primeiro grupo a tocar foi o Stupid America, uma banda punk formada por gays. As bandas tocam no loft localizado no celeiro (ao lado do bowl), o público acampa no terreno, anda de skate, bebe, joga garrafas uns nos outros, dirige loucamente pelas trilhas de terra e fica comemorando o fato de "liberdade" ser apenas mais um termo que designa "ainda tem muita coisa para incendiar por aqui"".


quarta-feira, agosto 19, 2009

Marina é a Novidade!

Agora é oficial. Uma ex-empregada doméstica amazônida surge disposta a entrar na corrida pela sucessão do ex-operário Lula. Nunca antes na história deste país essa "gente cabocla" ousou tanto.

Após 30 anos de militância, a senadora Marina Silva (AC) deixou o PT, legenda que ajudou a criar e a chegar ao poder.

De acordo com a carta que divulgou à imprensa há pouco, a ex-ministra do Meio Ambiente concluiu que seus companheiros não estavam dispostos "a se assumir, inteira e claramente, como agentes da luta por um Brasil justo e sustentável e a fazer prosperar a mudança de valores e paradigmas que sinalizará um novo padrão de desenvolvimento".

Como sua saída do PT e a consequente filiação ao PV indicam sua intenção de concorrer à Presidência da República, em 2010, a decisão de Marina tem um impacto ainda mal avaliado para a disputa que se aproxima.

Para o desgosto de quem preferia uma eleição em clima de Fla X Flu - um referendo a comparar duas gestões essencialmente muito parecidas - e regozijo da oposição, essa mulher tem um histórico respeitável junto aos movimentos sociais e promete oxigenar o debate político. Pode não ganhar (poucos acreditam nesta hipótese), mas desde já sua presença é saudada como algo que irá qualificar um debate que, até então, bipolar, tinha tudo para ser mais do mesmo.

No tocante a este blog, que fique explícito que, confirmada a candidatura, Marina receberá ao menos um voto semifosco no primeiro turno. Ainda que preferisse não votar no PV.

Conforme comentário que postei em um artigo do jornalista Mino Carta, de um partido que diz ter apreço pela democracia e que tem entre seus quadros alguém como Marina - partido este ao qual não sou filiado, mas em cujos candidatos tenho votado ao longo dos últimos anos - o mínimo que eu esperava era que submetesse o nome da senadora e da hoje candidata, a ministra Dilma Rousseff, à prévias partidárias, para que TODOS os petistas escolhessem quem melhor representa seus ideais e programas.


Leia a íntegra da carta de Marina Silva


"Caro companheiro Ricardo Berzoini, [presidente do PT]


Tornou-se pública nas últimas semanas, tendo sido objeto de conversa fraterna entre nós, a reflexão política em que me encontro há algum tempo e que passou a exigir de mim definições, diante do convite do Partido Verde para uma construção programática capaz de apresentar ao Brasil um projeto nacional que expresse os conhecimentos, experiências e propostas voltados para um modelo de desenvolvimento em cujo cerne esteja a sustentabilidade ambiental, social e econômica.


O que antes era tratado em pequeno círculo de familiares, amigos e companheiros de trajetória política, foi muito ampliado pelo diálogo com lideranças e militantes do Partido dos Trabalhadores, a cujos argumentos e questionamentos me expus com lealdade e atenção.


Não foi para mim um processo fácil. Ao contrário, foi intenso, profundamente marcado pela emoção e pela vinda à tona de cada momento significativo de uma trajetória de quase trinta anos, na qual ajudei a construir o sonho de um Brasil democrático, com justiça e inclusão social, com indubitáveis avanços materializados na eleição do Presidente Lula, em 2002.


Hoje lhe comunico minha decisão de deixar o Partido dos Trabalhadores. É uma decisão que exigiu de mim coragem para sair daquela que foi até agora a minha casa política e pela qual tenho tanto respeito, mas estou certa de que o faço numa inflexão necessária à coerência com o que acredito ser necessário alcançar como novo patamar de conquistas para os brasileiros e para a humanidade. Tenho certeza de que enfrentarei muitas dificuldades, mas a busca do novo, mesmo quando cercada de cuidados para não desconstituir os avanços a duras penas alcançados, nunca é isenta de riscos.


