quarta-feira, junho 13, 2012

Imperfeccionistas retratados à perfeição



Poucos autores devem ter tido a felicidade de Tom Rachman. Em 2010, o inglês, então com 35 anos, lançou seu primeiro livro, o romance Os Imperfeccionistas, com o qual conseguiu atingir um excelente resultado. O que rendeu a sua obra, entre outras coisas, uma menção na lista de livros notáveis elaborada pelo New York Times. E uma eficiente propaganda boca-a-boca feita pelos seus leitores.
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Recém-lançado no Brasil pela editora Record, Os Imperfeccionistas (384 pág.) trata de jornalistas e de um jornal (não-nomeado). Dito de outra forma: Rachman mescla as ficctícias histórias pessoasi de dez funcionários e de uma leitora de um jornal à história do próprio periódico, lançado em 1954 como "um jornal internacionalista, escrito em inglês, embora produzido em Roma".
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Rachman, hoje com 37 anos, conhecia bem o tema escolhido para seu primeiro romance. Já, trabalhou como correspondente internacional da prestigiada Associated Press, foi editor do Herald Tribune, em Paris, e já esteve escrevendo reportagens no Japão, na Coréia do Sul, na Turquia, no Egito, entre outros lugares.
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De forma ácida, irônica e muito bem-humorada, Rachman cria personagens desiludidas, raivosas, competitivas, auto-destrutivas, que as vezes não tem qualquer traço de qualquer auto-estima, outras são egoístas e prepotentes, ou que então estão cansadas da pretensiosa rotina de tentar resumir o mundo nas páginas de um jornal. E todos os defeitos pessoais são potencializados pela corrida contra o relógio para fechar mais uma edição, pela falta de estrutura da publicação e pelos mais mesquinhos motivos.
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"Notícia é, com frequência, uma forma educada de dizer `os caprichos dos editores´", conclui um desmotivado escritor de obituários. "Nada simboliza melhor a futilidade da luta humana que o aspartame", filosofa a repórter de economia que, cansada da rotina solitária, assume um namoro com um hippye desagradável. Há ainda um velho jornalista que, diante do ocaso profissional, se dá conta de não ter mais fontes, amigos e nenhuma intimidade com a família. O herdeiro do jornal, sujeito frágil que, embora só consiga se relacionar com seu cachorro, se vê diante da obrigação de tocar a publicação. E outras...
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Sem dúvida, vale muito a pena ler o livro de Rachman.

Um comentário:

Adriana Araújo disse...

Aleluia, finalmente escreveu. Agora é só me emprestar o livro. kkk!