quarta-feira, março 25, 2009

(Só agora tive tempo de postar a primeira das últimas três mensagens que o correspondente globetrotter Carlos Leite me enviou do Equador. Não sei quando voltarei ao blog, mas, em breve, a conclusão da trip deste surfista prego semi-fosco e a atualização das músicas).

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De: Carlos Leite leiteempedra@ig.com.br
Assunto : Saudaciones, compañero (9)
Para : semifosco semifosco@blogspot.com
08 de mar 2009 19:01
Destino de nove entre dez surfistas que viajam ao Equador e que não seguem para Galápagos, Montañita não consta da maioria dos mapas equatorianos oficiais. Omissão que não impediu que a praia da província (estado) de Santa Elena ficasse mundialmente conhecida, tornando-se um verdadeiro surf point, freqüentado não apenas pelos aficcionados no esporte, mas também por mochileiros em geral, hippyes, freaks e algumas gatas.


Caminhando pelas poucas ruas do povoado é fácil constatar que o turismo – e o surf em particular – modificou a vida da pequena comunidade, trazendo alguns importantes benefícios econômicos e ampliando o leque de oportunidades de emprego e geração de renda, mas também novos problemas ainda não devidamente equacionados.

É mais ou menos a mesma história de outros surf points do Brasil e do mundo (litoral Norte de São Paulo, Bali, Pipa, Floripa, Costa Rica, etc): aos primeiros surfistas seguiram-se outros tantos jovens com outros interesses. Junto vieram as garotas e as primeiras festas, realizadas na praia mesmo. Não demorou e as informações sobre o novo “paraíso” circularam entre os mais “descolados”, chamando a atenção de alguns “formadores de opinião”.

Eleitos como lugares “da moda”, não tarda para que estes picos sejam invadidos por turistas com as mais diversas expectativas e concepções quanto à diversão, deturpando o clima reinante até então. Os locais, por sua vez, descobrem que podem ganhar algum dinheiro alugando quartos ou transformando os quintais de suas casas primeiramente em modestos campings e, no fim, em estacionamentos para algumas das centenas de motoristas estressados que dirigem até o local.

Alguns dos moradores mais capitalizados constroem as primeiras pousadas e não tarda muito para que surjam os primeiros “forasteiros” que, apaixonados pelo local, decidem fixar residência e aproveitar o que ainda resta do paraíso original, contribuindo, na maioria das vezes e ainda que involuntariamente, para acelerar o processo de degradação local. Vem a primeira padaria, o primeiro café, a cantina italiana, pizzaria e, dependendo do afluxo de turistas, não tarda a surgir uma grande boate com letreiro néon divulgando as baladas de quarta à domingo.

Em Pipa (RN), até recentemente uma pacata vila de pescadores, uma loja vende roupas da Blue Man e da Crawford. Em Montañita, há uma surf shop com Reef e Billabong. O tipo de consumo almejado pelos moradores destes locais que, na maioria das vezes, vivem uma outra realidade econômica.

Apesar de tudo isso, da falta de água no hotel, das constantes quedas de energia elétrica, da ausência de um posto de saúde bem equipado, o astral em Montañita é propício para se largar na areia e esquecer de tudo isso. De forma que, agora, vou surfar com a prancha que acabo de alugar. Depois escrevo contando mais.

Abraço
Carlos Leite

Um comentário:

Lidia disse...

Ah, Floripa não, né, Carlos Leite?!