terça-feira, setembro 25, 2012

As mentiras que os homens contam


O Tio Rei, ontem (24), extrapolou em sua função de bem-desinformar seus leitores. Vejam o que escreveu o ideólogo dos reaças ao responder recente texto publicado pela psicanalista Maria Rita Kehl, que criticou a ação da polícia paulista e a política de segurança pública do governo de São Paulo (texto com o qual discordo, não pela opinião em si, mas por considerar sua divulgação inoportuna, já que Maria Rita integra a Comissão Nacional da Verdade, tendo uma missão, portanto, muito mais importante para o país do que ficar discutindo com os tucanos) 

"É simplesmente mentira — uma mentira escandalosa! — que o regime militar tenha “massacrado milhares de camponeses e índios”. Isso não aconteceu. Não há menor evidência de que tenha acontecido. Não há indícios. Não há fatos. Não há pessoas reclamando os corpos. Não há, atenção!, nem mesmo boatos"

Não há indícios? Não há boatos?? Será porque as cinco mil páginas resultantes das investigações de uma comissão de inquérito e que formavam o Relatório Figueiredo `sumiram´ oportunamente em um incêndio no edifício-sede do antigo Ministério do Interior? Ou será que o instruído Tio Rei nunca ouviu falar das denúncias feitas por funcionários da própria Funai a respeito do extermínio dos waimiri-atroari durante a construção da BR-174? Será que o Reinaldo Azevedo (gostaria de não escrever seu nome, mas tem hora que é necessário apontar o diabo) sabe o que se passou em Mato Grosso e em Mato Grosso do Sul, onde ainda hoje os índios que lutam para reaver as terras tradicionais de onde foram expulsos para dar espaço a grandes fazendas são mortos? Será que o colunista tem alguma dúvida de que a política desenvolvimentista da segunda metade do século passado acelerou o processo de aproximação com grupos indígenas que viviam isolados e que, por isso, morreram contagiados por doenças do homem civilizado? 

Se ele desconhece isso - e se vocês, meus três leitores também desconhecem - sugiro que acesse este link. É a cópia do relatório e as conclusões da Comissão Parlamentar  de Inquérito  (CPI) destinada a apurar denúncias relativas à invasão de reservas indígenas. TREZENTOS E OITENTA E QUATRO páginas de "indícios" de desmandos, corrupção e violência institucional. Instalada em 1978 (durante o regime militar), não é coisa de "petralhas", como diria o Tio Rei aos seus sobrinhos.


Um comentário:

Anônimo disse...

Bem, por tudo que ele tem falado nestes anos todos sobre a comissão da verdade oficial, este é quase um detalhe, né não?
"Índios que teriam sido mortos em documentos que teriam sumido..."
Já imaginou que em Belo MOnte pode estar ocorrendo o mesmo agora??!!