Se você acha que o assunto WikiLeaks não te diz respeito; se por desconhecer a história do soldado Bradley Manning você crê que o analista Edward Snowden é o primeiro e único a assumir o risco de passar o resto de seus dias na cadeia por ter vazado à imprensa documentos sigilosos norte-americanos; se não compreende que, sem transparência, o termo democracia não passa de uma palavra vazia e, principalmente, se você ainda não entendeu as implicações do provável monitoramento de telecomunicações pessoais e comerciais enquanto os governos fazem o possível para que as pessoas não tenham acesso integral à informações que deveriam ser públicas, bom... você deve assistir ao documentário WikiRebels, produzido pela emissora sueca SVT. E, se possível, também deve ler os livros WikiLeaks - A Guerra de Julian Assange Contra os Segredos de Estado (ed. Verus), e CypherPunks - Liberdade e o Futuro da Internet (Boitempo Editorial).
O primeiro foi escrito por dois jornalistas do prestigiado periódico inglês The Guardian e coloca no chinelo a trilogia de ficção Millenium (aquela de Os Homens Que Não Amavam As Mulheres) já que, por mais inacreditável que soe a história e os declarados propósitos do criador do site de compartilhamento WikiLeaks, Julian Assange, tudo aconteceu de fato. Já o segundo livro é mais difícil, técnico, por se tratar da transcrição de conversas de Assange com os ciberativistas Jacob Appelbaum, Andy Muller-Maguhn e Jéremie Zimmermann - especialistas que, há muito, vem denunciando o que agora parece estar se tornando óbvio:
"Uma guerra furiosa pelo futuro da sociedade está em andamento. Para a maioria, ela é invisível. De um lado, uma rede de governos e corporações que espionam tudo o que fazemos. De outro, os cypherpunks [entusiastas do uso da criptografia, ou mensagens cifradas, nas telecomunicações, sobretudo na internet], ativistas e geeks virtuosos que desenvolvem códigos e influenciam políticas públicas [...] Empresas como Google e Facebook monitoram todas as atividades de seus usuários para melhorar a eficácia da publicidade dirigida. O crescimento deste mercado criou bancos de dados muito amplos e precisos que têm sido requisitados regularmente pelos governos para combater o crime, mas também para controlar a dissidência política. O barateamento das tecnologias de armazenamento de dados também tem estimulado órgãos de inteligência a fazer monitoramento massivo das comunicações de cidadãos, algumas vezes com expressa autorização do Legislativo e do Judiciário"
Se ao ver a duração total do vídeo (57minutos) você imaginar que o assunto não vai te prender a atenção, que não te interessa, faça um teste: posicione o cursor sobre a barra de rolagem do vídeo em 24 minutos e 56 segundos, aperte o play e assista ao menos até 32 minutos e 35 segundos. Se não se sensibilizar para a importância do tema, então você realmente não irá compreender porque, agora, no caso de Edward Snowden, é incompreensível, para não dizer covarde, a dúbia posição das autoridades brasileiras, que alegam repudiar a hipótese da agência de inteligência norte-americana (NSA) ter 'grampeado' as comunicações por telefones e e-mails de milhares de brasileiros, mas, ao mesmo tempo, se negam a sequer analisar o pedido de refúgio de Snowden, que corre o risco de ser preso justamente por ter revelado o que o governo brasileiro considera inadmissível.
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