sexta-feira, dezembro 28, 2012

O TEMPO É...




A ficha cai e você saca que está amadurecendo quando:

Se pega pensando que está muito calor para viajar para a praia.

Descobre que não há nenhum jogador profissional de futebol mais velho que você em atividade (Peduzzi).

Ao ver três garotas lindas passando, imagina que bom seria ter dez anos a menos, mas logo se dá conta de que mesmo com uma década a menos, as jovens provavelmente ainda o achariam um "tiozinho".

Trabalha ao lado de uma gata que jamais enviou uma carta, com selo e carimbo, pelos Correios.

Comenta com alguém que, quando garoto, você achava a atriz Irene Ravache uma gata.

Foi aos shows do Bomb The Bass e do Tecnotronic no Brasil.

Tem medo de estar abusando ao tomar um copo de café com leite pois seu médico garantiu que, após algum tempo, todos vão perdendo a capacidade de produzir a enzima necessária à digestão da lactose.

Na rua, começa a receber folhetos publicitários sobre lançamento de imóveis.

A caixa do supermercado te trata por senhor. 


Reconheces um surfista fora da praia?



"A pluralidade também existe na cultura surf. Podemos citar três tipos de surfistas facilmente encontrados em metrópoles como São Paulo, Porto Alegre e Brasília, exemplos de cidades com massiva presença de surfistas que vivem afastados do litoral e a partir de onde as pessoas têm que viajar no mínimo 200 quilômetros para surfar nos fins de semana. Um desses grupos é o dos que chamamos surfistas realizados, grupo de pessoas mais ligadas à natureza, espiritualidade e contemplação; pessoas com a auto-imagem independente e que, portanto, não são tão sugestionados por grupos de referência e para quem o consumo é motivado pelos benefícios de uso e funcionalidade. Estes homens e mulheres não vivem em uma sociedade secreta. São médicos, engenheiros, cientistas, publicitários. Talvez ele esteja do seu lado e você nem perceba".

Enfim, uma obra inspirada que consegue  analisar a  imensão econômica e social da grande paixão de "quem tem sal nas veias", sem perder de vista que o "surf é a alma de nosso negócio".



Reconhecendo o surf from Surfari on Vimeo.

quarta-feira, dezembro 26, 2012

Um Papai Noel Às Avessas



A TV Bandeirantes exibiu ontem (25) a noite o melhor filme natalino feito desde sempre, Um Papai Noel Às Avessas (Bad Santa, 2003). Politicamente incorreta, a comédia produzida pelos irmão Cohen e dirigida por Terry Zwigoff traz o ex-Angelina Jolie, Billy Bob Thornton, no papel de um ladrão alcoólatra e viciado em sexo que todos os fins de ano se emprega como Papai Noel em shopping-centers apenas para roubar as lojas de departamento. Para isso, ele conta com a ajuda de seu comparsa, um anão negro e malandro que faz às vezes de elfo enquanto planeja os golpes. O problema é que, a cada ano que passa, o consumo com as drogas e o descontrole diante das mulheres (sobretudo as gordinhas) o levam a se tornar mais e mais imprevisível, chegando bêbado ao trabalho e assustando as crianças levadas pelos pais para fazer o pedido a Santa Claus. A coisa se complica após ele resolver assaltar a casa onde um garoto levemente retardado, vítima de bullying, vive sozinho com a avó esquizofrênica enquanto o pai está preso.

Apesar de ter sido lançado em 2003 e de ter muitos fãs, eu sequer o conhecia. É como se Charles Bukowski tivesse criado a personagem e escrito o roteiro. Sensacional. 

terça-feira, dezembro 25, 2012

O Cinema da Melhor Idade


              “Ser velho significa que, apesar e além de ter sido, você continua sendo. E a consciência de continuar sendo é tão avassaladora quanto a consciência de ter sido”.

Philip Roth - in “O Animal Agonizante” (citado por Matheus Pichonelli, em Carta Capital)



O fato de que a população mundial está envelhecendo vem sendo apontado por demógrafos e especialistas do mundo todo há tempos. Já em 2002, a ONU previa que, até 2050, a quantidade de pessoas com mais de 60 anos vai superar a de jovens abaixo dos 15 anos de idade pela primeira vez na história.

Tal fenômeno produziu uma série de mudanças culturais, econômicas e políticas, como o surgimento de novas profissões,  bens e serviços voltados para o público da chamada terceira idade, que, muitas vezes, é um consumidor privilegiado.

Quem ainda parece não ter se dado conta disso são os produtores de cinema. Hollywood, por exemplo, produz poucos filmes com e para o público mais velho. Do cinema brasileiro, então, nem se fala. 

Há, óbvio, alguns bons títulos, como o excelente argentino Elza e Fred, mas basta passar os olhos na programação dos cinemas para identificar qual é o público prioritário para os produtores e diretores. Além do que, em meio ao que muitos classificam como a `infantilização da cultura´, mesmo quando os protagonistas da trama já passaram dos 60 anos, a história pouco tem a ver com as preocupações, os problemas e as alegrias  desta faixa etária. Na maioria das vezes, tanto faria se as personagens tivessem 30, 40 ou 70 anos. A abordagem seria a mesma. Em geral, pelo viés cômico, como em Alguém Tem que Ceder (Something's Gotta Give, 2003), com Jack Nicholson e Diane Keaton, ou o recente Um Divã Para Dois (Hope Springs, 2012). Daí que é mais fácil ver, nas telas, "a visão" de um iraniano sobre determinado conflito do que o ponto de vista de um idoso sobre a "aceleração" das comunicações e o "encolhimento" do mundo. 

Imagino que isso seja intencional, pois, assim, o filme tem mais chances de atingir a uma maior parcela do público, que se identifica mais facilmente com os percalços enfrentados pelo velhinho simpático ou mesmo pelo coroa antipático que, no fim, se redime da quase misoginia. Principalmente se a preocupação estiver relacionada a questões de sexualidade. Vale lembrar que, já nos anos 1970, o filósofo Edgar Morin destacava que “a cultura de massa desagrega os valores gerontocráticos, acentua a desvalorização da velhice, dá forma à promoção dos valores juvenis e assimila uma parte das experiências adolescentes”. O que há de mais representantivo da nossa cultura de massa que o cinema blockbuster?



Passei a atentar para isso após assistir, ainda no primeiro semestre, a um bom filme, uma exceção ao quadro descrito acima. E que, talvez por isso mesmo, por fazer menos concessões, parece ter passado batido por críticos e público. Trata-se de O Amor Não Tem Fim (Late Bloomers, 2011). Dirigido pela francesa Julie Gavras, filha do ícone cinematográfico Costa-Gavras e diretora do também excepcional A Culpa é do Fidel, o filme marca a volta da ainda bela Isabella Rossellini aos cinemas. Além de resgatar um dos grandes atores norte-americanos, Willian Hurt.  

No filme, os dois interpretam um casal em que cada um lida de forma diversa com a crise dos 60 anos. Para a mulher, simbolizada no fato de o marido receber, na primeira cena do filme, um prêmio pelo conjunto de sua obra, como se a fatura estivesse fechada e ele já não fosse produzir mais nada de importante. E é na forma como cada um vai lidar com o inevitável que se dá o grande choque da vida conjungal. 

Mais recentemente também assisti a O Exótico Hotel Marigold - espécie de Comer, Rezar, Amar da terceira idade, cujo grande mérito é reunir um elenco de primeira, com destaque para o jovem ator inglês Dev Patel, de Quem Quer Ser Um Milionário.

Tomara que isso simbolize uma mudança. 

segunda-feira, dezembro 24, 2012

300 Dias de Noite


UMA OBRA VERÍDICA BASEADA EM FATOS FICTÍCIOS


Refém das almas sebosas que a noite se arrastam pelas ruas da cidade futurista de traços sinuosos, o semifosco consumiu o último pacote de mantimentos que conseguira reunir em casa antes do declínio da civilização, quando a cidade era ora apontada como a de maior poder aquisitivo, ora como a mais socialmente desigual do país.

Trancado no bunker, o semifosco já se via obrigado a beber a água infecta que o Poder Público continuava a oferecer apenas para o asseio dos sobreviventes, sem conseguir tratá-la para que ficasse apta a ser ingerida.

Bem guardado por militares, o depósito comercial onde os sobreviventes se arriscavam a chegar sempre que precisavam reabastecer a dispensa fica a menos de 400 metros do bunker do semifosco. Vista do posto de observação, a rua parece deserta e segura. O semifosco, contudo, sabe que os zumbis estão lá fora, à espreita da próxima vítima. E que só com muita sorte ele conseguiria chegar intacto ao depósito.

Na véspera, um outro sobrevivente esfomeado tentara sair. Mal chegou ao veículo pessoal terrestre estacionado na entrada do bunker e foi alcançado por um dos zumbis de alma sebosa. Eram 21 horas e as luzes dos postes mal atravessavam a copa das árvores que lançavam sombras bruxuleantes sobre o veículo. Enquanto a vítima choramingava diante do inevitável, outros sobreviventes se arriscaram a abrir as janelas blindadas e começaram a gritar, bater panelas e fazer barulho, tentando desviar a atenção do zumbi e, assim, dar tempo para a infeliz vítima escapar ao seu trágico destino. Deu certo, embora o zumbi tenha ficado com o veículo pessoal. Chorando, esfomeado e sem conseguir comida, o sobrevivente voltou para seu bunker, onde o aguardavam uma mulher e duas crianças igualmente sem esperanças. Ao longe, um outro zumbi saiu das sombras e atravessou furtivamente a superquadra. 

Vez ou outra, as forças de segurança passam tentando espantar os zumbis, mas, apesar da manifesta melhora dos índices sociais, eles se multiplicam e parece não haver o que fazer. Nem mesmo os bunkers são totalmente seguros. O do próprio semifosco já fora invadido uma vez. Por sorte, ele não estava na parte invadida, ou, provavelmente, teria o mesmo destino que outros sobreviventes, como o jovem que adormecera e fora surpreendido pela invasão dos almas sebosas, que o agrediram, amarraram com o fio do aparelho telepático e o mantiveram vivo enquanto se banqueteavam com seu cérebro.

Enquanto isso, a Nulidade Executiva pedia calma e prometia aos sobreviventes resolver o problema dos zumbis. Apesar de, tempos atrás, um especialista ter garantido que não haveria solução, que estamos todos fadados a nos tornarmos zumbis de almas sebosas, tese que exemplificou com os episódios do restaurante self-service obrigado a cobrar os clientes antes que eles almoçassem a fim de impedir que saíssem sem pagar;  do jogador brasileiro punido no exterior por falta de espírito esportivo e, óbvio, dos antigos mandatários e parlamentares, entre os quais parece ter começado, há muito tempo, a se proliferar o vírus que transformava a todos em zumbis. 

Um estampido, um choro, uma sirene distante...O semifosco pensou que super-herói nenhum manteria os sobreviventes a salvo por  muito mais tempo. Uma hora, os zumbis perceberiam que não havia mais nada nem ninguém que pudesse impedi-los. Então, aos sobreviventes, já não restaria outra opção que não se misturar aos almas sebosas e vagar pelas ruas da Nação.


sábado, dezembro 22, 2012

Desacordo Ortográfico



A Agência Brasil (ABr) - uma agência PÚBLICA de notícias, vinculada a EBC e à estrutura do governo federal, mas editorialmente independente - publicou, ontem (21), um apurado material a respeito do acordo ortográfico assinado por sete países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, em 2008, e cuja entrada em vigor (que estava prevista para o início do próximo ano) deverá ser adiada nos próximos dias. São, ao todo, 15 matérias que valem uma olhada com calma. Para tanto, basta clicar sobre o título das matérias abaixo.

ABL já propõe mudanças e ampliação do acordo

As novas regras ortográficas da língua portuguesa ainda não entraram plenamente em vigor, mas a Academia Brasileira de Letras (ABL) já tem propostas de mudanças e ampliação no acordo. Segundo o acadêmico Evanildo Bechara, as alterações são “coisa muito pequena” diante da abrangência do acordo ortográfico.

Portugueses criticam adoção do acordo ortográfico

A despeito de Portugal ter aceito formalmente o acordo ortográfico antes do Brasil, a mudança de algumas regras na escrita ainda gera polêmica e divide opiniões no país de origem da língua portuguesa. Alguns lusitanos sentem que a reforma os força a escrever (e até a falar) como os brasileiros. Em Portugal, o acordo está em vigor desde 13 de maio de 2009. A resolução de adotá-lo prevê um prazo transitório de até seis anos para implementação definitiva da nova grafia.

 

Professor critica forma como acordo foi discutido

O professor Ernani Pimentel criticou a forma como o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa foi discutido, já que segundo ele apenas dois gramáticos formularam as regras, que passam a ser obrigatórias no país a partir de 2013: Antonio Houaiss, da Academia Brasileira de Letras (ABL), e Malaca Casteleiro, da Academia da Ciência de Lisboa.

Escritores acreditam que acordo não altera a prosa

Dez anos antes da Academia Brasileira de Letras (ABL) estabelecer o Formulário Ortográfico (1943) - uma das primeiras tentativas de se organizar, no Brasil, o vocabulário ortográfico da língua portuguesa -, o compositor Noel Rosa indicava que  os brasileiros se apropriavam de modo peculiar do idioma de matriz europeia. E que a língua é de quem a usa. “Tudo aquilo que o malandro pronuncia com voz macia é brasileiro, já passou de português”, escreveu o “Poeta da Vila” na canção Cinema Falado.

O mesmo fenômeno de apropriação, enriquecedor nos vocábulos e na expressão de sentimentos, também pode ser notado no trabalho de escritores de outros países lusófonos. Para eles, assim como para Noel Rosa, “já passou de português” o que se quer dizer aos leitores e as regras do idioma escrito, não alteram as intenções autorais e a maneira de como escrevem.

“O escritor, enquanto artista, deve poder trabalhar a língua da maneira que ela gere uma linguagem estética capaz de acompanhar seu processo criativo, pois isso gera uma marca identitária [adjetivo relativo a identidade] própria a cada escritor. Isto é uma urgência que vem de dentro. Partimos de pressupostos, de uma gramática semelhante, mas aquilo que faz a literatura de cada um nem sequer é o fato de ser angolano, moçambicano ou brasileiro, mas sim as urgências, os anseios e os medos de cada um”, explica o o escritor angolano Ndalu de Almeida, que assina com o pseudônimo de Ondjaki.

Ele defende a supremacia da literatura como “espaço de mediação identitária entre os países de língua portuguesa” acima do idioma oficial. A escritora moçambicana Paulina Chiziane é clara ao dizer “o acordo não afeta a minha produção”, apesar de sentir “pena” de ter que comprar “novos livros, novas gramáticas, novos dicionários”. O escritor cabo-verdiano Germano de Almeida concorda com seus colegas e avalia que, embora novas regras possam alterar “hábitos instalados”, o acordo não acarretará maiores transtornos.

“Em Cabo Verde não há problemas quanto ao acordo. A língua é um instrumento e defendemos que temos que nos preocupar com [o fato de ] que cada um de nós [países de língua portuguesa] tenha um português. Na medida em que conseguimos aproximar a língua, que todos tenhamos um português próximo, fazemos isso”, diz Germano.

Germando, Ondjaki e Chiziane estiveram em Brasília em abril passado para participar da 1ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura; assim como a historiadora e poetisa angolana, Ana Paula Tavares. Na ocasião, ela também revelou boa vontade com a reforma ortográfica. “Não tenho problema nenhum em escrever segundo o novo acordo para minha comunicação normal”. Ela ressalvou, no entanto, a diferença entre escrever em prosa ou em verso. “Quando escrevo poesia, surgem algumas dificuldades, já que a palavra poética obedece a um ritmo, a uma musicalidade, que lhe está implícita. Se eu de repente tiro o "p" de egípcio, esta simples letra faz falta”.

