sábado, abril 28, 2012

Falta Raul


Atenção. Nenhum animal foi ferido durantes as filmagens de Raul - O Início, O Fim E O Meio. Já a sutileza ou a sensibilidade de algumas pessoas, sobretudo das mulheres que viveram com Raulzito... 

Exagero? Pode ser. Mesmo porque o documentário de Walter Carvalho não é ruim, anti-ético ou coisa parecida, apesar de apelações como a de refilmar os passos da ex-empregada do compositor em sua volta ao apartamento onde ela o encontrou morto, em 1989.

A questão, pra mim (e, sendo eu o dono deste blog, posso me dar ao luxo de escrever meramente a partir da minha subjetividade), é que deixei o cinema não com  interesse  redobrado pela história já muito conhecida de Raul, mas sim com a impressão de que, para muitos dos entrevistados, principalmente para as ex-mulheres e filhas do cantor e compositor, falar sobre Raul parece ter sido muito dolorido. Não por acaso, todas - sim, todas - em algum momento choram (e, na maioria dos casos, vê-se que é um choro dolorido e aparentemente almejado pela produção). Uma inclusive se nega a dar seu depoimento, limitando-se a dizer que este é um capítulo encerrado em sua vida, sobre o qual não fala, e que está muito bem assim. 

O último parceiro de Raul, o ex-vocalista da banda Camisa de Vênus, Marcelo Nova, também é envolvido em uma polêmica que - de novo, EU ACHO -, apesar de questionável, é a única novidade em termos de informação (não considerando, óbvio, as imagens inéditas ou pouco conhecidas de Raul, grande razão de ser de uma cinebiografia). 

E aqui entro com mais uma nota pessoal a justificar MINHA IMPRESSÃO. Eu tinha a fita K-7 de A Panela do Diabo, disco que os dois gravaram juntos e que se tornou o último registro de Raul. Jamais passou pela minha cabeça a possibilidade de que Nova tivesse se aproveitado de Raul e nunca tinha visto ninguém sequer sugerir isso publicamente. Até porque, como mostrado no próprio documentário, na época em que se reuniram, Nova estava no auge de sua popularidade, ao passo que Raul, doente, embora idolatrado pelos raulmaníacos, há quatro anos não subia num palco. Isso era perceptível quando se ouvia o disco. Assim como a admiração de Nova por Raul ficava clara nas entrevistas que os dois concederam juntos. 

Gostaria de ter ouvido mais histórias de Nova sobre as últimas apresentações de Raul e, principalmente, saber dele se é verdade que Panela do Diabo chegou às lojas no dia em que Raul morreu. Gostaria de saber o que Zé Ramalho e Tom Zé disseram, já que nada deles foi ao ar, em detrimento de cenas completamente dispensáveis (Pedro Bial declamando!?!?!). Enfim, gostaria de saber mais sobre o artista Raul e menos sobre o "homem, companheiro, pai, alcoólatra". Só Walter, sua equipe e, parcialmente, os entrevistados, contudo, sabem o que ficou de fora na hora da edição, a forma como as entrevistas foram conduzidas e porque de tal opção.

.

Nenhum comentário: