segunda-feira, dezembro 26, 2011

Presente Natalino



SURF ALL DAY
ROCK ALL NIGHT


Carlos Leite estava certo. Ou melhor, a previsão das ondas estava. Cheguei a Santos no sábado (24), junto com uma frente fria que se por um lado gerou turbulências e nuvens que me fizeram calcular as probabilidades do meu voo até São Paulo ser justamente aquele um dentre os tantos mil a que os especialistas se referem quando asseguram que voar é seguro, por outro trouxe ondas para todo o litoral Sul e Sudeste do país.

As ondas chegaram no domingo, de repente, geradas por uma ondulação Sul vinda de territórios distantes. Mesmo previstas com antecedência, surpreenderam pela rapidez com que se ergueram. Acordei as 7 horas e o mar estava laconicamente liso. Não havia sequer marolas. Tomei meu café e me entretive um pouco com a tv e com o micro. Duas horas mais tarde, quando voltei a olhar da janela, séries que ultrapassavam um metro quebravam em frente a minha casa, no canal 4, indicando que, em outro ponto da praia, mais adiante, as ondas estariam maiores.

Corremos para a praia, eu e meu amigo prego brasiliense, Carlos Leite (foto). E algo inédito aconteceu. Ao invés de seguirmos em direção ao canal 1, sentido no qual as ondas vão aumentando gradativamente, fomos na direção oposta, rumo ao canal 5. Com o ombro machucado e meses sem cair no mar, eu queria surfar um primeiro dia em frente de casa, para recuperar o ritmo. Só que como uma correnteza forte como eu não me lembro de já ter visto nas praias santistas arrastava a tudo e a todos para o fundo e no sentido do canal 1 (e, portanto, das séries maiores), convenci o Leite a caminharmos vergonhosamente 400 metros à esquerda. Entramos no mar pulando da ponta do canal 5, onde ondas cavadas de pelo menos um metro quebravam cerca de 100 metros distantes da areia. Com a correnteza, não foi necessário sequer remar, mas quando chegamos no fundo, já havíamos sido levados de volta pelos quase 400 metros, quase até diante do meu prédio.

Em 18 anos, esta foi a primeira vez que surfei naquele ponto da praia. Também foi a primeira vez que vi ondas enormes se formando em alto mar e avançando em direção a Ilha das Palmas e a Fortaleza da Barra, onde explodiam contra o paredão de pedras do morro  e quebravam diante da comunidade da Pouca Farinha. Como também não me recordo de ter enfrentado, em Santos, uma corrente tão forte quanto a deste sábado, desconfio que o aprofundamento do canal de acesso ao porto a fim de permitir o tráfego de navios de maior calado, como os transatlânticos, está modificando as condições martítimas locais, influenciando no comportamento das marés e fazendo com que as ondulações cheguem com mais força até encontrar a resistência do fundo. Será quem um novo tempo de surf está para começar em Santos?

A previsão é de que as ondas durem até pelo menos o meio da semana. Infelizmente, o chuvisco também ainda não vai parar até amanhã.  Hoje (26), o mar já está bem menos mexido, sem correntezas, e surfamos entre os canais 4 e 3, onde não havia quase mais ninguém, talvez devido à chuva. Poderíamos ter ido um pouco mais além, mas, olhando da areia, as ondas ali nos pareceram bem divertidas. Optamos por surfar sem ninguém a menos de 50 metros de nós, que temos procurado treinar intensamente para nos tornarmos alguns dos melhores surfistas...de Brasília.


Após as últimas idas e vindas, é como que uma satisfação sexual voltar a deslizar sobre uma onda. Melhor ainda foi ter pego algumas boas ondinhas das séries, principalmente levando em consideração que além de não cair no mar há vários meses, havia ido dormir as 4 horas, comemorando o Natal e o encontro com velhos amigos no tradicional Bar do Torto, um fenônemo onde metade dos frequentados parecem se conhecer e a outra metade, da próxima vez, já terão se conhecido. Um ótimo lugar que parece estar lotado quando há 50 pessoas e onde até eu me divirto, mesmo ouvindo mais uma banda tocando (bem) Capital Inicial, Rappa, entre outras obviedades.  

Quem sabe, talvez Papai Noel seja surfista.

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