segunda-feira, maio 23, 2011

Longa Jornada musical fim de semana adentro

Misture uma boa quantidade de vinho à fartas doses de tequila e você então irá descobrir o quanto o seu “bom gosto” (musical, hein! Musical) é elástico. Do funk carioca ao jazz-tango argentino, vale tudo quando a alma não é pequena, nem a sede pouca.

****

Uma noite regada a essa mistura explosiva pode começar com seu lado “mudérno” e “curioso” te conduzindo a um show da banda gaúcha Plato Divorak.
Que só não se consuma porque quando o som começa a rolar, você saca, ainda do lado de fora, que já não tem mais paciência para lugares sem a mínima qualidade acústica. Até este momento, “turning point” da sua noite, seus inocentes planos não iam além de ouvir um som e conhecer uma banda nova. (O vídeo, obviamente, não é meu já que não há a mínima condição de gravar nada no porãozinho do Balaio. Por isso escolhi um que se aproximasse de como soa a música ao vivo ali)

Frustrado em suas pretensões, você então decide chutar o balde de maneira rock´n´roll. E é aí que o trem descarrilha. E quando você consegue fazer o balanço da noite, está a poucos metros da funqueira Deize Tigrona embalando com seus elaborados versos os amassos de duas loirinhas lindas (uma delas, no “papel de homem” da relação, ou seja, possessiva, tentando manter a namorada distante de sua nefasta presença heterossexual).

No fim da noite, ainda um pouco anuviado, você volta para casa preocupado com o que seus amigos diriam se soubessem que você curtiu seu primeiro show de funk e concluiu que, apesar de incomodado com as letras, é preciso admitir que a ex-empregada doméstica manda muito bem em cima do palco. Deize é simpática, animada e tem uma malandra presença de palco que lembra muito as também cariocas Mart'nália e Sandra de Sá.

Como dá para ver no vídeo acima, ela colocou todo o público (com quem interage o tempo inteiro) para cantar seus versos safados. Tudo bem que memorizá-los e repetí-los não exige grande esforço. Não há sequer duplo sentido. É tudo na lata e, dependendo do ponto de vista, você pode classificá-los como apologia ao sexo e às drogas.

Agora, o mais esquizofrênico é, no dia seguinte, você ir curar a ressaca etílica e estética em um show de jazz com acento de tango dos argentinos da Escalandrum, banda que rende homenagens a um dos maiores artistas da Argentina, Astor Piazzolla, de quem o líder e baterista da banda, Daniel “Pipi” Piazzolla, é neto.

Nenhum comentário: