segunda-feira, junho 17, 2013

Vão das Almas, da Copa e da publicidade


Clique aqui, assista o vídeo e me diga...dá? não dá, né?




(Espaço reservado à reflexão. Proibido colar cartazes)



Assistiu? Não. Então vá lá. É rapidinho.



(Mais espaço destinado à digestão. Não tome banho de barriga cheia)


Assistiu? Ah, que bom. Então, agora me diga:


Será que os calungas que vivem ali, "tão perto" de Brasília, isolados "da realidade" dos grandes eventos esportivos sabem que é a presidenta da República? O presidente do Incra? O governador de Goiás? O ministro de Minas e Energia? Será que os calungas esperam pela chegada da energia elétrica para terem uma geladeira ou eles de fato anseiam pela luz elétrica apenas para, assim, poderem participar, à distância, da "festa" que é torcer por uma das seleções da Nike? Será que os calungas sabem o que é um cardiologista? Será que eles sabem o que é uma educação de qualidade? O que estariam fazendo eles, que integram o grupo de "malandros que não querem saber de trabalhar e que querem terras de graça"... o que estariam fazendo eles as 16 horas desse sábado, enquanto o "país todo" parava para torcer e eu assistia à reprise de Todo Mundo Odeia o Cris, na emissora concorrente?

Não sou amargo como alguns textos deste blog podem indicar (prova que prefiro assistir à reprise de Todo Mundo Odeia o Cris). É que há certas coisas tão, mas tão indigestas, que basta um mínimo de senso crítico para se dar conta de que há algo errado com uma sociedade que, dita da Informação, usa os veículos de comunicação de massa como mero alto-falantes para anunciar mercadorias. 

Pior é imaginar que, no caso do vídeo em questão, o repórter pode ter agido com a maior das boas-intenções. Talvez ele mesmo tenha proposto a pauta e deixado de assistir ao jogo para comer poeira na estrada, convicto de que esta seria a única forma e ocasião de convencer seus chefes a ceder alguns minutos para mostrar aos telespectadores que há um "grupo de ferrados" que vivem alijados do sucesso da economia brasileira; da superação da extrema pobreza; da situação de quase pleno emprego e, pior, do grandiosíssimo futuro nacional que seria proporcionado primeiro pela "revolução do biodiesel", depois pela descoberta do pré-Sal e, agora, pela era dos "grandes eventos esportivos". Gente que só costuma aparecer na tela quando alaga, desbarranca, incendeia ou explode de indignação.

Triste o país tropical de dimensões continentais e mais de 8 mil quilômetros de praias que acredita precisar da Fifa para atrair turistas. Ou para ter direito a um "legado". Triste mídia que ao olhar para uma comunidade que não tem luz elétrica, posto de saúde, documentos, dignidade, se espanta pelos moradores desse lugar não conhecerem a "camisa do seu país". Definitivamente, "não me representa". 

Nenhum comentário: