20:30, Brasília (DF), 26º
O Balaio tá fechado. O Armazém do Ferreira também. Até a boate Velvet fechou as portas durante o carnaval. Depois do pôr-do-sol, poucos pedestres caminham pela Asa Norte. Mesmo os automóveis esvaziaram as principais vias do bairro. Dá para atravessar tranquilamente a L2, a W3 e até mesmo o Eixão.
O silêncio se sobrepõe ao som da batucada distante. Passando ligeiro, de bicicleta, adivinho umas poucas tevês ligadas nas amplas salas dos apartamentos funcionais. No ponto de ônibus, a moça, empregada do supermercado, espera o ônibus que a levará de volta para casa, onde vai tentar repor o sono da gandaia seguida por um dia registrando códigos de barras.
Conjunto Nacional fechado, Rodoviária esvaziada, Esplanada dos Ministérios assombrada, a noite é diferente do Conic pra cá. Oito e meia da noite e ainda tem tiozinho fazendo cooper no Parque da Cidade, tem uns boys jogando futvôlei, garotada do Entorno comendo pipoca na fila da roda-gigante. Mas o que tem mais, a esta hora, é casalzinho em atitude suspeita.
De bike é fácil sair pra qualquer lado. Aproveito o declive para descer pela S2 sem esforço, vendo as primas sentadas no calçadão. A tranquilidade da capital engana. O “crime” tá aí pra quem tiver disposição. Que o diga os dois guris que se esgueiram pelo estacionamento do Conic, a chamada Cracolândia.
O governo até que tentou organizar um carnavalzinho ali entre a Rodoviária e o Museu da República, mas o negócio é deprimente. Pra mim, a melhor política do GDF para o carnaval seria não investir nada, deixar por isso mesmo. Se a festa é popular como dizem não deveria depender de dinheiro público para acontecer. Caso contrário é negócio.
E se for colocar dinheiro na folia, que seja para por o bloco nas ruas do Entorno, onde o cidadão passa os dois dias de folga (quando os tem) diante da tevê ou no bar. No Plano, o cara disposto pega avião e vai passar o final de semana na praia, vai de carro pra Chapada...Quem fica quer mais é silêncio. Quer maldade discreta, caminhar no Eixão, pegar um cinema, a noite um showzinho.
Pedalando pela L2, me dou conta de ter feito a escolha certa. Brasília é um dos melhores lugares para se estar neste Carnaval. Se não ligo a televisão, dá até pra esquecer da Ivete Sangalo e da Cláudia Leite e não pensar nos R$ 800 que playboy paga por um abadá. Além disso, viajar agora é mais caro e com o dinheiro que economizei dá para ir duas vezes para Santos, onde a roda do Ouro Verde pega sem cobrança de entrada ou couvert.
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