Autor de versos perolados como os da música Papa Frango (A moda agora é ganhar sapato do frango,calça do frango, camisa do frango / Sem discriminação!/ A minha roupa, quem me deu foi o frango), Morro ganhou as carrapetas pernambucanas musicando letras sarcásticas e de duplo sentido com uma mistura de samba, funk, axé, brega e até rock.
A “visão de mundo do artista”? Vai da afetiva recordação das assaduras causadas pelas “cuecas de copinho” (Quem não se lembra das cuecas de copinho/ um kit de três cuecas/ de um pano vagabundinho”) à observação atenta de alguns costumes contemporâneos (se pra um salão, ela não pode/ compra biliro e enche o cabelo de bobe/ olha essa menina o que eu vou te contar/ se tu não pode dar chapinha/ passe o ferro de engomar).
Por princípios (que, graças a Deus, não os tenho!) eu deveria ter detestado sua música, mas algo que me soou como uma mistura de Roberto Ribeiro, Moreira da Silva, Mamonas Assassinas, É o Tchan e Calypso acabou me conquistando. Como já bem recomendava Tony Tornado, pra tocar o povão é preciso dar na veia das empregadas. Neste sentido, João do Morro, ex-açougueiro, ex-camelô, tá em vantagem.
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