sábado, outubro 30, 2010

Insolação resulta no filme mais chato dos últimos tempos

A capacidade de alguns artistas brasileiros de desperdiçarem tempo, talento e, o mais grave, dinheiro público para não dizer nada é impressionante e indica a eventual necessidade de uma revisão das leis de incentivo cultural.
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Se por um lado há os que acusam a atual política de renúncia fiscal de promover a "mercantilização" da produção cultural, com as empresas apoiando e patrocinando apenas obras e eventos capazes de atrair grandes públicos, há, evidentemente, um outro lado, graças ao qual os beneficiados pelas leis de incentivo podem simplesmente ignorar o público. Tanto faz que o filme não seja visto por ninguém mais que críticos e amigos dos envolvidos.
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Não sou grande conhecedor destes mecanismos, mas pensava nisso enquanto assistia ao filme "Insolação", de Felipe Hirsch e Daniela Thomas, mais uma destas obras pretensiosas que tentam transformar o hermetismo em arte e que conseguem nada além de aborrecer os espectadores.
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Quando entrei na pequena sala do Cine Arte, na orla da praia de Santos (SP), eu não sabia absolutamente nada sobre o filme. Nem mesmo que a história se passava em Brasília. Vendo o elenco de atores escalados (Simone Spoladore, Leonardo Medeiros, Maria Luisa Mendonça, Leandra Leal e o consagrado Paulo José) e o próprio nome de Hirsch, diretor de teatro consagrado (Sutil Companhia), imaginei que não podia ser algo ruim. Estrepei-me.
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Já não tenho mais paciência para este tipo de "obra autoral". Para mim, duas falas resumem bem o filme: "Você não sabe o que está acontecendo aqui" (da personagem de Simone Spoladore) e "Não aconteceu nada", de Paulo José. Também, o que esperar de "pessoas" que "confundem a sensação febril da insolação com o início delicado da paixão"....
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A única coisa que se salva é a fotografia e a opção por explorar a arquitetura modernista de Brasília sem localizar onde se passa a história, não mostrando em nenhum momento a qualquer dos pontos turísticos da capital.

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