quarta-feira, setembro 29, 2010

Enquanto isso, no DF...

Constrangedor. É o mínimo que se pode dizer da participação da mulher do candidato ficha-suja Joaquim Roriz, Weslian Roriz, no último debate eleitoral trasmitido pela tevê, ontem (28) a noite.

Para quem não está a par do que se passa na capital federal após a prisão e a renúncia do ex-governador José Roberto Arruda, o candidato ficha-suja Joaquim Roriz jogou aos leões a mãe de suas filhas após o Supremo Tribunal Federal (STF) se mostrar incapaz de decidir se a Lei da Ficha Limpa (que impede quem tenha cometido crimes eleitorais de disputar cargos públicos) vale já para as eleições deste ano.

Na semana passada, já tendo perdido a liderança nas pesquisas de intenção de votos e pouco disposto a sangrar em público para, talvez, ver sua candidatura impugnada mais a frente, Roriz surpreendeu a todos ao eleger sua mulher (quanto menos repetirmos o nome dela, melhor) para ocupar o posto de candidata da coligação Esperança Renovada.

Sem jamais ter concorrido sequer ao cargo de síndica, Weslian só não passou vergonha maior porque, aparentemente, os leões brasilienses não estavam sedentos por sangue. Pouparam-na. Talvez atentos à regra de que, em debates, humilhar um adversário não é bom negócio já que pode gerar em parte do eleitorado uma simpatia pelo humilhado. Lição aprendida em 1998 pelo então governador candidato à reeleição do DF, Cristovam Buarque, que perdeu a liderança e a eleição ao humilhar...Roriz.

Também não se pode deixar de considerar que, talvez, Weslian não tenha sido mais atacada simplesmente porque o nível dos candidatos brasilienses é muito fraco. Costumo dizer que a maioria dos deputados distritais não se elegeria vereador em Santos ou em São Paulo. Ou você consegue imaginar um candidato afirmando algo como "eu quero defender toda aquela corrupção" ou "se aconteceu da pessoa ser desonesta nós não temos responsabilidade"? (assista o vídeo abaixo para ver com seus próprios olhos o bizarro show protagonizado por Weslian)



O risco agora é parte dos eleitores ver um atrativo na falta de experiência política-administrativa e na incapacidade de se expressar da mulher de Roriz, um sujeito folclórico que chega a falar errado propositadamente para passar a idéia de que é "povão". Ou então votar em Weslian pela certeza de que ao elegê-la estará elegendo o último governador biônico do Distrito Federal, posto no cargo por José Sarney na época em que este era presidente. Além do que, Weslian é honesta: todos os problemas serão resolvidos por "uma assessoria técnica". Sendo assim, proponho: Fora com os intermediários. Vote nos assessores do PSC.

Agora, a esperança dos que tem bom-senso é que a Procuradoria Regional Eleitoral vetem a candidatura da dona Weslian (como a chamavam os demais candidatos). Os procuradores Rentao Brill e José Campos já assinaram parecer contrário, alegando que a substituição de Roriz pela mulher representa ofensa a princípios constitucionais como o da moralidade e o da representatividade. Para eles, Weslian é candidata laranja do marido.

Em socorro aos procuradores, deixo mais uma sugestão: que se inclua na legislação eleitoral uma cláusula que impeça a candidatura de analfabetos políticos. E tenho dito...

terça-feira, setembro 28, 2010

We Are The World

Acabo de assistir a parte de uma boa ideia muito bem executada e embalada na forma de um cd e de um dvd. Playng For Change: Peace through Music (Tocando a Mudança: Paz através da Música) é um projeto da ong de mesmo nome, que reúne músicos de várias partes do mundo para interpretar clássicos do pop mundial. No caso em questão, canções de paz e de protesto do mais conhecido representante da religião rastafari, Bob Marley.



Gonzzzzzzz!


De rolê por Sampa, o skatista e artista plástico de 42 anos, Mark Gonzales, se apresenta hoje (28) junto com parte do time internacional da Adidas Skateboarding.

Além de assistir a um ícone do esporte manobrando nas “esculturas skatáveis” instaladas no local para servir de obstáculos, quem passar pela Praça Marechal Cordeiro Faria, no finalzinho da Avenida Paulista, vai ver também uma canja da banda Dinosaur Jr, grupo de rock independente que, em meados da década de 1980, influenciou os integrantes do Nirvana e do Pearl Jam.

Entre os skatistas que se apresentarão ao lado de Gonz estão os também norte-americanos Tim O’Connor, Silas Baxter-Neal, Dennis Busenitz, Pete Eldridge, o inglês Benny Fairfax, os brasileiros Klaus Bohms, Daniel Marques, Akira Shiroma, entre outros.


A noite, Gonz participa da festa de inauguração de sua primeira exposição no Brasil. Artista plástico respeitado mundialmente, Gonzales é já expôs em importantes galerias dedicadas a street art. Suas obras ficarão expostas na galeria Cartel 011 (Rua Artur de Azevedo, 517) até o próximo dia 2.




(Impossibilitado de ir à apresentação, só me restou procurar imagens no youtube e chupinhar um vídeo do blog Rock Debate, de Jesse Navarro, que classificou os skatistas amadores presentes como "gralhas" e o show do Dinossaur Jr. como "decepcionante".

"Cinco músicas, pouca aparelhagem, absolutamente não se ouvia o vocal. Salvaram a guitarra psicodélica do vocalista J. Mascis e o estilo de Lou Barlow, que fez show solo na noite anterior em Sampa (ele toca baixo como se estivesse tocando guitarra, acertando todas as quatro cordas ao mesmo tempo)".

