terça-feira, maio 03, 2011

Uma dentre tantas boas fotos dos últimos anos fez com que eu me lembrasse de um poema chamado Sou de Santos, de meu conterrâneo já falecido, Cassiano Nunes, do qual suprimo alguns trechos para, assim, apropriar-me de seu sentido. Diz o seguinte...

Nasci perto do mar / Apitos roucos de navios / me atraíam para outras terras: / propostas sedutoras /  Corri mundo / Vim parar no Planalto Central / onde, solitário entre livros / contemplo os anos / Às vezes, à noite / me encaminho para o lado do Eixo / e me detenho ante os terrenos baldios / (amplidão) da Asa Sul / Ao longe, / os guindastes das construções / sugerem um cenário de cais... / E o vento me traz, com o cheiro de sal, / o inútil apelo do mar

E, então, no mesmo livro (Poesia - I, de 1997), encontro um outro poema do mesmo Nunes, menos óbvio,  inspirado no Cais do Paquetá...

Alegria do cais / substitutiva / de límpida alegria / que não existe mais / (mas a alma ainda está viva!) / Sim, a alma ainda está viva / e com a aguda fome / de estrelas e de mitos / que faz a glória do Homem / Ácidas blasfêmias /  não mudam a erva tenra / em saibro do deserto: / Pode estar a vida errada / que o coração está certo!

Vida errada, coração certo e a alma ainda viva!

Kct! Cassiano Nunes era resiliente. Conclusão aliás que me levou a outro poema seu (Canção do Amor Tranquilo) que me leva de volta à boa foto dentre tantas outras dos últimos anos.

"Repouso o meu rosto / no teu ombro moreno / Imensa é a solidão, mas o mundo / pequeno [...] / Aceito meu destino sem queixa / Estou sereno / e encosto o meu rosto no teu ombro moreno"  

Um comentário:

Cecília disse...

Linda foto! Lindos versos!