O sujeito quando não é rico ou popular tem que ao menos procurar estar ligado e contar com alguma sorte. Ano passado, almoçando em um shopping de Brasília, me deparei com o Luiz Melodia na mesa ao lado. De um comentário despretensioso surgiu um convite para ir à apresentação que o músico faria naquela mesma noite, durante a festa de 21 anos da Fundação Cultural Palmares. Imagina você chegar a um show do Melodia e dizer aos produtores que ele mesmo o convidou...Quase não deu certo, mas isso é uma longa história e o importante é que, no fim, entramos eu e minha namorada.
Este ano, para minha surpresa, algo parecido voltou a acontecer. Com o detalhe de que eu havia chegado a Brasília a menos de 12 horas, aproveitando uma promoção de passagens aéreas a R$ 1 a volta. Só por viajar barato eu já estava satisfeito, mas aí encontrei um amigo e, a seu convite, fui parar no show Mães D’Água — Yèyé Omó Ejá, na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional.
Atenção TV Brasil, atenção tevês públicas: como é que ninguém transmite um evento como este? Para celebrar os 22 anos da fundação, o diretor artístico Fábio Espírito Santo e o maestro Ângelo Rafael Fonseca bolaram o inédito encontro de sete cantoras negras que representassem e exaltassem os atributos de Yemanjá.
A proposta resultou no encontro de Alaíde Costa, Daúde, Luciana Mello, Margareth Menezes, Mart´nália, Paula Lima e Rosa Maria que, individualmente ou em duplas e, ao fim, juntas, interpretaram canções de Dorival Caymmi, Edu Lobo, Vinicius de Moraes, Baden Powell, entre outros. Com o luxuoso acompanhamento de uma orquestra completa.
Apesar de algumas deficiências técnicas, o show foi ótimo e mesmo a Luciana Mello, que eu já havia visto antes e não gostado, me surpreendeu positivamente. O único senão foi de Mart´nália, acometida por algo pior que a "Síndrome de Vanusa" já que, tráida por um problema no monitor escondido na frente do palco, revelou não saber a letra da canção O Mar Serenou, de Candeia. Atrapalhada, ao invés de parar e recomeçar após acertarem a letra no prompt, decidiu seguir em frente com um "nã-nã-nã ...quem samba na beira do mar é sereia". Constrangedor para ela, para os músicos da orquestra que seguiam atônitos e para parte da platéia que a aplaudia como que a incentivá-la a não se abater.
A letra é realmente difícil e coisas assim acontecem, mas que Mart´nália é uma cantora limitada ninguém há de negar. Contudo, tem carisma e, em sua carreira solo, tem sabido como nenhuma outra cantora recente (depois de Marisa Monte) escolher o repertório e os músicos que a acompanham. Ontem, com uma orquestra, a receita quase desandou. E cantando ao lado de uma Margareth Menezes ou junto de uma Paula Lima, sua voz sumia. Ainda assim, foi das mais aplaudidas e soube encarar com gaiatice uma segunda tentativa de interpretar a mesma canção para que ficasse registrada no DVD que a Fundação Palmares deve lançar em breve. Atenção mais uma vez tevês públicas: isso é política cultural afirmativa. E, como sugestão, que nos próximos anos a festa ocorra em um espaço aberto já que quem financia o evento é o Ministério da Cultura. Isso permitiria que mais gente visse os shows e, ao mesmo tempo, levaria mais gente a conhecer a fundação e a refletir sobre a luta antiracismo.
Este ano, para minha surpresa, algo parecido voltou a acontecer. Com o detalhe de que eu havia chegado a Brasília a menos de 12 horas, aproveitando uma promoção de passagens aéreas a R$ 1 a volta. Só por viajar barato eu já estava satisfeito, mas aí encontrei um amigo e, a seu convite, fui parar no show Mães D’Água — Yèyé Omó Ejá, na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional.
Atenção TV Brasil, atenção tevês públicas: como é que ninguém transmite um evento como este? Para celebrar os 22 anos da fundação, o diretor artístico Fábio Espírito Santo e o maestro Ângelo Rafael Fonseca bolaram o inédito encontro de sete cantoras negras que representassem e exaltassem os atributos de Yemanjá.
A proposta resultou no encontro de Alaíde Costa, Daúde, Luciana Mello, Margareth Menezes, Mart´nália, Paula Lima e Rosa Maria que, individualmente ou em duplas e, ao fim, juntas, interpretaram canções de Dorival Caymmi, Edu Lobo, Vinicius de Moraes, Baden Powell, entre outros. Com o luxuoso acompanhamento de uma orquestra completa.
Apesar de algumas deficiências técnicas, o show foi ótimo e mesmo a Luciana Mello, que eu já havia visto antes e não gostado, me surpreendeu positivamente. O único senão foi de Mart´nália, acometida por algo pior que a "Síndrome de Vanusa" já que, tráida por um problema no monitor escondido na frente do palco, revelou não saber a letra da canção O Mar Serenou, de Candeia. Atrapalhada, ao invés de parar e recomeçar após acertarem a letra no prompt, decidiu seguir em frente com um "nã-nã-nã ...quem samba na beira do mar é sereia". Constrangedor para ela, para os músicos da orquestra que seguiam atônitos e para parte da platéia que a aplaudia como que a incentivá-la a não se abater.
A letra é realmente difícil e coisas assim acontecem, mas que Mart´nália é uma cantora limitada ninguém há de negar. Contudo, tem carisma e, em sua carreira solo, tem sabido como nenhuma outra cantora recente (depois de Marisa Monte) escolher o repertório e os músicos que a acompanham. Ontem, com uma orquestra, a receita quase desandou. E cantando ao lado de uma Margareth Menezes ou junto de uma Paula Lima, sua voz sumia. Ainda assim, foi das mais aplaudidas e soube encarar com gaiatice uma segunda tentativa de interpretar a mesma canção para que ficasse registrada no DVD que a Fundação Palmares deve lançar em breve. Atenção mais uma vez tevês públicas: isso é política cultural afirmativa. E, como sugestão, que nos próximos anos a festa ocorra em um espaço aberto já que quem financia o evento é o Ministério da Cultura. Isso permitiria que mais gente visse os shows e, ao mesmo tempo, levaria mais gente a conhecer a fundação e a refletir sobre a luta antiracismo.
Um comentário:
foi transmitido hoje a noite na TV Brasol
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