Achei o vídeo curioso e interessante por mostrar bem a diversidade da fauna paulistana num evento que misturou skate, street art e rock indie.

sexta-feira, setembro 24, 2010

Bailão do Tom Zé

...não haveria show mais oportuno para abrir a segunda edição do Tarrafa Literária - Festival Internacional de Literatura que o do cantor e compositor Tom Zé, um eterno tropicalista. Aos 74 anos, este gênio inventivo da MPB segue demonstrando a enorme disposição dos que não se acomodam e a presença de palco que muitas destas bandas de propaganda de refrigerante gostariam de ter. Resultado: Theatro Guarany lotado.

quinta-feira, setembro 23, 2010

Festival literário reúne autores brasileiros e estrangeiros em Santos

A segunda edição do Tarrafa Literária – Festival Internacional de Literatura começa hoje (22) e vai até o próximo domingo (26) na cidade de Santos, no litoral de São Paulo. O evento é uma boa oportunidade de conhecer e ouvir importantes autores brasileiros e estrangeiros da atualidade.

Os escritores Luis Fernando Veríssimo, Zuenir Ventura, João Paulo Cuenca, Joca Reiners Terron e os desenhistas Angeli e Allan Sieber são alguns dos 18 autores que participarão das nove mesas de debates programadas. Também confirmaram presença Maria Valéria Rezende, Cintia Moscovich, Celso de Campos Júnior, Guilherme Fiúza, Nina Horta, Roberto Muylaert, José Miguel Wisnik e os músicos João Barone, baterista do grupo Paralamas do Sucesso, e Zeca Baleiro, que estará lançando seu primeiro livro, intitulado Bala na Agulha.

O festival literário contará ainda com a palestra do camaronês Célestin Monga, considerado um dos mais importantes pensadores africanos da atualidade. Ele irá dividir uma das mesas de debate com José Miguel Wisnik, com quem vai conversar, no domingo, sobre as relações entre o Brasil e o continente Africano.

O fotógrafo britânico Mark Crick, que em A Sopa de Kafka conta parte da história da literatura universal por meio de 14 receitas gastronômicas, parodiando a cada uma delas o estilo de autores como Homero, Marcel Proust e o próprio Kafka, e o canadense Jeremy Mercer, autor de Um Livro por Dia, no qual conta a experiência de morar por quatro meses em uma das mais conhecidas livrarias parisienses, a Shakespeare and Company, com a contrapartida de realizar alguns serviços e ler ao menos um livro por dia, também estarão no Tarrafa Literária.

O cantor e compositor baiano Tom Zé é quem fará o show de abertura do festival, às 19h30 de hoje, no Theatro Guarany, prédio do Centro Histórico de Santos inaugurado em 1882 e reformado recentemente. No local ocorrerão também as nove mesas de debates. Toda a programação do festival está disponível no site www.tarrafaliteraria.com.br e a entrada é um livro usado que os organizadores prometem doar para instituições beneficentes.


Novos eventos literários são sinal de amadurecimento do mercado, diz editor

Cada vez menos presente nas praias santistas, a tradicional tarrafa, uma pequena rede de pesca caiçara, foi o objeto escolhido para simbolizar os objetivos do Festival Internacional de Literatura de Santos.

"Nossa proposta não é fazer um evento acadêmico, mas sim conciliar conteúdo e diversão, promovendo o lazer cultural", afirmou à Agência Brasil o editor e livreiro José Luiz Tahan, organizador do evento. "A palavra tarrafa, além de ser sonora, remete a uma prática tradicional santista e é uma boa analogia com nossa meta de buscar conquistar mais leitores. E também representa toda a rede de relacionamentos necessários para se promover um evento como este", disse Zé Luiz, como é conhecido na cidade.

Há 20 anos no mercado livreiro e hoje à frente de uma livraria e da editora Realejo, que publica obras de autores santistas, Zé Luiz entende que o surgimento de novos eventos literários por todo o país e a consolidação dos eventos já tradicionais é um sinal de amadurecimento do mercado editorial. Por isso, ele evita reclamar quando lhe perguntam sobre as dificuldades de tocar uma pequena editora ou de viver da venda de livros fora das grandes capitais.

Nem mesmo o desafio de convencer disputados autores como Luis Fernando Veríssimo, Zuenir Ventura ou João Paulo Cuenca a descerem a Serra do Mar e irem a Santos, a 80 quilômetros da capital paulista, arranca queixas do editor.

"Não gosto de dizer que seja mais difícil realizar um evento como este numa cidade de médio ou de pequeno porte. Há, sim, particularidades, mas, no nosso caso, acho Santos uma cidade como poucas já que ela fica próxima a São Paulo, tem toda um história cultural e a praia permite um clima de despojamento que nos favorece, já que a proposta é fazer uma grande festa sem solenidade e pompa", disse Zé Luiz.

Com 18 autores distribuídos por nove mesas de debate e uma programação paralela planejada especialmente para as crianças e adolescentes, o evento contou com apoio da Lei de Incentivo Fiscal, do Ministério da Cultura, que autorizou a arrecadação de R$ 796 mil com a iniciativa privada. O organizador, contudo, dissse que o custo final ficou abaixo disso.

"Pela relevância da programação e pela proximidade de Santos com a capital, nossa intenção é de que a Tarrafa passe a fazer parte do circuito de eventos literários nacionais, ao lado da Flip [Festa Literária Internacional de Paraty (RJ)] e da Feira do Livro de Porto Alegre", afirmou Zé Luiz.

terça-feira, setembro 21, 2010

Esfria a cabeça, paulistano

fotos: G1

Mais um dia abafado acabara de começar, os paulistanos ainda se deslocavam para o trabalho, quando, na região Central, duas composições do metrô pararam. Assim, sem mais nem menos. Pararam. No meio do trajeto e impedindo outros vagões de seguir viagem. Sem opção, as pessoas tiveram que deixar os vagões e caminhar até a estação mais próxima. Mau sinal para começar um novo dia.

A falha que paralisou a circulação na Linha-3 (Vermelha) do Metrô e prejudicou cerca de 200 mil pessoas revoltou os usuários que depredaram ao menos 17 trens. Segundo um diretor da companhia, o problema teria sido causado por uma blusa que ficou presa, impossibilitando o fechamento de uma das portas. Foi a segunda grande paralização do serviço em uma semana, tendo afetado 18 estações. O governador de São Paulo, Alberto Goldman, prometeu acionar a polícia para investigar a ocorrência.

