domingo, dezembro 16, 2012

Ellen Oléria e o "eu já sabia".


Ellen Oléria é foda. Uma das finalistas e vencedora do programa The Voice Brasil, da Globo, ela deu hoje (16), a todos os que acompanham sua carreira, especialmente os brasilienses, a possibilidade de dizer "ah, mas eu já sabia". 

Não que um eventual resultado negativo na final do programa global fosse causar algum prejuízo à admiração de seu crescente fã-clube, mas ela ter ganho dá alguma esperança aos que gostam de boa música e reconhecem um artista talentoso. Sua vitória, portanto, foi o justo reconhecimento a um dos maiores talentos da música brasileira surgido nos últimos tempos. 

Estejam certos, não estou exagerando. Se digo isso é porque já tive a possibilidade de assistir a vários shows da musa brasiliense. Sim! Na capital federal, Ellen é musa de um certo segmento. E o que faz dela uma musa pouco provável (do ponto de vista comercial), é o que a levou a ser a escolhida pelo público: sua personalidade. Além da voz privilegiadíssima, Ellen é uma artista na real acepção da palavra. Su presença de palco e carisma NATURAL é algo que há muito tempo não se vê no showbusiness tupiniquim. Além disso, ela possui uma inteligência intuitiva e artística que lhe permite realmente interpretar, a seu modo e com verdade, aquilo que canta. Por último, mas não menos importante, sua condição lhe dá uma consistência e uma postura que, em muitos, não passa de pose. Sua música fala por si só, mas ajuda a entendê-la saber que ela foi criada em uma das mais violentas cidades-satélites do desigual Distrito Federal, é negra e lésbica (sua namorada estava presente e devidamente identificada nas católicas tardes de domingo global). 

Havia vários bons candidatos disputando o The Voice. Jovens inconscientes se esgoelando para mostrar todo o alcance da voz, fazendo mil firulas e se esforçando para ganhar a admiração de todos. Desde o início, contudo, algo ficou claro: assim que a ainda pouco conhecida Ellen soltou a voz na maior vitrine do país, era como se assistíssemos a uma profissional em meio a um bando de calouros. Não apenas os candidatos. Um dos jurados, Daniel, cantou com outros candidatos já eliminados antes da última apresentação de Ellen. Uma amiga não hesitou em comentar: "Eu eliminava o Daniel". 

Ellen venceu merecidamente. Parabéns. Os presenteados, no entanto, serão as milhares de pessoas que vão passar o réveillon em Copacabana, já que um dos prêmios ao vencedor do programa é tocar na próxima festa da virada.

Para encerrar, tem só mais uma coisa: como eu já escrevi aqui antes, não caia na esparrela de que a Globo descobriu algo, que dirá a "Nova Voz do Brasil". A emissora apenas reparou um problema para o qual muito contribui: a de não separar o joio do trigo e nos empurrar goela abaixo aquilo que acredita ser bom por ser comercial. Além de conhecidíssima do público brasiliense (onde a Globo tem sucursal) e de quem acompanha o cenário musical, Ellen já lançou um bom cd, disponível para audição gratuita há um tempão na rádio uol (clique aqui para ouvir).

******

Desafinou - E o Carlinhos Brown, que de bobo não tem nada, aproveitou a visibilidade do programa para, durante o número do Lulu Santos, aparecer ao lado da Cláudia Leite e do Daniel como garotos-propagandas da caxirola, instrumento que, dizem, ele inventou e está requerendo a patente, embora nada mais seja que o tradicional caxixi feito de plástico, provavelmente na China. Leia o post de 5 de outubro (clicando aqui) para entender o que há de mais nisso. 


Nenhum comentário: