domingo, abril 10, 2011

De Cima da Magrela


Tá, é fato e quase todo mundo está de acordo: não dá para ir muito longe (a menos que você seja um dos muitos aventureiros que largam tudo durante um tempo para dar uma voltinha ao mundo pedalando); nosso trânsito-assassino é pouco amistoso e desencoraja; nem os estabelecimentos comerciais, que dirá os culturais, estão aptos a receber e zelar pelo patrimônio e a muitos lugares não pega bem chegar todo suado. Ainda assim, pouco a pouco, cada vez mais gente tem usado a bike para ir trabalhar, passear, sair com a namorada e conhecer novos lugares. Eu, que nunca me animei a tirar carteira de motorista e adoro uma "magrela", me inspirei no ex-vocalista da banda Talking Heads, David Byrne, e em seu livro Diários de Bicicleta, e me propus a ver o quanto é possível conhecer de Brasília de bike. Por falta de tempo, meus rolês vão ter que se limitar aos finais de semana e, possivelmente, ao Plano Piloto, o que por um lado é bom já que o trânsito é muito menos intenso aos sábados e domingos. Para retomar o jeito e matar saudades do tempo em que durante a semana eu ia trabalhar de bicicleta e aos finais de semana pedalava de Santos ao Guarujá para surfar, escolhi dar uma volta pelo Eixão, uma das "praias de brasiliense". E, já de saída, vendo coisas que de carro você não vê.

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De Cima da Magrela (1) - Praia de Brasiliense
                                        
                                         "Nossa Senhora do Cerrado, protetora dos pedestres que cruzam o Eixão às seis horas da tarde, cuidai para que eu chegue são e salvo, na casa da Noemia..."

 

O nome oficial é Rodovia DF-002 ou Eixo Rodoviário Norte/Sul, mas pode chamar por Eixão, que é como os brasilienses tratam a via que corta o Plano Piloto de uma "asa" à "outra".

(Lembre-se de que o Plano tem a famosa forma de um avião, daí a razão de terem dado os nomes de Asas Norte e Sul aos bairros de cada um dos lados da outra grande rodovia que corta Brasília, o Eixo Monumental - onde fica o Congresso e a Esplanada dos Ministérios)

Cercado praticamente de ponta a ponta por prédios residenciai, comerciais e empresariais, o Eixão divide o Plano Piloto em outras duas metades. Para quem o percorre sentido sul-norte (ou seja, do aeroporto para a Asa Norte), à direita fica o lado leste. À esquerda, portanto, o oeste. Que aqui, não sei bem porque, é tratado como no inglês, West. Daí o nome das avenidas deste lado começarem sempre por W (W1, W2, W3 (a mais movimentada) e por aí adiante), enquanto do outro lado ficam as L (L1, L2...)

Aos domingos e feriados nacionais o tráfego de veículos é interrompido durante o dia todo e dá a vez aos pedestres, corredores, ciclistas, skatistas e a quem mais quiser aproveitar os 13,5 quilômetros de extensão e asfalto liso. Os vendedores de coco, pastel, água, milho e afins ajudam a dar à rodovia um aspecto mais humano que o dos demais dias da semana, quando o tráfego é intenso e, para cruzar a via, o pedestre tem que, dependendo do horário, escolher entre o risco menor: atravessar por sob as dez pistas de rodagem passando por uma das várias passarelas subterrâneas (há uma a cada duas superquadras) ou se aventurar a atravessar na frente do carros, o que, até as 22h, é algo extremamente difícil e arriscado.


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