sábado, setembro 29, 2012

Homenagem com Sonrisal


Pois é, Gugu. É soda, Flavinho! Tá vendo isso aí de cima, Leitão? Se liga só, Caito. Sacou, Clay? 

Nossa escassez de recursos e falta do que fazer nos levou a sermos vanguarda sem nunca termos desconfiado. E quem sabe só não chegamos próximos a isto por não termos ondas assim (nem mesmo no outside, que dirá na areia), nem essas pranchinhas leves e aerodinâmicas. Aliás, sequer esse nome gringo, skimboard, nós conhecíamos. 

Quando a coisa não passava de um passatempo de garotos desocupados, a atividade era conhecida como sonrisal. "Vamo andá de sonrisal?" era a senha para nos mandarmos para a praia carregando pesados retângulos de madeira compensada com  algo como 70 por 50 centímetros. Depois, como não tínhamos onde guardar nossos "brinquedos", os deixávamos encostados em algum canto do prédio em que morávamos. Só para, no dia seguinte, descobrirmos que os faxineiros tinham jogado fora "aquelas tábuas encharcadas". E lá íamos de novo à procura de compensados novos que precisávamos serrar e lixar para tirar um pouco das farpas (vivíamos com farpas de madeira enterradas nas mãos). 

Como não contávamos com ondas como as do vídeo, não tardamos a descobrir que podíamos improvisar pequenas rampinhas com os mesmos madeirites que usávamos como  `pranchinhas´. Elas, as rampas, só não podiam nem ser muito extensas para que não ficássemos pela metade, nem pouco para que a inclinação não ficasse muito acentuada. Obtida a equação correta, bastava mantê-las molhadas e enceradas que, com algumas sorte e habilidade, conseguíamos saltá-las a toda pouca velocidade possível Às vezes o resultado era catastrófico (quem foi mesmo que destroncou ou quebrou um braço da primeira vez que tentou?). 

Nunca soube de onde veio o nome sonrisal (que não fomos nós que inventamos), nem porque. Não sei quando isso chegou a Santos e não me lembro quem de nós descobriu que dava para brincar de graça. Ainda assim, até hoje tenho viva a lembrança do quanto me diverti naqueles finais de tarde na praia. Mesmo não tendo vingado a ideia minha e do Gugu de publicarmos o primeiro fanzine do bairo (quiça, do mundo) sobre sonrisal.

Um comentário:

Devir disse...

Putz Alex, que recordação fantástica... Na verdade, quem quebrou o pulso foi o Clay... E quanto ao nome sonrisal, presumo que se deva ao fato de que o "padrão", à época, eram pranchas com corte circular e um furo no meio, semelhantes ao sonrisal que tomamos quando a bariga vai mal (rimou)... Quanto ao fanzine, deve existir em alguma dimensão paralela a nossa... Rs, rs, rs...