Tenho a firme convicção de que essa decisão vai ao encontro do pensamento de milhares de pessoas no Brasil e no mundo, que há muitas décadas apontam objetivamente os equívocos da concepção do desenvolvimento centrada no crescimento material a qualquer custo, com ganhos exacerbados para poucos e resultados perversos para a maioria, ao custo, principalmente para os mais pobres, da destruição de recursos naturais e da qualidade de vida.


Tive a honra de ser ministra do Meio Ambiente do governo Lula e participei de importantes conquistas, das quais poderia citar, a título de exemplo, a queda do desmatamento na Amazônia, a estruturação e fortalecimento do sistema de licenciamento ambiental, a criação de 24 milhões de hectares de unidades de conservação federal, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e do Serviço Florestal Brasileiro. Entendo, porém, que faltaram condições políticas para avançar no campo da visão estratégica, ou seja, de fazer a questão ambiental alojar-se no coração do governo e do conjunto das políticas públicas.


É evidente que a resistência a essa mudança de enfoque não é exclusiva de governos. Ela está presente nos partidos políticos em geral e em vários setores da sociedade, que reagem a sair de suas práticas insustentáveis e pressionam as estruturas políticas para mantê-las.


Uma parte das pessoas com quem dialoguei nas últimas semanas perguntou-me por que não continuar fazendo esse embate dentro do PT. E chego à conclusão de que, após 30 anos de luta socioambiental no Brasil - com importantes experiências em curso, que deveriam ganhar escala nacional, provindas de governos locais e estaduais, agências federais, academia, movimentos sociais, empresas, comunidades locais e as organizações não-governamentais - é o momento não mais de continuar fazendo o embate para convencer o partido político do qual fiz parte pro quase trinta anos, mas sim o do encontro com os diferentes setores da sociedade dispostos a se assumir, inteira e claramente, como agentes da luta por um Brasil justo e sustentável, a fazer prosperar a mudança de valores e paradigmas que sinalizará um novo padrão de desenvolvimento para o País. Assim como vem sendo feito pelo próprio Partido dos Trabalhadores, desde sua origem, no que diz respeito à defesa da democracia com participação popular, da justiça social e dos direitos humanos.


Finalmente, agradeço a forma acolhedora e respeitosa com que me ouviu, estendendo a mesma gratidão a todos os militantes e dirigentes com quem dialoguei nesse período, particularmente a Aloizio Mercadante e a meus companheiros da bancada do Senado, que sempre me acolheram em todos esses momentos. E, de modo muito especial, quero me referir aos companheiros do Acre, de quem não me despedi, porque acredito firmemente que temos uma parceria indestrutível, acima de filiações partidárias. Não fiz nenhum movimento para que outros me acompanhassem na saída do PT, respeitando o espaço de exercício da cidadania política de cada militante. Não estou negando os imprescindíveis frutos das searas já plantadas, estou apenas me dispondo a continuar as semeaduras em outras searas.


Que Deus continue abençoando e guardando nossos caminhos.


Saudações fraternas


Marina Silva"

terça-feira, agosto 18, 2009

É FOGO!

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foto: Marcello Casal Jr. - Agência Brasil
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Período de seca. Há dois meses, nem uma mísera gota de chuva cai sobre o cerrado brasiliense. A temperatura sobe, a umidade relativa do ar cai. Nestas condições, qualquer caminhada se torna uma meia-maratona.

Esturricada, a vegetação favorece o surgimento das chamas. Às vezes, espontâneas, mas, na maioria dos casos, devido à ação irresponsável de pessoas que jogam cigarros em qualquer lugar ou recorrem à queimadas para limpar um terreno.

Segundo o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, incêndios florestais já destruíram dois milhões de metros quadrados no DF. Só ontem (17),27 focos focos foram registrados na região. Um deles ocorreu próximo a Ponte JK, não muito distante do Congresso Nacional.

