domingo, janeiro 10, 2010

O Segredo de Seus Olhos

Caso decida abandonar a vida peregrina e a tentativa de aprender a surfar, meu amigo surfista, Carlos Leite, pode, quem sabe, tentar a sorte como crítico de cinema.

No final de setembro, o surfista prego retornou da Argentina e me presenteou com cópias piratas de dois filmes hermanos recém-lançados (Leite, isso é crime, viu?). Sobre um deles, Las Viúdas de Los Jueves (As víúvas das quintas-feiras) eu escrevi em 10 de dezembro. Basta procurar oito posts abaixo. Já sobre o outro, não soube o que dizer de tanto que gostei do filme.

Ao me entregar os cds, Leite adiantou que As víuvas era interessante, mas que El Secreto de sus Ojos (Os segredos de seus olhos) é um dos melhores filmes a que ele já havia assistido. Como nossos gostos não necessariamente coincidem, não fiz muito caso. Até ver os 15 primeiros minutos da obra do argentino Juan José Campanella, dos emocionantes O Filho da Noiva e o Clube da Lua. Bastou isso para concluir estar diante de um filme estupendo, de difícil classificação. Romance? Suspense? Um filme de investigação com um final surpreendente? Tudo isso regado com humor.

Hoje (10), a Folha de S.Paulo informa que mesmo sendo um filme hispano-americano, El Secreto está entre os quatro principais candidatos ao prêmio de melhor filme do prêmio Goya, o Oscar do cinema espanhol. O filme de Campanella disputa o título com El Baile de La Victoria, de Fernando Trueba, e com os favoritos Celda 211, de Daniel Monzón, e Agora, de Alejandro Amenabár. O vencedor será anunciado no próximo dia 23.
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Além de melhor filme, El Secreto também disputa os prêmios da Academia de Cinema Espanhol de melhor direção, melhor ator (para o muso do cine argentino, Ricardo Darín), roteiro adaptado, música original e atriz revelação (Soledad Villamil). Para efeito de comparação, Os Abraços Partidos, de Pedro Almodovár, foi indicado a apenas três categorias: atriz (Penélope Cruz), roteiro e música originais.

Senti por Guillermo Francella não ter sido indicado a melhor ator coadjuvante pois sua atuação é impressionante, misturando, sem perder a credibilidade, humor e fragilidade ao interpretar um escrivão idoso e bêbado . Como não vi aos outros filmes, só me resta imaginar que os atores indicados devem dar um show. Ou a academia espanhola terá cometido uma grande injustiça, pois estou certo de que Francella inscreveu sua interpretação entre os grandes momentos do cinema.

Para quem quiser ler (em espanhol) um análise mais acurada do que a minha e a de Leite, indico o site Con Un Ojo Dorado (clique aqui)









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Obs: Só para constar. Ao que me parece, a frieza com que o júri do Goya tratou Abraços Partidos é justificável. Desde 1995, quando foi lançado Carne Trêmula, este é o filme mais fraco de Almodóvar.

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