Nasci perto do mar / Apitos roucos de navios / me atraíam para outras terras: / propostas sedutoras / Corri mundo / Vim parar no Planalto Central / onde, solitário entre livros / contemplo os anos / Às vezes, à noite / me encaminho para o lado do Eixo / e me detenho ante os terrenos baldios / (amplidão) da Asa Sul / Ao longe, / os guindastes das construções / sugerem um cenário de cais... / E o vento me traz, com o cheiro de sal, / o inútil apelo do mar
E, então, no mesmo livro (Poesia - I, de 1997), encontro um outro poema do mesmo Nunes, menos óbvio, inspirado no Cais do Paquetá...
Alegria do cais / substitutiva / de límpida alegria / que não existe mais / (mas a alma ainda está viva!) / Sim, a alma ainda está viva / e com a aguda fome / de estrelas e de mitos / que faz a glória do Homem / Ácidas blasfêmias / não mudam a erva tenra / em saibro do deserto: / Pode estar a vida errada / que o coração está certo!
Vida errada, coração certo e a alma ainda viva!
Kct! Cassiano Nunes era resiliente. Conclusão aliás que me levou a outro poema seu (Canção do Amor Tranquilo) que me leva de volta à boa foto dentre tantas outras dos últimos anos.
"Repouso o meu rosto / no teu ombro moreno / Imensa é a solidão, mas o mundo / pequeno [...] / Aceito meu destino sem queixa / Estou sereno / e encosto o meu rosto no teu ombro moreno"
Um comentário:
Linda foto! Lindos versos!
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