quinta-feira, março 03, 2011

Com o bloco Rua Augusta a fora

Para os amigos Cristiano Navarro, Guilherme Strozi, Marco Antonio Delgado, Paulo Celestino, Kátia Buzar e, lógico, Carlos Leite

...cada qual a seu modo, mantendo o bloco na rua


À memória de Sérgio Sampaio

Comentam pelas ruas da cidade que ele sempre foi muito mais visto por ali do que o seu conterrâneo mais famoso, o compositor Roberto Carlos. A irmã, Mara, ouve até hoje o som do seu assovio quando chega a Cachoeiro de Itapemirim para visitar parentes. Hoje, morando em Vitória, capital do Espírito Santo, não precisa se deslocar à cidade em que nasceu para relembrar de como era viver ao lado do seu irmão Sérgio Sampaio, autor do disco “Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua” (1973), que, se vivo, completaria 60 anos no dia 13 de abril.

Sérgio Sampaio – que faleceu em maio de 1994 - luta até hoje para que sua música seja reconhecida do tamanho que ela é, para que a cidade em que nasceu e onde foi finalmente sepultado em 1998, após ficar dois anos esquecido em um cemitério no Rio de Janeiro, celebre em sua história os pensamentos deste artista de vanguarda, responsável por uma mistura única do tradicionalismo da música nacional com a febre da composição eletrônica da guitarra.

Em Cachoeiro, sul do Espírito Santo, cidade que Sérgio tanto celebrou em conversas com amigos, não houve passeata para lembrar do seu nascimento. As escolas não fizeram peças de teatros, a prefeitura não organizou shows nem nenhum outro tipo de homenagem. A cidade calou-se em um minuto de silêncio que já dura décadas.

Alertados sobre a data, produtores culturais da cidade se movimentaram. No dia 14 a Secretaria de Cultura da cidade organizou um evento musical em homenagem a...
Vinícius de Moraes. Não tinham tempo para falar de Sérgio, mas iriam mencioná-lo de raspão na celebração ao carioca.

O compositor, que sempre quis ter uma canção sua gravada por Roberto Carlos – o que nunca ocorreu -, viveu no ostracismo, sendo o adjetivo de ‘maldito’ muito mais dito do que a própria obra.

A irmã Mara lamenta. Dói para ela saber que Sérgio Sampaio está esquecido, que não é nome de rua, não é nome de praça, não é nome de escola, não é lembrança de nada. Cachoeiro apagou para si a memória de um dos nomes mais importantes da história da música latino-americana.

De longe, Mara ouve na memória os assovios do irmão e afirma que mesmo famoso para uns, o Sérgio só queria o tempo todo ir a Cachoeiro encontrar a família e os amigos de bar. “Era nas letras dele que você podia sentir o que ele queria”, comenta. E isso, o próprio Sérgio deixou claro: “Tudo cruel, tudo sistema (...) Eu subo e nunca estou no céu”.

2 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
GUILHERME disse...

nossa meu velho...que lindo ver isso acabando de voltar do carnaval de Recife/Olinda. Emocionei....