Sem o metrô, único modal de transporte público a funcionar satisfatoriamente, restou a quem pôde recorrer aos ônibus, a vans ou então botar mais carros nas ruas. Então o tempo virou e veio a chuva. No meio da tarde, um temporal forte atingiu partes da região metropolitana, deixando a cidade em estado de atenção. E o que havia começado mal foi ficando pior. No momento em que escrevo (19h), o congestionamento já chega a 170 quilômetros e a tendência é de que aumente ainda mais. Agora (19h03), já são 173km.

Mas nada disso causa mais estranheza ao paulistano acostumado à pressa em meio ao trânsito que não anda; às quatro estações em um único dia e a não ver o céu devido à poluição. Mas hoje não é um dia normal nem mesmo para a anormal rotina padrão da capital paulista e região metropolitana e antes dele terminar os moradores de Guarulhos seriam contemplados com...neve.

Na verdade uma chuva de granizo. Que deixou tanto gelo acumulado pelas ruas que, vendo as fotos, a gente pensa que nevou no inverno paulistano. Telhados tingidos de branco, veículos impedidos de seguir viagem, janelas e vidraças quebradas, queda de árvores e de muros e os meteorologistas alegando jamais ter visto algo parecido na região. Os problemas na entrada da cidade agravaram ainda mais a volta para casa do paulistano e, agora (19h20), o congestionamento em São Paulo já chega a 175 quilômetros.
Agora, quer saber o que é irônico? É que eu não vi ou senti os reflexos de nada disso e estou aqui, em casa, de meias e chinelos, ouvindo as sirenes aloucadas tentando abrir espaço em meio ao engarrafamento. Morar numa cidade grande tem destas vantagens: às vezes, nem os problemas te alcançam.

segunda-feira, setembro 20, 2010

Ninho partido

Na semana passada, durante um comício em Joinville (SC) da candidata governista à presidência da República, Dilma Rousseff (PT), o presidente Lula reprisou o episódio em que o ex-senador Jorge Borhausen (DEM-SC) disse que a oposição iria exterminar a raça petista e declarou que, agora, é preciso extirpar o DEM da política brasileira.


O episódio foi veemente criticado. Sabe-se lá porque, até Caetano Veloso foi ouvido pela imprensa e classificou a declaração presidencial como "golpista" (? - golpista contra quem, leãozinho?). Lógico que tais arroubos contra um partido legalmente constituído não são justificáveis, mas, em se tratando da oposição, Lula parece não precisar se dar ao trabalho de fazer nada. Os próprios oposicionistas estão se implodindo ao constatarem o aparentemente inevitável desastre que se aproxima.

Na edição desta senama, Carta Capital informa que o ex-governador de Minas Gerais - terceiro maior colégio eleitoral do país -, e candidato ao Senado Aécio Neves pretende deixar o ninho tucano e criar um novo partido de oposição ao PT. Um partido, menos arrivista e golpista, mas, ainda assim, um partido que esvaziará o alcance de vários partidos, sobretudo do PSDB, dominado pelos dirigentes paulistas.

De acordo com o repórter Mauricio Dias, há duas semanas, durante um jantar no Rio de Janeiro, Aécio empolgou-se ao falar da necessidade de reformas políticas no Brasil e, para sustentar os argumentos que desenvolvia junto a um grupo restrito de amigos, anunciou: "Eu vou sair do PSDB".


Ainda conforme o repórter (que não revela a fonte da informação), Aécio já tem um novo projeto político na cabeça. Praticamente eleito para o Senado, o neto de Tancredo Neves não buscará abrigo em nenhum outro partido político ao abandonar o PSDB. Quer sim é estabelecer uma oposição democrática ao PT, cuja candidata parece prestes a ser eleita. É esperar para ver...

sexta-feira, setembro 17, 2010

Se liga, Neymar!

Em menos de um ano, o jovem atacante santista deixou de ser apenas um jogador com um talento monstruoso, fundamental para a equipe do Santos ter conquistado o Campeonato Paulista e a Copa do Brasil, e se tornou um "monstro" imaturo, inconsequente e marrento.

Após bater boca com o técnico do Santos, Dorival Júnior, e com o capitão do time, Edu Dracena, Neymar passou a receber críticas de parte da própria torcida santista. E se isso acontece em casa, não é de se estranhar que, mesmo admirando o bom futebol do garoto, os torcedores de outros times o passem a ver com crescente antipatia.

Se reparar bem enquanto dirige a caminho de seu triplex, no canal 5, Neymar vai notar algumas faixas (foto) recomendando, com outras palavras, que ele se aconselhe com o travesseiro e assuma uma postura mais humilde. Tomara que tenha cabeça para compreender a situação ou que o clube consiga ajudá-lo, pois ainda que seu talento e o montante nele investido lhe deem certa margem de manobra para fazer das suas, nenhuma marca vai querer um cara mal-visto anunciando seus produtos.
fotos tiradas ontem (18), em uma padaria do canal 5, em Santos (SP)

quinta-feira, setembro 09, 2010

"Exclusivo: Dilma tem fimose na teta"


Para o cidadão comum, política em tempos de disputa eleitoral serve, quando muito, para dar algumas risadas. Ou melhor, um sorriso amarelo, vá lá, com gosto amargo. Para alguns poucos serve também para complementar a renda familiar, distribuindo santinho nas ruas sem qualquer convicção ideológica. Para a maioria, no entanto, é tão somente uma sucessão bizarra de gente estranha com idéias esquisitas que nos obriga a refletir se nossos excelentíssimos representantes políticos tem de fato algo a ver com nossa labuta cotidiana ou se as coisas caminham indiferentes e até mesmo apesar deles.

Tiririca, Maguila, Simony, Kiko do KLB, Paulo "Highlander " Maluf, Dinei....e por aí vai. Dá gosto? Não dá, né. E diferentemente do que diz o palhaço sem graça, a gente sabe que pode sim ficar pior.