Feita a ponderação, ela salienta que “algumas pessoas que recusam o acordo escondem preconceitos como se acharem as donas do idioma e não aceitarem que este seja modificado ao sabor do que consideram um serviço aos [países] herdeiros da língua. Não tenho esse preconceito. Acho que, se é possível simplificar a comunicação, deve-se seguir este caminho. Já os escritores, os criadores, vão ter que pensar esta questão. 

O acordo é ortográfico. Não tem implicações no sentido fundamental da escrita. A escolha da ortografia, contudo, vai depender muito do autor. Se o poema me exigir que eu fique com a grafia antiga, vou optar por ela”, afirma, para destacar que a criação tem liberdade ortográfica.

quinta-feira, dezembro 20, 2012

Pode Pará Não!


Pode Pará não!

Calor? Aproveita. É o cálido vapor amazônico grudando na epiderme.

Princípio da tarde, toca pros lados do Guamá, tomar um picolé Cairu, nas Docas, bancando o barão.

Pega o moto-taxi na Presidente Vargas e segue lá pra NÁ que vai ter microfonia. Pra abrir os trabalho, apanha uma Cerpa Golden. Chega frescando na menina empiriquetada de all-star e tattoo, mas, quase dispré, leva o farelo.

Sem mais, espoca fora e volta à rua abafada. Mas como então? Tá ainda mais quente e os ouvidos zuindo. Vai se refrescar no Jardim Botânico, mas logo se enche de verde, procura mais uma Cerpa e segue pra Cidade Velha de ônibus, passando direto pelo Ver-O-Peso, sem se deter porque a fome aperta e o objetivo é chegar a Dona Dica, na Almirante Tamandaré.

O qual? Pirarucu com pupunha; mexilhão com jambu; mortadela defumada com tomate seco e queijo de búfala regados ou não ao molho de pimenta-de-cheiro com tucupi. Na dúvida, fica com dois. Satisfeito, arreda prometendo voltar pra cear sopa de caranguejo com ovo de codorna. Barriga cheia, vai se refestelar em um banco do jardim da Casa das Onze Janelas com Kerouac On The Road.

Varejeiras bijuzadas passeiam à beira-rio, ambicionando passeios em vuadeira. E você, nem tchuns! Volta pro hotel mequetrefe diante do Ver-O-Peso desviando dos pedintes, bêbados caídos na calçada e urubus. A resistência do chuveiro queimada não é problema com o calor senegalesco que a brisa do Guamá não afasta.

Troca de roupa maldizendo o ar-condicionado disfuncional e sai de volta pra Cidade Velha, onde, a esta altura, o Palafita já está balançando, parecendo que vai cair ao som de Tim Maia Racional, mas, com a proteção do síndico, não cai. Você quer gravar, você quer beber, você quer tirar pra dançar a filha dos caboclos ou até mesmo a loirinha descendente de alemães que vieram comercializar látex...você quer, mas você é cool, você é paulista, você é a terceira geração de caiçaras, você simplesmente não sabe dançar. Ou não sabia. Até que a coroa baixinha e gordinha se aproxima e diz, “bora, dançá!”. Você ainda balbucia que não sabe, mas quando vê, já está a segurando pela cintura, rodando parado no salão lotado e olhando entre as frestas do chão de ripas o rio seguindo seu curso.

Você pede mais uma Cerpa Golden e deixa a vida também seguir seu curso. Afinal, mais tarde ainda tem Se Rasgum, no African Bar.

E pode Pará não!

