Festa: reunião de pessoas com fins recreativos, geralmente acompanhada de música, dança, bebidas e comidas. Afago, carícias.
A isso se resumiu o 1º de Maio em que a explosão de uma bomba no colo de militares que planejavam explodí-la em meio ao público que lotava o RioCentro completou 30 anos. Ontem (1º), o que se viu nas principais capitais foi centrais sindicais e entidades representativas optando por atrair o público com shows de duplas sertanejas apolíticas. Como diria Cazuza, "ideologia, eu quero uma para viver".
Em Brasília, onde a isca utilizada pela CUT foi o show de Zezé de Camargo e Luciano, só se salvou mesmo o show da cantora Ellen Oléria, negra, lésbica e moradora da periferia da capital. (ouça suas músicas no http://www.myspace.com/ellenoleria)
Brasiliense da safra de 1982 (portanto, de quando a cidade já havia se consolidado no imaginário pop nacional como a Capital do Rock), a cantora, compositora e instrumentista Ellen Oleria é porta-estandarte da nova música popular brasiliense - algo tão diverso e rico quanto a mistura de gentes que habitam este desvario modernista em pleno Cerrado.
Com uma voz potente e afinada, a cantora já abriu shows para Lenine, Maria Rita, Paulinho Moska, Chico César, Ney Matogrosso, Milton Nascimento, entre outros. Ao ouvir seus arranjos cheios de swing, fica impossível não associá-la à corrente da MPB que mistura samba ao funk (o original, norte-americano, embora ela também beba na fonte do Rap e do Hip-Hop) tipo Sandra de Sá, Cláudio Zoli, etc
Em suas letras, Ellen não ignora peso da desigualdade social e do preconceito. Neste sentido, vale ler a entrevista que ela concedeu ao site Palco Alternativo, na qual, entre outras coisas, fala sobre sua sexualidade.
“Quando ouço a palavra “assumir” sempre penso em criança levando bronca de mãe depois de mentir sobre uma travessura: “Assume! Foi você que quebrou!”. Não assumi ser lésbica nesse sentido de tomar a carga. Só sou lésbica. Eu existo de muitas formas. Mulher, negra, escorpiana, cantora… lésbica é uma das muitas formas que me identificam”.
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