Francisco Alambert - curador da exposição
O chargista francês Plantu (Jean Plantureux) é um homem do mundo, um realista curioso. Mesmo que seu mundo seja a França, ele gosta muito de desenhar o que se passa em outras partes (o que vem fazendo desde 1972 no jornal Le Monde). "Sou totalmente dependente da realidade", já disse ele. Só que por mais realista que seja, a utopia não lhe escapa.
Plantu acredita na força da imagem esclarecedora e na entrega total do desenhista, como artista e como militante. Seu traço é definido pela crença no poder de fogo da representação. Seu gesto pode ser poético e divagante ou afirmativamente decidido. Crítica sem rancor e leveza sem pieguice: esse poderia ser seu lema.
Seus temas centrais poderiam ser resumidos assim: a Justiça para (e no) o Terceiro Mundo, a crítica geral do racismo e do preconceito (sobretudo religioso), a busca da verdade na política e a defesa dos direitos humanos. Uma moral social-democrata e republicana, muito francesa, que a própria França nem sempre seguiu.
Se a política é o terrorismo das convenções, a charge é o seu desvelamento e, por isso, é uma forma de guerrilha contra o poder. Isto porque a política não teme o ridículo (que é sua profissão de fé), mas teme muito a sua representação. Um político como Jean Marie Le Pen, o líder da extrema direita francesa, não vive sem exprimir seu racismo odioso, mas sempre se incomodou com o fato de Plantu desenhá-lo como algo próximo a um nazista. Isso porque ele quer ser entendido como um nazista à francesa, mas não quer ser mostrado como tal.
O que a arte de Plantu faz é coincidir expressão com representação. Ele não faz caricatura: ele dá conteúdo à imagem. A grande charge política é sempre uma crítica ao cinismo.
sábado, outubro 16, 2010
Diálogos com Jean Plantu
Em exposição no Sesc Consolação, em São Paulo (SP), até o próximo dia 30, a mostra Diálogos com Jean Plantu reúne charges do francês Plantu as dos brasileiros Angeli, Chico Caruso e Loredano, estabelecendo uma espécie de diálogo entre os quatro chargistas. A exposição é parte do projeto São Paulo Polo de Arte Contemporânea, que integra à 29ª Bienal de São Paulo, e está aberta à visitação de segunda a sexta-feira, das 10h às 22h, e aos sábados e feriados, das 9h às 18h. (R. Dr. Vila Nova, 245 - Vila Buarque).
(impressionante o que se pode fazer com um celular moderno)
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