#005 Pará by Alex Rodrigues on Grooveshark
Ouça também: _  

segunda-feira, dezembro 17, 2012

Um Clipe Sem-Vergonha

Eu nunca cheguei a entender qual é a deste tal de Bonde do Rolê, grupo que desde sua criação, em 2005, faz sucesso no exterior, já tendo sido elogiado pelo jornal norte-americano The New York Times e eleito pela revista Rolling Stone como uma das dez bandas para se ligar no mundo inteiro por ser o então quarteto brasileiro capaz de agitar festas (salve, wikipedia)

Também não saco nada de funk, ou melhor, do que HOJE se convencionou chamar de funk e que nada tem que ver com O FUNK de ícones como Parliament, Funkadelic ou James Brown, manancial em que beberam grupos como Red Hot Chili Peppers. 

Meninos "baixos, altos, de qualquer tipo" também não me sensibilizam, sejam eles brasileiros, cubanos, italianos ou o raio que os parta.  

Ainda assim...curti este clipe gravado no Piscinão de Ramos e dedicado ao sambista Dicró, falecido no início deste ano. Da música em si eu nem digo nada, mas as imagens dirigidas por Tarcísio Lara Puiati e a edição acabaram funcionando muito bem, mesmo a ideia não sendo nada original e o resultado tendo ficado muito parecido com o de vários clipes de rappers-posers norte-americanos. Parecido, porque é justamente na pequena, mas significativa diferença de optar por exibir gente como a gente ao invés do mais do mesmo a que os gringos já estão pra lá de acostumados a ver e que nós sabemos não representar a diversidade brasileira que reside o aspecto envolvente do clip. Divertido, fulero, brega e sem-vergonha.

domingo, dezembro 16, 2012

Dicas




Não. Não sou eu que estou dizendo isso da terra de todos os santos, que, a propósito, eu mal conheço. Quem está dizendo é o blog Rock Loco. Ou, sendo mais preciso, a polêmica vem de um dos soteropolitanos por detrás do excelente blog dedicado à música, literatura, quadrinhos e a outros interesses. Para quem gosta da dita cultura pop, vale acessar o Rock Loco




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Ainda pouco conhecida, mas bem-recomendada, a revista de jornalismo cultural Select lançou, em novembro, uma edição especial de 194 páginas inteiramente dedicada à vida e obra do papa da literatura beatnik, o norte-americano Jack Kerouac; sua obra-prima On The Road (Pé Na Estrada, ed. LP&M); a ousava versão cinematográfica (Na Estrada) dirigida pelo brasileiro Walter Salles e um pouco sobre outros ícones do movimento literário que, surgido no início da segunda metade do século passado, influenciou sucessivas gerações e movimentos culturais. Para quem curte o tema, os R$ 9,90 são nada. 


Ellen Oléria e o "eu já sabia".


Ellen Oléria é foda. Uma das finalistas e vencedora do programa The Voice Brasil, da Globo, ela deu hoje (16), a todos os que acompanham sua carreira, especialmente os brasilienses, a possibilidade de dizer "ah, mas eu já sabia". 

Não que um eventual resultado negativo na final do programa global fosse causar algum prejuízo à admiração de seu crescente fã-clube, mas ela ter ganho dá alguma esperança aos que gostam de boa música e reconhecem um artista talentoso. Sua vitória, portanto, foi o justo reconhecimento a um dos maiores talentos da música brasileira surgido nos últimos tempos. 

Estejam certos, não estou exagerando. Se digo isso é porque já tive a possibilidade de assistir a vários shows da musa brasiliense. Sim! Na capital federal, Ellen é musa de um certo segmento. E o que faz dela uma musa pouco provável (do ponto de vista comercial), é o que a levou a ser a escolhida pelo público: sua personalidade. Além da voz privilegiadíssima, Ellen é uma artista na real acepção da palavra. Su presença de palco e carisma NATURAL é algo que há muito tempo não se vê no showbusiness tupiniquim. Além disso, ela possui uma inteligência intuitiva e artística que lhe permite realmente interpretar, a seu modo e com verdade, aquilo que canta. Por último, mas não menos importante, sua condição lhe dá uma consistência e uma postura que, em muitos, não passa de pose. Sua música fala por si só, mas ajuda a entendê-la saber que ela foi criada em uma das mais violentas cidades-satélites do desigual Distrito Federal, é negra e lésbica (sua namorada estava presente e devidamente identificada nas católicas tardes de domingo global). 