Por isso, mesmo sabendo do risco que é deixá-la na mão dos vendilhões, evito me ocupar, neste blog, de política. A Política que me interessa é outra. Apesar disso, não resisti a copiar aqui uma brincadeira que tem mobilizado centenas, talvez milhares de internautas. Não que eu faça campanha da candidata petista à presidência, Dilma Rousseff, mas sim porque o comportamento da mídia, este sim me interessa. E neste sentido é clara a falta de isenção de alguns veículos. Veja, Folha de S.Paulo e Época parecem disputar o posto de órgão oficial da oposição - leia-se PSDB - e o leitor, como não é bobo, já sacou e partiu para pilhéria.

Abaixo, algumas dass próximas manchetes que os não-leitores da Folha esperam ver publicadas até o próximo dia 30. Isso é que é leitura crítica da mídia. (A primeira delas é minha modesta contribuição à corrente bem-humorada. Acrescente a sua e envie para 20 pessoas).
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* Folha Educação: Taxa de bebês nascidos analfabetos não melhorou durante os últimos oito anos
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* Esportes: Dunga revela: Dilma mandou convocar Felipe Melo
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* Dilma falhou na marcação de Ghiggia, no Maracanazo de 1950.

* Dilma disse a Bush: “em seis meses você resolve esse negócio no Iraque”

* Mensalão romano: Petistas pagaram 30 moedas de prata para que Judas denunciasse Jesus.

* Cheque sem fundo de Dilma provocou a crise de 29

* Ilustrada: Em cena censurada, Darth Vader revelava não só ser o pai de Luke Skywalker como que Dilma era a mãe do jovem Jedi

* Faraó confirma: Dilma e Moisés são dois perigosos terroristas

* Twiteiro revela: Dilma sequestrou minha timeline

* Folhateen: Psiquiatra consultado pela Folha revela que chegada de Dilma a 51% está incentivando jovens a beber cachaça

* Folha Segurança: Dilma convenceu o padre a viajar com os balões

* Revelado que Dilma estava envolvida com a queda do avião no primeiro episódio de Lost

* Folha séries: Revelação: o mostro de fumaça de Lost é filiado ao PT desde 1980 e violou o sigilo de Jacob

* 7438 anos depois Noé confessa “Dilma boicotou a entrada dos tucanos”

* ‘Dilma roubou minha senha no Twitter’, diz Serra

* Falha de Dilma derrubou a bolsa de Nova York em 1929

* Folha: José serra divulga documento secreto em que Dilma responde judicialmente pela morte de Odete Roitman
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* O Dr House manca pro causa da Dilma, que passou rasteira nele.

* Cotidiano: Dilma Roussef inventou a vuvuzela.

* Não foi um asteróide que matou os Dinossauros, foi a Dilma que sorriu para eles e os matou de medo

* Folha, em 04/10: Suposta vitória de Dilma não pode ser confirmada, mas também não pode ser descartada.

terça-feira, setembro 07, 2010

Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas de Santos será bienal, diz gerente do Sesc

O Mirada - Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas de Santos deverá voltar a ocorrer a cada dois anos e passará a abarcar outras manifestações artísticas além do teatro, garantiu o diretor regional do Serviço Social do Comércio (Sesc) de São Paulo, Danilo Santos de Miranda. O Sesc é a entidade responsável pelo evento que, até o próximo dia 11, traz à cidade do litoral paulista 31 espetáculos teatrais de 12 países.

"Nossa ideia é que o festival aconteça a cada dois anos e contemple o melhor da produção latino-americana, de Portugal e da Espanha. Futuramente, além do teatro, nossa intenção é abrir espaços para a dança e para todas as artes que pudermos reunir aqui", afirmou Miranda à Agência Brasil logo após assistir, ontem (5) à noite, o espetáculo O Desenvolvimento da Civilização Futura, dirigido e adaptado pelo argentino Daniel Veronese a partir do clássico Casa de Bonecas, de Henrik Ibsen.

Ao fim do quarto de dez dias de programação, o filósofo e cientista social, que desde 1984 está à frente da unidade paulista da entidade, fez um balanço positivo do evento e da resposta do público. "Estamos atingindo os dois aspectos que mais nos interessam: trazer uma produção de qualidade, atrair o público e conquistar sua adesão."

Miranda também destacou o "componente econômico" por detrás da mostra e o valor da mobilização que levou mais cultura às ruas e aos espaços históricos da cidade de 464 anos.

"A cultura tem um papel econômico importante porque, além de mobilizar a cidade, para que um evento como este aconteça é necessário uma infraestrutura imensa. No caso do festival há vários interesses em jogo: o comércio, a hotelaria e a própria infraestrutura municipal. Neste primeiro momento, o Sesc de São Paulo pretende manter a proposta por algum tempo e então voltar a verificar o interesse da prefeitura e dos governos estadual e federal", considerou o diretor.

Los Grumildos

Seres mitológicos e oníricos, os Grumildos são criaturas hiperrealistas que povoam o imaginário da artista plástica peruana Ety Fefer e que adquirem vida nesta instalação inspirada em tipos marginais do centro da capital peruana, Lima.
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Este bem humorado mundo paralelo habitado por miniaturas articuladas agora exibido como parte da programação do Mirada - 1º Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas de Santos já esteve exposto em um bar na Suiça, nas catacumbas de uma igreja na Catalunha e numa galeria clandestina em Berlim. Sórdidos, näif, grotescos, encantadores, bizarros, divertidos, os Grumildos dialogam com secretas fantasias voyeurísticas de sua autora e do próprio público.
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Até o próximo dia 11, das 14h às 17h e das 18h às 23h., no Sesc Santos

segunda-feira, setembro 06, 2010

Ofuscado por mostra ibero-americana, festival teatral mais antigo do país busca renovação

Recebida com entusiasmo por profissionais do setor e por parte da população santista, a primeira edição do Mirada – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas de Santos (SP) acabou por ofuscar o Festival Santista de Teatro (Festa), tradicional evento teatral que ocorre simultaneamente à mostra internacional realizada pelo Serviço Social do Comércio (Sesc) de São Paulo com o apoio da prefeitura local.
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Criado em 1958 pela escritora e jornalista Patrícia Galvão, a Pagu, musa do movimento modernista, o Festa é hoje o mais antigo festival de teatro do país a ocorrer com regularidade. Por ele já passaram atores e dramaturgos como Plínio Marcos, Sérgio Mamberti, Aracy Balabanian, Ney Latorraca, Bete Mendes, Alexandre Borges, entre outros atores. Em 1959, José Celso Martinez Corrêa deixou a cidade com cinco prêmios concedidos no evento à peça A Incubadeira.


