ilustração, Alexandre Benoit - www.flip.org.br
Embora já estivesse na cidade, no litoral sul fluminense, o semifosco não conferiu a palestra de abertura da 11ª Festa Literária Internacional de Paraty, ontem (4) a noite. Com isso, perdeu uma elogiada palestra do escritor amazonense Milton Hatoum (Dois Irmãos, Cinzas do Norte...). Convidado a falar sobre a obra de Graciliano Ramos, Hatoum foi além e, segundo as notícias publicadas hoje (5), envolveu a plateia ao analisar a construção de personagens como a cachorra Baleia e Fabiano (ambos de Vidas Secas), entre outros. E arrematou destacando a postura "ética e democrática" do autor alagoano. "Graciliano teve plena consciência das contradições sociais do seu tempo e viu nelas um impasse, que aparecia em questões como ausência e a ineficiência da educação brasileira" (extraído do suplemento especial de O Globo).
Como chegou à Tenda do Telão e se reuniu à "pipoca" (aqueles que não pagam ingressos nem mesmo para entrar no espaço de onde é possível acompanhar as palestras por meio de telões) mais tarde que de costume, para o semifosco a Flip deste ano começou com o show grátis de Gilberto Gil. Bom começo, embora o ex-ministro estivesse mais contido que de costume - acompanhado apenas por seu filho na guitarra e de um percussionista - e o som tenha apresentado problemas. O que gerou reclamações dos pipocas e de quem pagou para se acomodar confortavelmente na Tenda do Telão.
Sem entender o que gritava parte do público, Gil se saiu com a seguinte frase:
_ O que foi gente? Estamos em assembleia? Vocês tem alguma queixa relevante ou é como nas manifestações? Tudo difuso? (logo veríamos que as manifestações populares dos últimos dias seriam o fio que perpassaria as poucas mesas a que o semifosco acompanhou hoje. Inspirados pela recente onda de protestos, os organizadores da Flip inclusive incluíram, de última hora, três mesas de debates para discutir às questões ligadas aos últimos fatos nacionais)
O show, leve, incluiu clássicos como Palco, A Novidade, Domingo no Parque e versões de Bob Marley e até uma inusitada versão de Imagine, de John Lennon. Hoje, horas após o show, Gil aproveitou sua participação no debate "Culturas Locais e Globais", com a historiadora Marina de Mello e Souza, para criticar a "torcida esbranquiçada" da Copa das Confederações. "Quase não se viam negros nos estádios", disse o músico, chegando inclusive a propor cotas de ingressos (ué! já não tinha?).
Ah, o melhor...foi chegar a quarta-feira e as nuvens e o frio se afastarem de Paraty. Bom prenúncio.
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