Havia vários bons candidatos disputando o The Voice. Jovens inconscientes se esgoelando para mostrar todo o alcance da voz, fazendo mil firulas e se esforçando para ganhar a admiração de todos. Desde o início, contudo, algo ficou claro: assim que a ainda pouco conhecida Ellen soltou a voz na maior vitrine do país, era como se assistíssemos a uma profissional em meio a um bando de calouros. Não apenas os candidatos. Um dos jurados, Daniel, cantou com outros candidatos já eliminados antes da última apresentação de Ellen. Uma amiga não hesitou em comentar: "Eu eliminava o Daniel". 

Ellen venceu merecidamente. Parabéns. Os presenteados, no entanto, serão as milhares de pessoas que vão passar o réveillon em Copacabana, já que um dos prêmios ao vencedor do programa é tocar na próxima festa da virada.

Para encerrar, tem só mais uma coisa: como eu já escrevi aqui antes, não caia na esparrela de que a Globo descobriu algo, que dirá a "Nova Voz do Brasil". A emissora apenas reparou um problema para o qual muito contribui: a de não separar o joio do trigo e nos empurrar goela abaixo aquilo que acredita ser bom por ser comercial. Além de conhecidíssima do público brasiliense (onde a Globo tem sucursal) e de quem acompanha o cenário musical, Ellen já lançou um bom cd, disponível para audição gratuita há um tempão na rádio uol (clique aqui para ouvir).

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Desafinou - E o Carlinhos Brown, que de bobo não tem nada, aproveitou a visibilidade do programa para, durante o número do Lulu Santos, aparecer ao lado da Cláudia Leite e do Daniel como garotos-propagandas da caxirola, instrumento que, dizem, ele inventou e está requerendo a patente, embora nada mais seja que o tradicional caxixi feito de plástico, provavelmente na China. Leia o post de 5 de outubro (clicando aqui) para entender o que há de mais nisso. 


quinta-feira, dezembro 13, 2012

Didática


Se você tem filhos, uma boa forma de prepará-los para a vida é abrir o encanamento de sua casa diante deles. Uma  verdadeira aula prática sobre como funcionam certos aspectos do cotidiano, enquanto, na superfície, tudo parece bem. 



quarta-feira, dezembro 12, 2012

Parque Anilinas - Cubatão


Há anos... na verdade,  há décadas eu não ia a Cubatão (SP). E a cidade aparentemente não mudou nada durante todo esse tempo. Exceção ao Parque Anilinas, recém-reformado, e cuja pista de skate, uma das mais antigas do país, foi ampliada e melhorada.

Ainda me lembro da primeira vez em que, adolescente, pegamos o ônibus intermunicipal, eu e mais dois amigos, sem saber direito como chegar à pista. Na época não havia internet e o jornal local não  publicava quase nada sobre skate. De maneira que só tínhamos informações vagas sobre a existência de uma pista semi-abandonada com um longo snake terminando em um bowl com um vertical quase negativo (além dos 90º). Mal pude acreditar quando chegamos e nos deparamos com o que, na época, se limitava ao espaço no canto esquerdo da primeira foto abaixo e que aparece bem visível na segunda foto, totalmente cercado pela grade verde.

A memória pode estar me traindo, mas, nas minhas lembranças, a parede do bowl era maior e mais vertical que a que encontrei há pouco. Talvez a tenham reduzido durante a reforma, sei lá. Também não me recordo de as bordas, desde o snake até o bowl, serem totalmente arredondadas. O que eu não esqueço é que tivemos que pular o muro dos fundos do parque e sair correndo pela avenida principal porque uns garotos mais velhos que nós ameaçavam nos roubar os carrinhos. 

Da próxima vez que for a Baixada Santista eu vou levar meu skate só para voltar a experimentar andar naque snake. Se marcar, arrisco até uma voltinha na área de street (última foto). O que duvido é que a pista vá estar vazia como da primeira vez, só para mim e meus amigos. 
  


Leia também: O Dia Em Que o Banks Virou Piscina