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Até o ano passado, o Festa se limitava a levar aos palcos da cidade espetáculos encenados apenas por grupos amadores. A opção por passar a receber grupos profissionais de outras regiões do país era uma forma de voltar a atrair o público que, ao longo dos últimos anos, foi deixando de prestigiar o evento. O Mirada, contudo, acabou por obrigar os organizadores a voltar atrás, reduzir a estrutura mesmo em comparação a 2009 e focar apenas em espetáculos locais.

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“O Mirada acabou ocupando todos os teatros da cidade, incluindo os públicos. Além disso, como ele está acontecendo no mesmo período do Festa, já contávamos com o fato de que acabaria centralizando a atenção do público e da imprensa. Por isso, este ano, nós decidimos reduzir a estrutura do Festa, apresentando apenas grupos locais”, disse à Agência Brasil o assistente de coordenação do Festa, Leandro Borges Taveira.

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Quanto à coincidência de datas, Borges atribui a responsabilidade ao “pouco caso” da prefeitura com o evento local. “Houve um mal-entendido. A prefeitura, ao que sabemos, não informou os organizadores do Mirada sobre a coincidência e a importância do Festa e não exigiu qualquer contrapartida por parte do Sesc. Mais tarde nós firmamos uma parceria com o Mirada, mas ainda achamos que o Festa não está sendo devidamente valorizado”, disse Borges, admitindo, contudo, que a perda de público e de prestígio é algo que já vem ocorrendo há anos.


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“O Festa vem realmente perdendo público e prestígio e por isso mesmo estamos propondo rever muitas coisas para que o festival volte a ter relevância e a revelar novos artistas. Para isso vamos precisar de maior apoio dos governos municipal e estadual e trocar a coordenação do evento”.

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Organizado por uma comissão eleita pela própria classe teatral santista, o Festa faz parte do calendário oficial de eventos municipais e recebe apoio financeiro da prefeitura, que neste ano alocou R$ 30 mil para a realização do festival. “É muito pouco”, disse Borges, explicando que, em 2009, a realização do evento consumiu cerca de R$ 150 mil e que, em 2011, a comissão organizadora prevê um gasto de mais de R$ 1 milhão para implementar as mudanças que vem sendo discutidas para tentar recuperar o prestígio perdido.

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“Estamos prevendo várias alterações. Queremos profissionalizá-lo, trazer grandes espetáculos nacionais, oferecendo a eles uma melhor estrutura, além de críticos e artistas que participarão de debates. Também estamos estudando criar uma categoria que fomente à produção local, dando, por meio de editais, uma verba para os grupos teatrais da região montarem seus espetáculos para o ano seguinte”.


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Por meio de sua assessoria, o Sesc informou ter participado de várias reuniões com representantes da classe artística local, esforçando-se para que fosse estabelecida uma parceria e para que os horários dos espetáculos tentassem não ser os mesmos. Disso resultou, entre outras coisas, a seleção de um grupo local (Trupe Olho da Rua). Já a data do Mirada, que começou no último dia 2 e segue até o próximo dia 11, foi definida em negociações com a prefeitura em função da disponibilidade de espaços e da agenda dos artistas convidados.

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A reportagem tentou contato com a prefeitura da cidade, mas não obteve resposta.

domingo, setembro 05, 2010

Gigantes Pela Própria Natureza empolga público de festival de artes cênicas em Santos

Equilibrados sobre pernas de pau, os atores da Grande Companhia Brasileira de Mystérios e Novidades, do Rio de Janeiro (RJ), não se abalaram com a chuva e a necessidade de transferir às pressas todos os equipamentos e adereços necessários à encenação da peça Gigantes Pela Própria Natureza e encantaram o público que acompanhou a apresentação no foyer do Sesc Santos, hoje (5) à tarde.

Bebendo na fonte do sincretismo religioso e das tradições indígenas, africanas e europeias, o grupo somou teatro, dança e música para colocar parte da plateia para dançar ao ritmo do maracatu e de outros ritmos tradicionais, levando ao público o que o grupo define como "circo dramático".




Inicialmente, o espetáculo seria no jardim da praia, próximo à unidade do Sesc. Devido à frente fria, que chegou hoje à região, os organizadores decidiram transferi-lo, aproveitando a já grande concentração de pessoas que costumam frequentar o Sesc Santos e que, nos últimos dias, tem sido ainda maior em função do Mirada - 1º Festival de Artes Cênicas de Santos.

Apesar do contratempo, a diretora Lígia Veiga disse ter ficado satisfeita com a apresentação e com a resposta do público. "Mesmo com a correria, valeu a pena. Deu para divertir o pessoal e alegrar um pouquinho mais a vida. Acho maravilhoso fomentar o intercâmbio e esperamos que este [festival] seja o começo de uma grande parceria com os outros países participantes e que esse festival seja para sempre".

"É um espetáculo muito lindo", comentou o ator argentino Andrés D'Adamo, que integra o elenco da peça Lote 77, que será exibida terça-feira (7) e quarta-feira (8) em um antigo casarão restaurado no Centro Histórico de Santos. "Ao contrário de nossa proposta, que é a de fazer um teatro mais intimista, neste se emprega a música e um figurino muito colorido para realizar uma peça muito alegre, ideal para ser encenado nas ruas ou em um lugar como este, cheio de gente, com muitas crianças e idosos, e todos participando", disse o ator.

