domingo, junho 17, 2012

Filmes que nos aborrecem apesar de...


Os sensíveis que me desculpem, mas um filme nacional despertou o cafajeste que há em mim.

Como, graças a Deus, ainda não é proibido zombar de filmes chatos, eis minha desfaçatez de admitir que só recomendaria que amigos como o surfista brasiliense Carlos Leite assistissem, em dvd, ao filme Budapeste, de Walter Carvalho, pela chance de admirarem as belas atuações, nuas, de Giovanna Antonelli, Débora Nascimento (sim, a Tessália, de Avenida Brasil), da húngara Gabriella Hámori, e, principalmente, da inacessível Paola Oliveira (quem diria! que pernão). Não sei se é verdade que o único idioma que o diabo respeita é o húngaro, mas que até ele deve louvar ao Senhor por desvelar tamanho talento, isso deve.

Já às amigas, eu diria que, tirando a bela fotografia de Lula Carvalho e a trilha sonora composta por Leo Gandelman, o filme é chatíssimo.

(Por que terá a roteirista Rita Buzzar modificado o controverso trecho inicial do livro de Chico Buarque, no qual o filme é baseado, optando por escrever "a primeira vez que fui parar em Budapeste" ao invés do original alvo de piadas "Fui dar em Budapeste"?)




E por falar no que deveria se chamar de categoria "pretension movies", está em cartaz, em Brasília, o filme Deus da Carnificina, mais uma legítima obra da última safra de Roman Polansky. Que, inacreditavelmente, alguns veículos tem classificado como uma comédia.

Embora, do ponto de vista do pedantismo, O Deus da Carnificina não seja tão aborrecido quanto o filme anterior de Polansky, o Escritor Fantasma, é mais uma obra em que o diretor polonês parece expressar conclusão pessimista em relação à humanidade e à sociedade moderna, fruto, talvez, de uma vida marcada por tragédias (a mãe de Polanski foi morta em um campo de concentração alemão; sua esposa, a atriz Sharon Tate, foi assassinada, grávida, por seguidores do maníaco Charles Manson e o diretor foi condenado por ter estuprado uma garota de 13 anos, razão pela qual deixou os Estados Unidos para não ser preso). Paradoxalmente, o mesmo pessimismo e cinismo que torna o filme, no geral, aborrecido, é responsável pelo que ele tem de bom, como o sarro em cima do politicamente correto.

Se é verdade que a plateia do festival de Veneza "caiu na gargalhada" quando o filme foi apresentado, em 2011, eu talvez não tenha entendido nada. E pode ser que o texto original (que não conheço), escrito para o teatro pela dramaturga Yasmina Reza, seja engraçado e não soe tão pedante e aborrecido, mas saí do cinema achando que, infelizmente, o filme não está à altura dos esforços de Kate Winslet, Jodie Foster, Christoph Waltz e John C. Reilly (este sim, excelente).

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