Não. Não é Puerto Madero. É, a meu ver, melhor, embora menor. Primeiro porque tem a Amazônia brasileira como cenário. Segundo, porque o atendimento é feito pelos simpáticos paraenses (do que você pode inferir o que quiser, mas não sou eu quem estou afirmando).
É a Estação Das Docas, ponto turístico da capital paraense, Belém, surgido da restauração de um trecho de 500 metros do antigo porto. Restaurantes onde a gastronomia local, sorveterias cuja principal matéria-prima são as frutas regionais, cafeterias, uma livraria e música ao vivo compõem a receita certa para atrair não só quem é de fora, mas os próprios moradores de Belém, que acolheram o empreendimento como "um convite à contemplação da bela Baía do Guajará".
O toque de originalidade fica por conta do aproveitamento da velha estrutura de trilhos onde, hoje, funciona a plataforma em que os músicos de um dos três armazéns se apresentam. A coisa funciona assim: a estrutura fica suspensa e se desloca sobre os trilhos existentes acima das mesas da área interna do armazém. Assim, independente de onde o cliente estiver sentado, a banda passará acima de sua mesa, permitindo-lhe vê-los tocar.
É um lugar agradável e interessante, embora não seja barato (na média, R$ 40 o buffet ou um prato individual. Há um único quilão, cujo nome eu não me recordo agora, onde dá para, comparativamente, economizar. E o melhor: aceita Ticket Restaurant).
Agora, ao contrário da versão portenha, a Estação Docas é resultado de uma ação de revitalização que, infelizmente, ainda não conseguiu transcender as grades que a separam do restante do bairro. Para se ter uma idéia, embora apenas duas quadras separem o Hotel Ver-O-Peso, onde estou hospedado, do local frequentado por turistas e bem-aventurados locais, eu quando voltava um pouco mais tarde apertava o passo, vigilante e receoso.
Agora, ao contrário da versão portenha, a Estação Docas é resultado de uma ação de revitalização que, infelizmente, ainda não conseguiu transcender as grades que a separam do restante do bairro. Para se ter uma idéia, embora apenas duas quadras separem o Hotel Ver-O-Peso, onde estou hospedado, do local frequentado por turistas e bem-aventurados locais, eu quando voltava um pouco mais tarde apertava o passo, vigilante e receoso.
Este é o ponto negativo da capital paraense. Alguns de seus principais atrativos turísticos, como o Mercado Ver-O-Peso (ao lado da Estação das Docas), o prédio do Mercado Municipal, as praças do Relógio e D. Pedro II, o Forte do Presépio, a Catedral da Sé e outros localizados nos bairros Comércio e Cidade Velha estão em meio à áreas praticamente abandonadas que afugentam alguns turistas. Duvido que muitos fizessem o que eu fiz e decidissem caminhar por ali de dia, que dirá a noite, horário em que, em alguns pontos, é preciso caminhar pela rua ou saltar por cima dos corpos adormecidos embriagados nas calçadas. (Para quem é de Santos, São Paulo ou Rio de Janeiro, basta pensar nas áreas centrais da cidade. Só que, aqui, é onde está a parte mais saborosa da lucrativa galinha dos ovos de ouro que é o turismo, de forma que não dá para entender tal estado de abandono).
A iniciativa não deveria precisar de comparações com Puerto Madero, mas, infelizmente, nosso deslumbramento com o senso comum e falta de curiosidade nos faz comprar a falsa ideia de que tomar um vinho no porto argentino é chique, ao passo que almoçar um filhote no tucupi é um exótico programa de índio. Mesmo que, em ambos os locais, eu tenha encontrado moradores de rua revirando sacos de lixo. E que, no Pará, além da música ambiente ter um alegre sotaque caribenho, a sobremesa sejam os inigualáveis sorvetes de frutas amazônicas, como o cupuaçu.
A iniciativa não deveria precisar de comparações com Puerto Madero, mas, infelizmente, nosso deslumbramento com o senso comum e falta de curiosidade nos faz comprar a falsa ideia de que tomar um vinho no porto argentino é chique, ao passo que almoçar um filhote no tucupi é um exótico programa de índio. Mesmo que, em ambos os locais, eu tenha encontrado moradores de rua revirando sacos de lixo. E que, no Pará, além da música ambiente ter um alegre sotaque caribenho, a sobremesa sejam os inigualáveis sorvetes de frutas amazônicas, como o cupuaçu.
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