O argentino, que já apresentou a mesma peça no Festival de Belo Horizonte, elogiou a criação de mais um espaço destinado a proporcionar o intercâmbio cultural entre vários países. "Um festival como este é muito importante para o Brasil. O intercâmbio cultural é sempre enriquecedor. Vi muitos bons espetáculos e estamos sendo muito bem tratados", afirmou o ator, destacando o espetáculo espanhol Urtain, apresentado na semana passada, por ter visto muitas semelhanças entre a história representada e a própria experiência argentina.

Já a dentista Tania de Oliveira Nunes Carvalho aproveitou a mudança do local da apresentação devido à chuva para levar as filhas de 3 e de 4 anos para assistir ao espetáculo. "Eles são muito expressivos e conseguiram usar muita coisa de nossa cultura na peça. Achei superdiferente e interessante".

"Não há censura ao teatro na Venezuela", garante dramaturgo

fotos: Ott por Gerald Martineau, The Washington Post - Passport, divulgação

Uma mulher viajando sozinha acorda ao chegar a uma estação de trem. Obrigada a desembarcar e sem saber onde está, ela busca obter informações com um soldado responsável por fiscalizar a entrada de imigrantes no país. Sem falar o idioma local, a mulher se vê enredada em uma série de mal-entendidos que culmina com sua prisão temporária, durante a qual será torturada pelo soldado e por um oficial truculento.

Que país é este de autoritarismo e desrespeito aos direitos humanos retratado na peça Passport? O dramaturgo venezuelano Gustavo Ott se apressa para esclarecer que a história apresentada na sexta-feira (3) e no sábado (4) como parte da programação do Mirada - 1º Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas de Santos (SP) não se passa na Venezuela do presidente Hugo Chávez.

"Um espectar ontem me perguntou se o país é a Venezuela e eu disse que não. Ele então quis saber se poderíamos apresentar esta peça em nosso país e eu lhe respondi que sim, que ela está em cartaz há dois anos. Quando eu lhe disse que não há censura na Venezuela ele me pareceu desapontado. Ele queria que eu dissesse que há, mas a verdade é que, no caso do teatro, mesmo do teatro político, não há censura", disse o dramaturgo à Agência Brasil.

"Creio que vivemos um processo muito interessante na Venezuela. Há, lógico, muitas críticas que podem ser feitas à administração de Chávez, mas não se pode acusá-lo de não ter sido eleito democraticamente ou de violar as liberdades individuais."

Passport foi escrita em 1988 e se inspira parcialmente em episódio vivido pelo próprio Ott que, anos antes, foi barrado ao tentar atravessar a fronteira entre a antiga Iugoslávia e a Albânia. "Eu ia para a Grécia, mas peguei um trem errado. Na Albânia não me compreendiam e não sabiam onde fica a Venezuela. Para que me compreendessem, disse que era um país vizinho ao Brasil, que eles conheciam por causa do futebol", lembra Ott, que passou um dia no posto de fronteira até ser liberado.

Após o sucesso inicial, a peça ficou anos sem ser encenada. Ott chegou a acreditar que nos anos 1990 a reflexão sobre temas como identidade nacional, imigração e desrespeito aos direitos humanos deixaria de ser necessária. A própria história, contudo, trataria de desenganá-lo. A invasão do Iraque por tropas militares norte-americanas, a prisão arbitrária e a violência contra acusados de terrorismo detidos em Abu Ghraib e o endurecimento das leis antimigração demonstraram a atualidade do texto.

"Nos anos 1980, era comum na América Latina a discussão sobre os direitos humanos, as arbitrariedades e a incomunicabilidade. A partir de 1990, os conteúdos se superficializaram e já não era tão importante fazer teatro político. Quando começou o século 21, a roda da história voltou a girar de forma dramática. Nestes dez anos vimos de tudo e vemos agora um mundo amedrontado em que a tortura deixa de ser exclusividade dos países subdesenvolvidos e no qual temas como a imigração e as identidades nacionais voltam a ser centrais", argumentou Ott.

"Passport é uma peça que se adapta aos diferentes espectadores. No Japão nos disseram que a história lembrava a relação e as diferenças entre os moradores da capital e os do interior, que em muitos casos se odeiam. Já em Israel houve quem me dissesse que ela dizia respeito à diáspora judaica. Na Venezuela, claro, pensamos que o texto fala também sobre a divisão entre uma Venezuela politicamente comprometida e outra que sente que seus direitos estão sendo cerceados", disse o dramaturgo, que trabalhou como jornalista durante 18 anos, período durante o qual escreveu sobre política, esportes, crimes, cultura e moda. Nesse mesmo período, ele se dedicou a escrever parte de suas mais de 40 obras. Três delas estão em cartaz no Brasil: Chat, em Recife (PE); Dois Amores e um Bicho, em Curitiba (PR) e Divorciadas Evangélicas e Vegetarianas, que está em cartaz em Salvador (BA) e está prestes a estrear também no Rio de Janeiro (RJ).

"Este é um momento muito importante para o teatro na Venezuela. Há um teatro comercial, dedicado ao entretenimento, que embora não reflita sobre o país, leva grandes públicos às salas. E há também um teatro independente cada dia mais político e poético. Há muitos novos autores escrevendo muito bem e estamos sendo montados no exterior", disse o dramaturgo antes de criticar o governo venezuelano por não dar o devido apoio ao teatro e à literatura. "Houve uma estratégia política para o desenvolvimento do cinema nacional que já começa a dar frutos, mas para o teatro e para a literatura não houve qualquer planejamento além de tentar massificar o acesso. Isto está começando a ser rediscutido agora", concluiu Ott.

sábado, setembro 04, 2010

Espanhóis agradam público de festival ibero-americano de artes cênicas de Santos


Com propostas e o emprego de recursos cênicos distintos, as duas companhias teatrais espanholas convidadas para o Mirada - 1º Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas de Santos (SP) agradaram ao público que prestigiou, ontem (3) à noite, as apresentações.

O Xarxa Teatre, grupo valenciano de teatro de rua, ocupou parte do jardim do Emissário Submarino, à beira-mar, para encenar o espetáculo El Foc Del Mar (O Fogo do Mar). Parte do repertório da companhia, o espetáculo pirotécnico vem sendo encenado desde 1994 e, segundo o próprio grupo, já foi exibido em mais de 40 países.