Vista da Esplanada dos Ministérios, a densa nuvem de fumaça que subia aos céus parecia sair do Congresso, atiçando a criatividade de fotojornalistas. Afinal, enquanto as cinzas caiam, Sarney lutava para permanecer de pé, negando mais uma acusação.

segunda-feira, agosto 17, 2009

As capas das semanais
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Sim, ela é candidata (trecho da reportagem)
A entrada da senadora Marina Silva na corrida presidencial embaralha o jogo eleitoral de 2010. Em entrevista a ÉPOCA, Marina diz que a "utopia deve continuar". A petista deve anunciar em breve sua mudança para o PV.

Morena Marina, você se pintou
Como os hippies fizeram Woodstock

Pornô feito por mulheres para mulheres



A candidata para uma bandeira

Lançamento de Marina Silva pelo PV inclui a questão ambiental na sucessão de Lula e tira espaço político de PT e PSDB

"O PT só tem boas lições a dar"A primeira-dama de El Salvador conta como o governo de seu marido se inspira no de Lula

Admirável mundo limpo



(No site de Veja, a matéria principal, A Igreja Universal na Mira, só é disponibilizada para assinantes)

População brasileira chega a 191,5 milhões, diz IBGE








(A matéria de capa, Histórias de uma guerra civil, ainda não foi disponibilizada no site)

O jornalismo dos patrões (Mino Carta)

sexta-feira, agosto 14, 2009

Um pai, um filho e três filmes semanais

Livro de fácil leitura, ideal para os momentos em que aguardamos por nossa vez em um consultório ou na fila do banco, O Clube do Filme fica a meio caminho entre as obras de auto-ajuda e as de crítica cinematográfica, pendendo muito mais para a primeira opção, o que não o torna menos prazeroso.

O autor, o crítico de cinema David Gilmour, recorda “com uma nostalgia quase dolorosa” o período em que ele e seu filho assistiam juntos a três filmes semanais. Escolhidos por Gilmour, os títulos tinham o propósito de complementar a educação formal que o garoto havia recebido até seus 15 anos, quando os pais, reconhecendo seu enfado com a escola, o autorizaram a abandoná-la. Ao fim de cada sessão, uma conversa sobre os mais diversos assuntos, bate-papo que ajudava a aproximar pai e filho.

Entre os filme escolhidos “de forma bastante aleatória”, “clássicos, quando possível, mas sobretudo películas envolventes, com uma boa trama, já que eu não podia ficar indiferente ao prazer de meu filho ou ao seu apetite por entretenimento”. Em meio a lembranças familiares e breves considerações sobre diretores e filmes, Gilmour registra as reações de seu filho a 113 títulos que vão de Cidadão Kane (de Orson Welles) – “Muito bom, mas de forma alguma o melhor de todos os tempos”, segundo o adolescente” – a Instinto Selvagem (de Paul Verhoeven,) – “Este sim um grande filme”.

Imagino que Gilmour, na condição de crítico, tenha uma boa coleção de fitas VHS e de DVDs em sua casa, no Canadá. Ou que as locadoras canadenses ofereçam a seus clientes um catálogo generoso. O fato é que, no Brasil, qualquer um que queira (re)assistir parte da filmografia citada ao fim do livro ou terá que gastar muito dinheiro para adquirir cópias originais ou terá que recorrer à criticada prática do dowload na internet.

Isso porque as locadoras de vídeo, após tomarem o lugar de cineclubes que existiam em algumas cidades brasileiras, levando-os à quase extinção, tornando-nos dependentes de seus acervos, deixaram sem outras alternativas aqueles que não se contentam em assistir apenas aos últimos lançamentos. Diante da limitação física de suas prateleiras, estes estabelecimentos têm que optar entre preservar uma cópia de Ladrões de Bicicleta (de 1948) ou abrir espaço para o quarto estojo do último blockbuster.

O Clube do Filme
Davido Gilmour
Editora Intrínseca
239 páginas
R$ 24,90

sexta-feira, agosto 07, 2009

A Quasar Cia. de Dança apresenta neste final de semana, em Brasília, seu mais recente espetáculo, Céu na Boca, baseado no paradoxo "entre o paraíso almejado e a realidade ofertada".

