Fosse o semifosco que vos escreve - a vós, meus três leitores -, fosse eu o responsável por formar a futura geração de assessores de imprensa e repórteres desempregados deste país inverossímil...Melhor ainda: fosse eu o redator dos manuais impostos nas mais diversas redações brasileiras, baixaria uma inconsequente resolução: proibiria, nas reportagens, a usual citação do partido a que pertencesse qualquer ocupante de cargo público.
De vereador a governador, ficaria vedada à desnecessária menção à siglas partidárias entre aspas. Salvo quando isso fosse essencial para constranger a legenda ou para o gozo do eleitorado.
Pouparíamos a vista do (e)leitor entre quatro e sete caracteres a cada citação. Imaginem só o que tal medida significaria em economia de papel ou bytes em reportagens sobre a marcha dos prefeitos a Brasília ou sobre viagens oficiais a outros países. Além do mais, não seriam poucos os repórteres gratos por não terem mais que perder tempo pesquisando para qual partido fulano ou sicrano migrou da última vez.
Não são estas, porém, minhas principais motivações ao apresentar esta inconsequente proposta. Oficialmente, justifico-a alegando que, em tese, em um regime republicano que funcionasse perfeitamente, o político não deveria sequer ter mãe, que dirá filiação partidária. Seria um representante do povo. Não há nada de original nesta constatação. Aliás, em parte, é ela que assegura que nenhum jornal informe a que partido pertence nossa presidenta cada vez que a menciona em uma reportagem (salvo aqueles casos que, conforme expliquei no segundo parágrafo, serão mantidos).
Esta, contudo, é a motivação sobre a qual dou conhecimento público. A verdadeira ficará aqui, só entre nós a fim de evitarmos incompreensões e o patrulhamento ideológico.
Sabem os esclarecidos que em função de nossas parvas...digo, pardas iminências ainda estarem concluíndo o esboço de nosso novo pacto republicano, nosso regime político se caracteriza por uma série de sérias imperfeições. Entre elas o fato de a massa do eleitorado não ter a mais vaga ideia de para que serve tantos e tão inexpressivos partidos no Brasil. Que dirá a qual deles pertencia o candidato em que ele votou nas últimas eleições por recomendação do cunhado que arrumou um emprego sabe-se lá como, mas que graças a isso, parou de ir jantar todas as noites em sua casa.
Foi neste cidadão que pensei ao elaborar minha proposta. Proposta inconsequente, como disse no começo. Por quê? Não. Não porque não há chances dela vir a ser adotada, mas sim porque traz implícito uma conclusão muito cara ao (e)leitor mais atento: da forma como a coisa vai, não damos a mínima para os partidos políticos e tanto faz como tanto fez saber se fulano está S, D ou T, pois sabemos que este estado de espírito, digamos, ideológico, só vai durar pelo tempo que lhe for conveniente.
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