terça-feira, outubro 27, 2009

Se, na primavera, alguém por acaso ouvir um brasiliense dizer que a cidade pulsa ritmadamente vai achar que o sujeito está se referindo ao maior movimento de pessoas na rua e parques, à intensificação do trânsito de carros nas ruas, à maior frequência de shows ou a algo do tipo. Na verdade, a afirmação tem uma razão muito mais concreta de ser. Uma razão, por sinal, quase irritante.


O som de milhões, quiçá bilhões, de cidadídeos machos, esquizofrenicamente chamados de cigarras por extensão às fêmeas da espécie - que, por sinal, não emitem o chamado "canto da cigarra" - se sobrepõem a tudo, às vezes invandindo a noite e despertando os mais sensíveis.

Passeando pelo Plano Piloto é possível vê-las às centenas, presas às árvores e plantas de cuja seiva se alimentam. Daí a curiosidade que me levou a descobrir - se é que se pode confiar na internet - que, diferentemente do que insinua a fábula e o senso-comum, as cigarras são considerados os insetos capazes de viver por mais tempo.

Embora as fêmeas morram logo após colocar seus ovos, os recém-nascidos, as ninfas, penetram no solo, junto às raízes de árvores de cuja seiva irão se alimentar, e aí permanecem por um período que varia de 4 a 17 anos de acordo com a espécie. Passado esse tempo, elas sobem nas árvores, onde chegarão à fase adulta, metamorfoseando-se.

É justamente nesta fase, quando já estão aptos ao acasalamento, que os machos começam a cantar alto para atrair as discretas fêmeas da espécie. Estas sim têm modos e não ficam incomodando a vizinhança por conta de seus hormônios.

Ainda segundo o oráculo Google, Algumas das espécies maiores conseguem facilmente atingir os 120 decibéis, enquanto outras, menores, realizam a proeza de alcançar um som tão agudo que seu canto sequer é percebido pelo ouvido humano, embora cachorros e outros animais possam chegar a uivar de dor por causa dele.

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