quinta-feira, outubro 07, 2010

No texto anterior eu admiti não entender nada sobre dança. Não sei sequer dançar e talvez por isso mesmo, pela falta de molejo, o rock sempre tenha sido meu ritmo preferido. Embora sinta que a compreensão real da linguagem me escapa, curto apresentações de dança. O interesse inicial, confesso, era pelas bailarinas, mas aí fui pegando gosto pela coisa e, hoje, mesmo sem entender do riscado, posso ao menos dizer que já assisti a um bom número de ótimos espetáculos. Eis abaixo a listinha dos que mais me marcaram, pela ordem de preferência.

Dança das Marés (2002) - Ivaldo Bertazzo e Corpo de Dança da Maré (Rio de Janeiro)

Um dos três trabalhos que Bertazzo coreografou com jovens moradores do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro. Todos os 62 bailarinos são adolescentes que viviam em situação de risco e que o coreógrafo arregimentou para participar de um projeto que visava não necessariamente formar dançarinos profissionais, mas sim cidadãos conscientes. A música é do grupo instrumental mineiro Uakti - que tocava ao vivo nas apresentações - e o roteiro foi escrito pelo médico-escritor Dráuzio Varella.

Breu - Grupo Corpo (Belo Horizonte)

Coreografado por Rodrigo Pederneiras, com música de Lenine, o espetáculo é, segundo o próprio grupo, uma "tradução poética da violência e da barbárie dos dias que vivemos" cuja encenação obrigou os bailarinos a deixar de lado a sensualidade, o lirismo e a alegria que marcam os trabalhos anteriores da companhia mineira. "Para se manter de pé ou ficar por cima, é preciso ignorar o outro e encará-lo como inimigo".

Céu na Boca, Quasar Cia. de Dança (Goiânia)

Segundo o coreógrado do grupo goiano, Henrique Rodovalho, o vigésimo segundo trabalho da companhia surgiu da curiosidade pelas leis da física e teorias do universo. Explosões estelares e movimentos gravitacionais (?) serviram como alegorias para a criação de Céu na Boca, espetáculo que mistura música eletrônica à de Ray Conniff.

ONQOTÔ (2005) - Grupo Corpo (Belo Horizonte)

Mais uma coreografia de RODRIGO PEDERNEIRAS para música de Caetano Veloso e José Miguel Wisnik, a expressão Onqotô é uma brincadeira com o modo mineiro de dizer "onde que eu estou". De acordo com seus idealizadores, a dança quer demonstrar, de forma bem-humorada, "a perplexidade e a inexorável pequenez do Homem diante da vastidão do universo". Sei...


Aquilo De Que Somos Feitos (2000) - Lia Rodrigues e Cia. de Danças (Rio de Janeiro)


Do pouco que inferi, Lia Rodrigues é uma provocadora, uma iconoclasta. Já assisti a três diferentes espetáculos coreografados por ela, mas este foi o que mais me marcou. (não sei o quanto pesou o fato de tê-lo assistido ainda durante a primeira fase de encantamento exclusivo pelas bailarinas que, aqui, dançam nuas boa parte do tempo). Com música de Zeca Assumpção, tem uma forte carga de questionamento político, social e ético, além da opção por provocar o espectador.


EMBODIED VOODOO GAME - Cena 11 Cia de Dança (Florianópolis)

Dança e video-game. O joystick como extensão do corpo, que é a ferramenta de trabalho do dançarino. Uma coreografia de Alejandro Ahmed, trilha sonora de Hedra Rockenbach. Até onde sei, é o único grupo de projeção nacional em Floripa.

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