Quem for à 1ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura com a intenção de
comprar livros deve procurar e pesquisar os preços se quiser economizar.
O governo do Distrito Federal (GDF) distribuiu R$ 40 para alunos e R$
80 para professores da rede pública gastarem na compra de livros na
feira deste ano. De acordo com os educadores responsáveis para que seus
alunos não gastem mais do que têm, os preços cobrados no evento, em
muitos casos, são maiores do que nas livrarias de Brasília.
Professora de uma escola de ensino fundamental do Plano Piloto, Karen
Helena estava com uma turma de 15 estudantes. Ela elogiou a iniciativa
do GDF, mas lamentou o preço da maioria dos livros mais procurados pelos
jovens.
"Um ou outro título está um pouco mais barato que nas livrarias, mas,
de maneira geral, estão saindo ou pelo mesmo preço ou mais caros. Numa
bienal ou feira do livro, principalmente se realizada por um governo, os
livros deveriam ser mais baratos para estimular a compra e a leitura",
disse Karen.
A professora explicou que os estudantes têm liberdade para escolher os
livros, mas que, antes de pagá-los, verifica se a leitura está
apropriada à faixa etária.
A bibliotecária de Planaltina, Elisângela Rodrigues Costa, afirmou que o
fato deste dinheiro só poder ser gasto na bienal faz que as editoras e
as distribuidoras elevem os preços.
"Como estamos adquirindo livros para a biblioteca, já vinhamos
pesquisando os preços em vários lugares. Estamos achando que, aqui, eles
estão um pouco altos. Por isso já desistimos de comprar alguns títulos
que encontramos. Lógico que a iniciativa é boa, porque, bem ou mal, os
alunos estão adquirindo os livros, o que a maioria deles não tem como
fazer. O ruim é a restrição de não podermos gastar o valor em outros
lugares", disse a bibliotecária.
A Agência Brasil pesquisou, via internet, o valor de
alguns dos livros comprados por estudantes que visitaram a bienal na
manhã desta sexta-feira (20). O romance Para Sempre, de Alyson Noël, pelo qual uma aluna pagou R$ 24,90, foi encontrado por R$ 19,90. Um Dia, de David Nicholls, adquirido por R$ 29,90, poderia ter sido comprado por R$ 22,30.
Outros títulos muito procurados pelos jovens, como as coleções Diário da Princesa, de Meg Cabot, e A Lenda dos Guardiões, de Kathryn Lasky, não tiveram diferença em relação aos preços encontrados fora da bienal.
Já um livro para professores como 1922 - A Semana Que Não Terminou, de Marcos Augusto Gonçalves, sobre a Semana de Arte Moderna, que em um dos stands da feira estava sendo vendido por R$ 49, pode ser encontrado por R$ 41 em uma grande rede de livrarias.
A Agência também encontrou alguns títulos mais baratos na bienal, caso de Niketche - Uma História de Poligamia, de Paulina Chiziane, à venda no stand da editora por R$ 49,50, enquanto é encontrado por R$ 62,50 no site de
uma das mais populares redes de livrarias. Há ainda, no evento, uma
grande quantidade de obras em promoção. Alguns editores dizem ter
concedido descontos de até 70% em determinados títulos.
A professora universitária Kleibe Brum diz ter gasto quase R$ 600 e
garante que, em outro lugar, a conta sairia bem mais salgada.
"Compramos em torno de 25 livros técnicos de pedagogia e letras, mas cansamos de andar. Visitamos todos os stands até que eu encontrasse em promoção várias obras que eu já conhecia e sabia que, fora, custam muito mais caros", disse.
De acordo com a representante da Secretaria de Educação do Distrito
Federal, Edriane Daher, a meta do governo distrital é beneficiar 24,9
mil professores e cerca de 25 mil alunos com a iniciativa, para a qual
foram destinados R$ 3 milhões.
"Do ponto de vista pedagógico, possibilitar que o aluno e o professor
comprem um livro na bienal tem um caráter simbólico de representar o
direito de ambos de não saírem da bienal sem levar algo. Não fiz uma
pesquisa de preços, mas o que eu sei é que, inicialmente, a Secretaria
de Cultura (Secult), que é a responsável por esta parte da organização,
estava negociando com os expositores o compromisso de eles oferecerem
descontos em todos livros", informou Daher.
A Agência Brasil entrou em contato com a Secult, mas não teve resposta sobre a obrigatoriedade do desconto.
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