quinta-feira, setembro 23, 2010

Festival literário reúne autores brasileiros e estrangeiros em Santos

A segunda edição do Tarrafa Literária – Festival Internacional de Literatura começa hoje (22) e vai até o próximo domingo (26) na cidade de Santos, no litoral de São Paulo. O evento é uma boa oportunidade de conhecer e ouvir importantes autores brasileiros e estrangeiros da atualidade.

Os escritores Luis Fernando Veríssimo, Zuenir Ventura, João Paulo Cuenca, Joca Reiners Terron e os desenhistas Angeli e Allan Sieber são alguns dos 18 autores que participarão das nove mesas de debates programadas. Também confirmaram presença Maria Valéria Rezende, Cintia Moscovich, Celso de Campos Júnior, Guilherme Fiúza, Nina Horta, Roberto Muylaert, José Miguel Wisnik e os músicos João Barone, baterista do grupo Paralamas do Sucesso, e Zeca Baleiro, que estará lançando seu primeiro livro, intitulado Bala na Agulha.

O festival literário contará ainda com a palestra do camaronês Célestin Monga, considerado um dos mais importantes pensadores africanos da atualidade. Ele irá dividir uma das mesas de debate com José Miguel Wisnik, com quem vai conversar, no domingo, sobre as relações entre o Brasil e o continente Africano.

O fotógrafo britânico Mark Crick, que em A Sopa de Kafka conta parte da história da literatura universal por meio de 14 receitas gastronômicas, parodiando a cada uma delas o estilo de autores como Homero, Marcel Proust e o próprio Kafka, e o canadense Jeremy Mercer, autor de Um Livro por Dia, no qual conta a experiência de morar por quatro meses em uma das mais conhecidas livrarias parisienses, a Shakespeare and Company, com a contrapartida de realizar alguns serviços e ler ao menos um livro por dia, também estarão no Tarrafa Literária.

O cantor e compositor baiano Tom Zé é quem fará o show de abertura do festival, às 19h30 de hoje, no Theatro Guarany, prédio do Centro Histórico de Santos inaugurado em 1882 e reformado recentemente. No local ocorrerão também as nove mesas de debates. Toda a programação do festival está disponível no site www.tarrafaliteraria.com.br e a entrada é um livro usado que os organizadores prometem doar para instituições beneficentes.


Novos eventos literários são sinal de amadurecimento do mercado, diz editor

Cada vez menos presente nas praias santistas, a tradicional tarrafa, uma pequena rede de pesca caiçara, foi o objeto escolhido para simbolizar os objetivos do Festival Internacional de Literatura de Santos.

"Nossa proposta não é fazer um evento acadêmico, mas sim conciliar conteúdo e diversão, promovendo o lazer cultural", afirmou à Agência Brasil o editor e livreiro José Luiz Tahan, organizador do evento. "A palavra tarrafa, além de ser sonora, remete a uma prática tradicional santista e é uma boa analogia com nossa meta de buscar conquistar mais leitores. E também representa toda a rede de relacionamentos necessários para se promover um evento como este", disse Zé Luiz, como é conhecido na cidade.

Há 20 anos no mercado livreiro e hoje à frente de uma livraria e da editora Realejo, que publica obras de autores santistas, Zé Luiz entende que o surgimento de novos eventos literários por todo o país e a consolidação dos eventos já tradicionais é um sinal de amadurecimento do mercado editorial. Por isso, ele evita reclamar quando lhe perguntam sobre as dificuldades de tocar uma pequena editora ou de viver da venda de livros fora das grandes capitais.

Nem mesmo o desafio de convencer disputados autores como Luis Fernando Veríssimo, Zuenir Ventura ou João Paulo Cuenca a descerem a Serra do Mar e irem a Santos, a 80 quilômetros da capital paulista, arranca queixas do editor.

"Não gosto de dizer que seja mais difícil realizar um evento como este numa cidade de médio ou de pequeno porte. Há, sim, particularidades, mas, no nosso caso, acho Santos uma cidade como poucas já que ela fica próxima a São Paulo, tem toda um história cultural e a praia permite um clima de despojamento que nos favorece, já que a proposta é fazer uma grande festa sem solenidade e pompa", disse Zé Luiz.

Com 18 autores distribuídos por nove mesas de debate e uma programação paralela planejada especialmente para as crianças e adolescentes, o evento contou com apoio da Lei de Incentivo Fiscal, do Ministério da Cultura, que autorizou a arrecadação de R$ 796 mil com a iniciativa privada. O organizador, contudo, dissse que o custo final ficou abaixo disso.

"Pela relevância da programação e pela proximidade de Santos com a capital, nossa intenção é de que a Tarrafa passe a fazer parte do circuito de eventos literários nacionais, ao lado da Flip [Festa Literária Internacional de Paraty (RJ)] e da Feira do Livro de Porto Alegre", afirmou Zé Luiz.

Nenhum comentário: