terça-feira, janeiro 01, 2013

Passagem Salgada

parte de uma queima de fogos que, ao todo, durou mais de 15 minutos




Dane-se que está chovendo, há neblina, e, consequentemente, os já habituais congestionamentos nas estradas rumo ao litoral vão estar ainda mais infernais. Dane-se que meia São Paulo vai estar onde só caberia uma décima parte disso. Que vai haver filas nos mercados, padarias, restaurantes, sorveterias. Pouco importa que o trânsito esteja caótico e andar de ônibus se torne impossível dado o úmido calor senegalesco de 39º. Aliás, temporariamente, danem-se os escorchantes R$ 2.90 da passagem de ônibus mais barata. Danem-se o carros de portas abertas tocando alto gangnam style. Danem-se ainda mais os sertanejos. Danem-se os filmes dublados em cartaz nos cinemas. As cervejas a R$ 4 e a água de coco a R$ 3.5. Os banheiros infectos. Boa parte das praias impróprias. Gente besuntada de uma substância indefectível.

Dane-se.

Quando há ondas no dia 30 e você pode permanecer no mar, surfando, até perto das 20h30, quando já não é mais possível enxergar as ondas antes delas arrebentarem e a espuma branca avançar sobre você, tudo isso se torna irrelevante.

Após quase três horas pegando onda, você deixa o mar e volta pra casa exausto, com os braços pesados, o pescoço dolorido e a panturrilha parecendo que vai ceder ao peso do seu próprio corpo. A alma e a cabeça, contudo, vão leves, satisfeitas, realizadas. E enquanto caminha de volta pra casa chutando a água do mar, você agradece por este presente, este privilégio, de poder se despedir de um ótimo ano deslizando sobre as ondas. E mesmo sem querer abusar, pede aos céus que repitam a dose no dia 1º, afinal, que melhor forma de começar bem um ano novo que dentro do mar, surfando.

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