“O desejo é um tempo parado
É quando se trocam as datas dos bichos e das flores
É quando aumenta a rachadura da velha parede
É quando se vira a folha, a folha da história
É quando se pinta um fio branco na cabeleira preta
É quando se endurece o rastro de sorriso
No canto dos olhos
Eu sei que a viagem é longa”
A dor da perda “pode ou não, eventualmente” ser um poderoso aditivo para o artista. No c
aso de Otto, a separação, o fim do contrato com a gravadora Trama e os cinco anos sem lançar um disco parecem ter servido de combustível para que ele produzisse um dos melhores discos de sua carreira, quiçá, de 2009, como têm apregoado alguns críticos.
aso de Otto, a separação, o fim do contrato com a gravadora Trama e os cinco anos sem lançar um disco parecem ter servido de combustível para que ele produzisse um dos melhores discos de sua carreira, quiçá, de 2009, como têm apregoado alguns críticos. -
Embora as letras continuem contendo versos herméticos, indecifráveis, as melodias e a interpretação do pernambucano, mais elaboradas, são o bastante para reforçar a mensagem impressa no título do quarto disco solo de Otto: este é um álbum gestado em meio a sonhos intranqüilos.
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Lançado primeiro nos Estados Unidos e na Europa para só então chegar ao Brasil via gravadora e distribuidora independentes, o álbum conta com a participação da paulistana Céu, da mexicana Juliete Venegas e do também pernambucano Lirinha, que embeleza os versos da canção Meu Mundo Dança, reproduzidos acima.
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A banda que acompanha Otto é formada pelo elogiado guitarrista Catatau (da banda Cidadão Instigado), pelo baixista Dengue e pelo baterista Pupillo, que assina a produção do disco junto com o cantor.
A banda que acompanha Otto é formada pelo elogiado guitarrista Catatau (da banda Cidadão Instigado), pelo baixista Dengue e pelo baterista Pupillo, que assina a produção do disco junto com o cantor.
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Detalhe: embora seja um disco perpassado pelo sentimento de perda amorosa e afetiva – como fica implícito na gravação de Naquela Mesa, grande sucesso na voz de Nelson Gonçalves -, Certa Noite Acordei de Sonhos Intranquilos (nome inspirado na primeira frase do livro Metarmofose, de Kafka) não é deprê ou música de corno. É um balanço do que a dor ensina.
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"Naquela mesa ele juntava gente / E contava contente o que fez de manhã / E nos seus olhos era tanto brilho / Que mais que seu filho / Eu fiquei seu fã / Eu não sabia que doía tanto / Uma mesa num canto, uma casa e um jardim / Se eu soubesse o quanto dói a vida / Essa dor tão doída, não doía assim / Agora resta uma mesa na sala / E hoje ninguém mais fala do seu bandolim / Naquela mesa ta faltando ele / E a saudade dele ta doendo em mim".


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