Segundo o ator e assistente de direção Oscar Luna, o público compreendeu a proposta do grupo de encenar uma grande festa de rua, com o uso de fogos de artifício, música percussiva e as cores vivas e formas geométricas normalmente associadas à cultura mediterrânea que, juntos, remetem às tradições festivas de Valencia.

"É um espetáculo um pouco diferente pois não contamos uma história própriamente dita, não há uma única palavra. Nossa intenção é fazer uma festa teatral a partir das tradições valencianas e tínhamos a expectativa de ver como o público iria reagir. A resposta foi boa" , disse Luna à Agência Brasil.

"Linda! Valeu muito a pena. O trabalho é uma maravilha", disse a aposentada Vilma Rodrigues de Campos Melo, moradora de Laranjal Paulista, no interior do estado, que aproveitou a visita à filha que mora em Santos para assistir, de graça, ao grupo espanhol. A professora de educação física Adriana Barbieri também elogiou o trabalho do Xarxa. "Viemos por conta da sinopse que nos entregaram na rua e valeu. Não foi preciso que os atores falassem nada. Foi maravilhoso, ainda mais por ser na praia".

Em seguida, uma parcela do público seguiu da praia para o Serviço Social do Comércio (Sesc) de Santos, onde ocorre parte dos espetáculos fechados. Não foi no teatro, contudo, que a Compañia de Teatro Animalario encenou a história do boxeador basco José Manuel Ibar, o Urtain, que dá nome à peça. Um ringue cenográfico, além de toda a estrutura de iluminação, foi montado no ginásio.

Cadeiras foram dispostas para o público em torno do ringue como a reproduzir uma arena de luta e, por duas horas, a plateia acompanhou a ascensão e o declínio do jovem, que chamou a atenção de especialistas ao demonstrar extrema força física levantando pedras e que acabaria por se tornar campeão europeu de pesos-pesados em meio à ditadura de Francisco Franco (1938-1973).

"Gostei bastante da peça e achei diferente a ideia do ringue, algo que torna a representação ainda mais realista. Acho que com a iluminação e com a narrativa, eles conseguiram fazer com que o público viajasse pela história", disse o jornalista Eduardo Ricci que já havia assistido, na quinta-feira (2), ao espetáculo mexicano De Monstruos e Prodigios. "O que é legal é ver a diversidade. Eu, por exemplo, jamais havia visto um cavalo em cena como vi ontem [no espetáculo mexicano], e as questões alegóricas também foram bem interessantes".

O festival segue até o próximo dia 11, e as duas peças voltam a ser apresentadas hoje (4). Toda a programação está disponível no site www.mostrasescdeartes.com.br/mirada. As peças apresentadas em espaços fechados custam R$ 10 (R$ 5 a meia-entrada e R$ 2,50 para comerciários). Já as encenadas em um dos sete espaços ao ar livre são gratuitas.

Argentina é homenageada em Festival de Artes Cênicas de Santos



A Argentina é o primeiro país a ser homenageado no Mirada - Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas de Santos, evento realizado pelo Serviço Social do Comércio (Sesc) de São Paulo e cujos organizadores, já na abertura de sua primeira edição, ontem (2) a noite, manifestaram a expectativa de que se estabeleça como mais um importante evento do calendário artístico nacional.

Segundo o gerente do Sesc de Santos, Luiz Ernesto Figueiredo Neto, a intenção é que o festival aconteça a cada dois anos, na cidade, e que a cada edição um novo país seja homenageado. Ainda assim, ele destaca que, mesmo atravessando um mau momento econômico, a Argentina tem uma produção dramatúrgica importante e multifacetada.

Para dar conta de representar a diversidade estética e temática do teatro contemporâneo argentino, os curadores do festival convidaram cinco criadores, entre eles o diretor e dramaturgo Daniel Veronese, um dos fundadores da companhia El Periférico de Objetos, criada em 1989 e que já trabalhou no Brasil, onde, em 2009, dirigiu a peça Gorda, com Fabiana Karla e Michel Bercovitch.

No Mirada, Veronese apresentará três espetáculos: O Desenvolvimento da Civilização Vindoura, no próximo domingo (5); Todos os Grandes Governos Tem Evitado Ao Teatro Íntimo, no dia 6 e Espia a Uma Mulher Que Se Mata, no dia 7. As duas primeiras são as versões pessoais de Veronese para os clássicos A Casa de Bonecas e Hedda Gabler, do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen. Já a última é uma versão do argentino para Tio Vânia, do russo Tchekhov.

Entre os argentinos, também se apresentará em Santos, nos dias 6 e 7, a companhia Teatro Timbre 4, fenômeno da cena independente portenha que busca romper com a representação tradicional e que já percorreu Estados Unidos, Portugal, Espanha, Bósnia-Herzegóvina, Irlanda e o próprio Brasil com a peça A Omissão da Família Coleman.

Já nos dias 7 e 8, o espetáculo Lote 77 permitirá ao público do Mirada conhecer o trabalho do ator e diretor Marcelo Mininno, autor do texto que trata da construção social e histórica do conceito de masculinidade visto pela ótica de trabalhadores rurais.

Já a atriz e diretora Lía Jelín, junto com as atrizes Marta Bianchi e Noemi Frenkel, se serve das histórias de vida das escritoras Alejandra Pizarnik (1936-1972) e Silvina Ocampo (1903-1994) para lançar um olhar feminino e literário sobre a história recente da Argentina. Dias 4 e 5.

Nada do Amor me Provoca Inveja, monólogo encenado nos dias 9 e 10 por María Merlino e dirigido por Diego Lerman, parte das desavenças entre as cantoras e atrizes Libertad Lamarque e Eva Duarte para discutir a memória política e social do país. Na vida real, Libertad teria dado um tapa no rosto da jovem Eva, que logo depois se casou com o presidente Juan Perón, entrando para a história como "a mãe dos pobres" Evita Perón. Libertad, por sua vez, passou a ser boicotada em seu próprio país e teve que se mudar para o México, onde morreu no ano de 2000.

