Como diabos eles fazem isso?!?!?!
Por mais espetáculos de dança que já tenha visto, alguém que assiste a qualquer apresentação da Companhia Déborah Colker haverá de se impressionar com o vigor, a força física e a flexibilidade dos bailarinos selecionados pela coreógrafa carioca e, consequentemente, irá se fazer esta pergunta.
Alguns chegarão inclusive a manifestar sua admiração já durante a apresentação, como ocorreu no último sábado (2), no Teatro do Sesc, em Santos (SP), praticamente lotado por conta da exibição de `Mix´.
Concebido em 1996 para a Bienal de Dança de Lyon, o espetáculo reúne trechos dos dois primeiros trabalhos da companhia (Vulcão, de 1994, e Velox, de 1995) e deu ao grupo o Prêmio Lawrence Olivier, considerado a maior distinção inglesa nas artes cênicas. Ao todo, são sete `cenas´, sendo as duas últimas - Sonar (de 2min22seg) e Alpinismo (10min22seg), as que mais empolgam a platéia. Esta última é a já famosa coreografia feita numa parede de escalada de quase sete metros de altura, um verdadeiro desafio à lei da gravidade.
Eu não entendo lhufas de dança. Não compreendo a "gramática" que rege a combinação dos movimentos, nem o sentido pelo qual um coreógrafo opta por uma música em detrimento de outra. Nunca sei ao certo quando o espetáculo tem uma "mensagem" para além da beleza estética, mas sei o que me emociona (não necessariamente por ser "belo" ou "agradável") e, por este critério, devo admitir que das duas vezes em que assisti a algo da Déborah Colker fiquei com uma impressão de estar vendo a atletas muito bem ensaiados se passando por dançarinos e não o contrário, como me parece que uma certa leveza deveria garantir. Tese que, para mim, ficou clara num breve lampejo da segunda `cena´, Desfile, em que os bailarinos dançam ao som de sambas, maxixe, bossa-nova, maracatu e baião, mas que, obviamente, tem que ser relativizada numa coreografia como a de Alpinismo.
Não quero dizer com tudo isso que o trabalho da companhia não seja interessante. Aliás, minha opinião talvez não queira mesmo dizer nada. Até porque, meu comentário era para ter sido exclusivamente sobre Santos. Em apenas um mês a cidade recebeu o Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, o Festival Internacional de Literatura - Tarrafa Literária, vários shows e, agora, Débora Colker (além, óbvio, dos meninos da Vila). Programação para ninguém reclamar e que o público santista tem sabido aproveitar.
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