Em entrevistas, o coreógrado do grupo goiano, Henrique Rodovalho, explicou que o vigésimo segundo trabalho da companhia surgiu da curiosidade pelas leis da física e teorias do universo e que explosões estelares e movimentos gravitacionais (?) serviram como alegorias para a criação de Céu na Boca. Vou conferir in loco para ver se compreendo.


As apresentações acontecem de hoje (7) à domingo (9), no Centro Cultural Banco do Brasil. Estudantes e clientes do banco pagam meia entrada (R$ 7,50). Para quem não tem carro, há ônibus gratuitos a partir do Teatro NAcional. Cheque horários e pontos de parada no site www.bb.com.br/cultura

segunda-feira, agosto 03, 2009

Um artista da fome

Até o dia 23 de agosto, os brasilienses e quem estiver de passagem pela capital federal tem a oportunidade de ver/conhecer, gratuitamente, um pouco do trabalho do artista pernambucano Abelardo da Hora, 84, “um dos poucos escultores expressionistas de vulto em atividade no Brasil” segundo o folder da mostra comemorativa dos 60 anos desde a primeira exposição de seus trabalhos.

Ignorante, eu jamais havia ouvido falar em Abelardo. Visitei a exposição por acaso, enquanto aguardava o início do show do Vanguart, no mesmo Centro Cultural Banco do Brasil – Brasília (CCBB). E fiquei impressionado ao entrar e dar de cara com as esculturas aqui reproduzidas.

Entre pinturas, gravuras, cerâmicas e esculturas de tamanhos variados, estão expostas cento e trinta obras, cerca de 15 toneladas de material artístico selecionado pelo crítico de arte e marchand Renato Magalhães Gouvêa, que buscou deixar clara “a capacidade do artista de transitar entre técnicas diversas”.

Os temas também variam, embora “dentro de uma coerência que o liga às coisas de sua terra, do povo nordestino e das belezas culturais e naturais da Região Nordeste”. No entanto, para mim, as obras mais impactantes foram aquelas que remetem ao recorrente e atemporal tema da fome. Não por acaso, já que o artista “diz que sua obra é feita para gente brasileira que ama a sua cultura e os seus valores e que também sofre com a seca e a exclusão social”.

“Abelardo conseguira [com sua primeira exposição, em 1948] trazer as vanguardas artísticas internacionais de natureza figurativa, bem como os ecos da Semana de 1922, para dentro do Recife, com uma linguagem plástica inovadora e um requintado rigor formal dos detalhes anatômicos e nas proporções de cada figura”, conclui o folder.

Abelardo da Hora – 60 Anos de Arte
De 30 de junho a 23 de agosto, das 09h às 21h.
Centro Cultural Banco do Brasil
SCES, Trecho 2, lote 22 – telefone (61) 3310-7087
Ônibus gratuito saindo do Teatro Nacional, com paradas ao longo do trajeto (consulte pontos e horários no site www.bb.com.br/cultura

sábado, agosto 01, 2009

"Well, you Needn´t"





Chet Baker. O trompetista norte-americano símbolo do cool jazz tocou com os maiores expoentes de sua época e já era apontado como um dos melhores instrumentistas de sua geração quando, em 1954, decidiu aventurar-se como cantor. Na época, marcada por intérpretes como Frank Sinatra, sua maneira de cantar, quase sussurrando as palavras, causou certo estranhamento. Nada, no entanto, que impedisse que o álbum Chet Baker Sing´s fizesse sucesso entre o público menos purista.

Infelizmente, o envolvimento de Chet com drogas como a heroína cobrou-lhe um preço alto. A partir da década de 1960, sua carreira se tornou errática. Ao passo que outros músicos de sucesso procuravam administrar os aspectos práticos da carreira de forma profissional, Chet passava grande parte do tempo lutando contra problemas na Justiça, detenções e contra o próprio vício. As marcas em seu rosto são evidências claras deste processo.

Chet morreu em Amsterdã, em maio de 1988, ao cair da janela de um hotel barato. Tinha 58 anos e até hoje restam dúvidas se a queda foi acidental ou suicídio.




Clique aqui para ouvir ao álbum Chet Is Back, de 1962