Além da Argentina, o público também terá a chance de assistir a trabalhos da Bolívia, Colômbia, Espanha, Venezuela, Equador, México, Peru, Chile, Uruguai, Portugal e do próprio Brasil. Toda a programação do evento pode ser consultada no site www.mostrasescdeartes.com.br/mirada.

sexta-feira, setembro 03, 2010

Ditaduras militares distanciaram produção teatral latino-americana


Ainda pouco conhecida do público brasileiro, a produção teatral latino-americana vem conquistando espaços de exibição Brasil afora. Além de mostras já tradicionais como as de Londrina (PR) e de Porto Alegre (RS) – nas quais é frequente a presença de grupos e companhias de países vizinhos –, eventos como o festivais Ibero-Americano de Teatro de São Paulo (SP), que este ano chegou a terceira edição, e o de Santos (SP), cuja primeira edição teve início ontem (2) a noite, tem permitido que os profissionais da área troquem experiências e que o público conheça produções de qualidade.

"A produção artística e o pensamento latino-americanos são hoje tão importantes quanto as referências europeias e norte-americanas que formaram nosso teatro ao longo da história", sustenta a ensaísta e professora da Escola de Artes Dramáticas (EAD) da Universidade de São Paulo (USP) Silvana Garcia que, em Santos, coordenará a mesa de debates Criação e Identidade no Teatro Ibero-Americano.

"Estamos recuperando um contato que, na década de 1960, foi muito importante e que, em parte, foi interrompido pela censura e pela repressão que, nos anos 1970, foram terríveis para o teatro", disse Silvana ao mencionar a interrupção de antigos festivais internacionais de teatro, responsáveis por trazer ao país nomes e obras que influenciaram toda uma geração.

A diretora Cibele Forjaz, cuja Mundana Companhia apresentará em Santos, a partir da próxima segunda-feira (6), a peça em três partes O Idiota, a reaproximação com o teatro ibero-americano é como "curar antigas feridas".

"A partir do final da década de 1960 nós tivemos ditaduras que sufocaram as manifestações artísticas em praticamente toda a América Latina. Isso, me parece, provocou um distanciamento em razão do qual a gente, hoje, normalmente conhece mais do teatro alemão do que do argentino", disse Cibele.

Para Silvana Garcia, o crescente interesse pela produção ibero-americana é consequência da revitalização, a partir do início da década de 1990, do conceito de teatro de grupos, de produção coletiva, em detrimento do destaque do diretor, característico dos anos 1980.

"Na década de 1980 houve um afastamento quase que natural em função das características locais de produção, mas a partir dos anos 1990, com a efervescência e o surgimento de uma nova geração dedicada ao teatro coletivo, nós voltamos a nos interessar por este intercâmbio e a perceber um movimento similar na América Latina", disse a professora, destacando que, hoje, a produção é heterogênea.

Festival de teatro em Santos quer promover produção ibero-americana

Sede do maior porto da América Latina, a cidade de Santos, no litoral de São Paulo, foi escolhida para abrigar um novo festival dedicado à produção teatral de países ibero-americanos. De acordo com os organizadores do evento, nada mais natural que a cidade-porto fosse escolhida por simbolizar um espaço de encontro de diferentes povos e da cultura ibero-americana.

O
rganizado pelo Serviço Social do Comércio de São Paulo (Sesc-SP) até o próximo dia 11, o Mirada – 1º Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas de Santos trará à cidade 13 peças nacionais e 18 internacionais, além de debates, exposições e mostras de vídeo que permitirão a troca de informações entre atores, diretores, dramaturgos, produtores e o público, além de poderem conhecer exemplos do que de melhor vem sendo feito em termos de teatro na Argentina, Bolívia, Colômbia, Espanha, Venezuela, no Equador, México, Peru, Chile, Uruguai, em Portugal e aqui mesmo, no Brasil. Toda a programação está disponível no site www.mostrasescdeartes.com.br/mirada.

"São todos espetáculos com diretores e grupos renomados", garantiu à Agência Brasil o gerente do Sesc de Santos, Luis Ernesto Figueiredo Neto, ao explicar que a proposta é que o festival se espalhe por toda a cidade de cerca de 430 mil habitantes. Além dos 11,5 mil lugares disponíveis para os espetáculos em locais fechados, espaços públicos ao ar livre como uma praça no jardim da praia, o Emissário Submarino e um casarão restaurado no Centro Histórico serão usados como espaço cênico.

Os ingressos para ao menos seis espetáculos já haviam se esgotado até a noite de ontem (2), quando os atores da companhia mexicana Teatro de Ciertos Habitantes subiram ao palco do Teatro do Sesc para, por meio de seu teatro-ópera, contar a história dos
castrati – jovens que, na Idade Média, eram castrados a fim de manter o timbre agudo de voz característico da infância.

A julgar por este primeiro espetáculo, nem mesmo a diferença de idiomas será um empecilho para que o público aproveite a oportunidade. Apesar de alguns problemas iniciais com a projeção, quem não domina o espanhol pode acompanhar a história com a ajuda de legendas. Já para as apresentações ao ar livre, a seleção dos espetáculos privilegiou os que proporcionam a interatividade com a plateia e de fácil compreensão.

Segundo a ensaísta e professora da Escola de Artes Dramáticas (EAD) da Universidade de São Paulo (USP) Silvana Garcia toda a iniciativa que busque aproximar os profissionais da área e o público em geral da produção artística de países vizinhos e que revele a pluralidade de gêneros e os diferentes métodos é importante.

"Este intercâmbio é fundamental. Para os profissionais, permite que se informem e aprendam técnicas e métodos de trabalho. Para o público é uma ótima oportunidade para ampliar o olhar. É importante tirarmos os olhos apenas do que é habitual e exercitar nosso olhar para o que é diferente e inédito", disse Silvana. "A produção artística e o pensamento latino-americano são hoje tão importantes quanto as referências europeias e norte-americanas que formaram nosso teatro ao longo da história".